sábado, setembro 10, 2016

QUINTANA, MARX, ANDRAS ANGYAL, FRESCOBALDI & JODY POU, MÁRIO CRAVO, ARNA BAARTZ & ZANINI


DA VIDA, MEIO A MEIO – Imagem: Composição com figura (1965), do pintor e decorador Mario Zanini. - Tudo se perdeu de vez, quase nada sobra do arrastado no pêndulo travesso do destino. Se vão pra lá ou pra cá, seguem pro que não sei, nem preciso saber. Nunca pensei nem almejei ser salvo, não importa, ninguém escapa impune: cada qual, cada qual. O que fui, não sou mais; o que sou, não serei amanhã: renasço a cada instante. Pra onde vou se errei de tudo, pouco importa, valho-me da vida e os dias nas ondas de caudaloso rio - o ontem com cara de sempre: a condenação da mesmice; o amanhã com cara de nunca: a promessa descumprida. Uns se matam por não alcançarem a glória dos seus desejos; outros pisam para se glorificar com seus prazeres. Muitos mendigam a felicidade da atenção alheia, tantos abastados não querem saber da dor de ninguém, como aquele que vai ao vaso sanitário como se fosse pra posse de um trono e lá, pacientemente, erige sua obra de arte, excretando sua obra-prima. Pra mim o que vale é a deslumbrante descoberta do nada - é onde tudo está escondido. Na verdade, não sei de nada, vejo tudo com os olhos fechados e sigo como uma toalha de linho sob o Sol do verão atlântico. Nada demais se prego o olho ou não, insone do passado – dele me livro a cada nova surpresa. Sempre meio a meio, tanto faz se meia noite ou meio dia: na minha madrugada a esperança do dia. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui

 Curtindo o álbum Se l'aura Spira – Baroque Song Recital ao vivo, Villa Medici, Roma (CC BY-NC, 2004), do compositor italiano Girolamo Frescobaldi (1583-1643), na performance da premiada cantora, autora e pintora estadunidense Jody Pou & o músico Andrea Damiani.

PESQUISA
[....] Falam-nos de nossos deveres para com a sociedade, sem que, no entanto, nossos direitos em relação a essa sociedade sejam esclarecidos e efetivados, e termina-se por exaltar a façanha mil vezes maior de dominar a dor ao invés de sucumbir a ela, uma façanha tão lúgubre quanto a perspectiva que ela inaugura. Em poucas palavras, faz-se do suicídio um ato de covardia, um crime contra as leis, a sociedade e a honra. [...] Entre as causas do desespero que levam as pessoas muito nervosas-irritáveis a buscar a morte, seres passionais e melancólicos, descobri os maus-tratos como o fator dominante, as injustiças, os castigos secretos, que pais e superiores impiedosos infligem às pessoas que se encontram sob sua dependência. [...].
Trecho da obra Sobre o suicídio (Boitempo, 2006), do economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista alemão Karl Marx (1818-1773). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

LEITURA

Tão bom viver dia a dia... / A vida assim, jamais cansa... / Viver tão só de momentos / Como estas nuvens no céu... / E só ganhar, toda a vida, / Inexperiência... esperança... / E a rosa louca dos ventos / Presa à copa do chapéu. / Nunca dês um nome a um rio: / Sempre é outro rio a passar. / Nada jamais continua, / Tudo vai recomeçar! / E sem nenhuma lembrança / Das outras vezes perdidas, / Atiro a rosa do sonho / Nas tuas mãos distraídas...
Canção do dia de sempre, extraído do livro Poesias (Globo, 1989), do poeta, tradutor e jornalista Mário Quintana (1906-1994). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA
[...] o ser humano parece lutar basicamente para afirmar e expandir sua autodeterminação. É um ser autônomo, uma entidade que cresce por si mesma e que se faz valer de modo ativo, ao invés de reagir passivamente como um corpo físico aos impactos do mundo que o rodeia. Essa tendência fundamental expressa-se na luta da pessoa para consolidar e desenvolver seu autogoverno, em outras palavras, para exercer sua liberdade e organizar os itens relevantes de seu mundo a partir do centro de governo autônomo que é o seu self. [...] Vista sob outra perspectiva, a vida humana revela um padrão básico bastante diferente do acima descrito. Sob este ponto de vista, a pessoa parece buscar um lugar para si numa unidade maior, da qual ela se esforça por tornar-se parte. Na primeira tendência nós a vemos lutando pela centralização em seu mundo, tentando moldar e organizar os objetos e eventos de seu mundo, trazê-los para sua própria jurisdição e controle. Na segunda tendência, pelo contrário, a pessoa parece entregar-se voluntariamente à busca de um lar para si e tornar-se uma parte orgânica de algo que concebe como maior do que ela. A unidade supra-individual da q1ual a pessoa se sente parte, ou deseja tornar-se parte, será formulada de diferentes formas, de acordo com sua formação cultural e com sua compreensão pessoal. [...].
Trecho extraído da obra A estrutura do todo (The Structure of Wholes - Filosofia da Ciência, 1939), do psiquiatra húngaro Andras Angyal (1902-1960), que desenvolveu um modelo holístico para a teoria da personalidade: o modelo da biosfera da personalidade. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
A arte do fotógrafo e escultor Mário Cravo Neto.

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E mais:
Fecamepa: quando o estreitamento do compadrio está acima da lei, aí, meu, as panelinhas mandam ver e só os privilegiados se banqueteiam aqui.
Fecamepa: quando um país vive só de nhenhenhém, não dá outra: o pencó engancha na cornice e nada vai pra frente aqui.
Graciliano Ramos, Gonçalves Dias, Martins Pena, Marianne Rosenberg, Rhonda Byrne, Lucia Santaella, Im Kwon-taek, Domingos Sequeira, Lee Hyo-Jeong & Randy Bordner aqui.

DESTAQUE
A arte da poeta, pintora e artista plástica australiana Arna Baartz.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Figura feminina do artista plástico Mario Zanini.
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
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