terça-feira, setembro 27, 2016

BAKHTIN, NIETZSCHE, DJAVAN, ASTI VERA, GAL OPPIDO, EVANGELISTA SOUZA, ELCIANA GOEDERT, ESCRITIBAS NA RUA & LUCIAH


INEDITORIAL: PARA QUEM VAI & PARA QUEM VEM - Salve, salve, gentamiga! Chego com minha voz: minha voz é a coragem de amar no ultraje dos desencontros! E eu sou navio com rota esquecida e naufrágios muitos. Quando minha voz é torrente de dor no exagero sombrio de uma canção, não é nada, é tempestade que passou e deixou danos no peito. Quando minha voz é a coragem de amar, não é a sombra de um vendaval, é a sujeição de um eterno pavio que acesso nunca apagará. Salve, salve todos os cantores e cantoras, paratodos minha reverência. Todo dia é dia de cantar com vocês. Como vocês no palco eu também me entrego: enquanto vocês se emocionam entregando sua voz para lavar a alma da gente, faço a minha parte: sou doador de órgão. E quando todos puderem viver por mim, joguem minhas cinzas na corrente do meu rio, amém e amem. E como todo dia é dia de novidades, vamos pras que eu trago na edição de hoje: a arte de João Evangelista Souza, Um poema em cada árvore dos Escritibas na Rua, a música de Djavan, a filosofia da linguagem de Mikhail Bakhtin, a poesia de Elciana Goedert, a fenomenologia e o fenômeno, a fotografia de Gal Oppido & a Gaia Ciência de Nietzsche. No mais, vamos aprumar a conversa & Tataritaritatá. Veja mais aqui.

Veja mais sobre Educação & Êxtase, Drima dos Contos de Magreb, Gal Costa, Dorothea Sharp, Psicodrama, Marcelo Masagão, Eduardo Proffa & Literatura Infantil aqui.

E mais:
Gandhi, Don DeLillo, Jacques Rivette, Padre Antonio Soler & Marcela Roggeri, Shelagh Stephenson, Jeanne Balibar, Andrea Beltrão, Émile Chambon, Probidade Administrativa, Organizações Mecânicas versus Orgânicas & Gena Maria aqui.
Paixão, Agostino Carracci, Ricardo Paula & as previsões do Doro aqui.
Fecamepa, Helen Keller, Pierre Mérot, Xico Sá, Sarah Vaughan, Lírio Ferreira, Margherita Fascione, Giulia Gam, Boris Vallejo, Teoria da Decisão & Urinoterapia aqui.
O amor, Agostino Carracci & as previsões do Doro aqui.

DESTAQUE:
 Realizou-se no último domingo, dia 25/09, no Passeio Público de Curitiba, o evento Um poema em cada árvore, promovido pelo grupo Escritibas Na Rua, com o objetivo de proporcionar um espaço de leitura poética para as pessoas que freqüentaram o parque, expondo o trabalho de escritores independentes pela passagem comemorativa do Dia da Árvore. Marquei presença com o meu poema Vida viva verde (Canto Verde) e a poeta Luciah Lopez com o seu poema Alguma vez você viu a chuva. Veja mais abaixo.

A PANCADA INSÓLITA SE ALASTRA NA CULATRA, VIVER! – O trânsito congestionado por passos, braços e motores apressados, afobados. As filas como rol dos impacientes. Ocupados com a sobrecarga do estresse e de todos os temores que emergem de qualquer exaltação: frenagem brusca, urros de máquinas ou gritos rasgando a barulheira dos ambientes climatizados, baque de corpo no chão, correria no calor do suor. Tudo e todos no automático, não há tempo para raciocinar direito, muito menos para um sorriso. Tudo é muito sério como o asfalto de todas as direções, como o concreto dos edifícios, como os postes de iluminação, como a passarela de pedestres elevada sobre as vias públicas, como os altos muros vigiados para não serem assaltados por pichadores, como as instituições públicas indiferentes aos problemas públicos, como as autoridades que não enxergam nada além dos seus gabinetes e finais de semana de lazer, como os gestores trancados na ineficiência dos seus escritórios e alheios a tudo que não seja recondução ao cargo, como os que vivem pro umbigo e deles fazem o que vale como verdade da vida. Assim sou eu entre eles e vislumbro o sopro da alma entre os desalmados. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

VOCÊ É
Sou um pouco árabe
Vivo das paixões há gerações por Andaluzia
Já cansei de andar
Trago no meu canto glórias ancestrais
E posso morrer de amor, gitano eu sou
O que eu tenho de índio vai compartilhar desilusões
Triste, na floresta em que nasceu pra amar
Meu Deus, que pecado o que o homem faz
Ao desfazer de tudo o que o índio é
Eu sou negro ainda, pra não contar com milagres
E na ousadia almejar a mais
Sei que a vida é dura mas ela é justa também
E é só: só quem faz, tem!
Já que nasceu, vai fundo e tudo bem
Você nasceu pra tudo o que é seu
Nem queira saber o quanto você tem
Você é, você quer, você pode e se não se render chega lá!
Você é, música do álbum Bicho Solto (1998), de Djavan. Veja mais aqui, aqui e aqui.


PESQUISA: FILOSOFIA DA LINGUAGEM - [...] Na lingüística propriamente dita, após a era positivista, marcada pela recusa de qualquer teorização dos problemas científicos, a que se adiciona uma hostilidade, por parte dos positivistas retardatários, em relação aos problemas de visão do mundo, assiste-se a uma nítida tomada de consciência dos fundamentos filosóficos dessa ciência e de suas relações com os outros domínios do conhecimento. E isso serviu para denunciar a crise que a lingüística atravessa, na sua incapacidade de resolver seus problemas de modo satisfatório. [...] Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social) como todo corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário destes, ele também reflete e refrata uma outra real idade, que lhe é exterior. Tudo que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia. Um corpo físico vale por si próprio: não significa nada e coincide inteiramente com sua própria natureza. Neste caso, não se trata de ideologia. No entanto, todo corpo físico pode ser percebido como símbolo: é o caso, por exemplo, da simbolização do princípio de inércia e de necessidade na natureza (determinismo) por um determinado objeto único. E toda imagem artístico-simbólica ocasionada por um objeto físico particular já é um produto ideológico. Converte-se, assim, em signo o objeto físico, o qual, sem deixar de fazer parte da realidade material, passa a refletir e a refratar, numa certa medida, uma outra realidade. O mesmo se dá com um instrumento de produção. Em si mesmo, um instrumento não possui um sentido preciso, mas apenas uma função: desempenhar este ou aquele papel na produção. E ele desempenha essa função sem refletir ou representar alguma outra coisa. [...]. Trecho extraído da obra Marxismo e filosofia da linguagem (Hucitec, 1986), do filósofo e pensador russo teórico da cultura e das artes Mikhail Bakhtin (1895-1975), tratando sobre a linguagem em três grandes blocos aos quais ele chama de orientações: o subjetivismo individualista, o objetivismo abstrato e a concepção de linguagem como interação verbal. Veja mais aqui.

UMA LEITURA: DEVORADORA

E o Lobo, que não é bobo / Deixou-se levar / E das mãos da Chapeuzinho / Aceitou a taça de vinho / E ela, dele foi se fartar... / E logo, ambos em desalinho / Exaustos deste jogo / Puseram-se a sonhar. / Dizem que nessa história / O lobo não teve escapatória: / Ele é quem foi o "manjar".
Devoradora, poema da poeta e professora Elciana Goedert.

PENSAMENTO DO DIA: FENOMENOLOGIA & FENÔMENO - [...] Fenomenologia significa literalmente estudo dos fenômenos. [...] Fenômeno é o que aparece à consciência, o que é3 dado; não se opõe à “realidade” como uma “ficção” ou “ilusão”, nem tampouco é a expressão de uma “coisa em si” ou “número” – como queria Kant -: os fenômenos, do ponto de vista fenomenológico, nada têm a ver com o “eu” nem com a suposta “coisa”, interessam em si mesmos como o dado imediatamente à consciência. Finalmente, tampouco devem ser identificados com os fenômenos sensíveis –  tal como os interpreta a ciência natural -, porque o fenômeno é, segundo Husserl, o “que se mostra a si em si mesmo tal como é”, isto é, um elemento irredutível, originário, e não tem por que ser necessariamente algo sensível. [...] O criador da fenomenologia propõe um novo método de pensamento que não apenas se baseia no que é dado na experiência, porém, mais ainda, atém-se exclusivamente a isso. Contrariamente a uma opinião corrente ainda hoje nos meios científicos, Husserl não busca diminuir o rigor científico, mas o considera insuficiente: a filosofia, através do exercício do método fenomenológico, converte-se em uma ciência básica universal, e é a única disciplina capaz de proporcionar ao conhecimento científico uma fundamentação estrita. Por essa razão, Husserl afirma que, se um conhecimento positivo é entendido como absolutamente isento de prejuízos e baseado exclusivamente no dado, então o método fenomenológico é o único estritamente científico e positivo. Ater-se ao que é dado na experiência – como quer Husserl – não significa reduzir-se à experiência sensível. Haver incorrido justamente nessa parcialização foi o erro funesto do positivismo de Mach, que, ao reduzir o mundo a um conjunto de sensações, o destrói, porque, de fato, a realidade é aniquilada ao converter a própria consciência em puro feixe de sensações. [...]. Trecho extraído do livro Metodologia da pesquisa científica (Globo, 1983), do professor Armando Asti Vera. Veja mais aqui, aqui e aqui.

UMA IMAGEM:

A arte do fotógrafo, arquiteto, música e desenhista Gal Oppido.

AGENDA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE FENOMENOLOGIA – Acontecerá no dia 14/10, no horário das 17 às 19hs, no auditório Íris II, do Centro Universitário Cesmac, a palestra Conceitos Fundamentais de Fenomenologia, a ser ministrada pelo professor Ms Álvaro Queiroz, promoção do Grupo de Pesquisa Neurofilofia & Neurociência Cognitiva. Veja mais aqui e aqui.

A GAIA CIÊNCIA
[...] Origem do conhecimento – O intelecto, através de descomunais lances de tempo, não engendrou nada além de erros; alguns deles resultaram úteis e conservadores da espécie; quem topou com eles ou os recebeu como legado combatia seu combate por si mesmo e por sua prole com felicidade. Tais errôneos artigos de crença, que eram sempre legados mais adiante e afinal se tornaram quase o espolio e o fundo comum da humanidade, são, por exemplo, estes: que há coisas que duram, que há coisas iguais, que há coisas, matéria, corpo, que uma coisa é como aparece, que nosso querer é livre, que o que é bom para mim também é bom em e para si. Só muito tarde vieram os que negavam e punham e dúvida tais proposições – só muito tarde veio a verdade, como a forma menos forte do conhecimento [...].
Trechos extraídos do Livro III, da obra A gaia ciência (Companhia das Letras, 2012), do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900). Veja mais aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
 A arte do artista plástico, documentarista e fotógrafo João Evangelista Souza.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra com a arte do artista plástico, documentarista e fotógrafo João Evangelista Souza.
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.