terça-feira, agosto 16, 2016

TABUCCHI, MICHEL SERRES, VIANNA MOOG, MUNDO LIVRE S/A, AJA-ANN TRIER, HAUSMANN & GUARNACCIA


E LÁ VOU EU NOUTRAS VOLTAS - Saber de mesmo, a gente nunca sabe. Tudo pode acontecer a qualquer momento. O que não pode é ficar sentado esperando cair do céu uma benesse que seja – um bilhete premiado, ou um negócio da China, por exemplo – ou, até mesmo, a morte chegar. Vai saber. Afinal, na vera, a gente nasce pra morrer. O resto é festa. De fato, a gente tem que justificar essa passagem: descobrir a missão e mandar ver. A vida não é brinquedo. A gente não está aqui pra passar umas férias ou coisa que valha: viver é coisa séria. Tem que fazer alguma coisa. Tem que correr atrás da sobrevivência. Acertar ou não, isso é outra conversa. Já diz o ditado: cobra que não anda, não engole sapo. E morre de fome, ora. Então é seguir em frente, driblar as broncas, escapar dos malefícios e chegar inteiro pra descansar e recomeçar tudo de novo no outro dia. É certo que tem gente que tem o ganhador aberto, salve! Vai ser sortudo assim lá em casa, deixando um tiquinho que seja sem cobrar juros ou correção monetária. De mão beijada assim, até injeção na testa, né não? Quem não é achegado a um 0800, frete FOB ou de grátis? Não é todo dia que chove na horta. Aí falam de sorte e isso eu não sei nada. Sorte pra mim é ter escapulido no meio de uma tuia de espermatozoide e chegar primeiro no óvulo: eu nasci. Viva! Por esse ângulo, viver já é levantar o troféu no primeiro lugar do pódium. O resto, a gente traça. Errando e aprendendo. Topada aqui, uma queda ali, um escorregão, uma relada, aí a gente faz que não houve nada: sacode a poeira e dá volta por cima. Uma hora a gente acerta na veia de novo. E se não deu nessa, vamos pra outra. Escada de um só degrau não leva a lugar nenhum. E prêmio sem camisa suada quase não vale nada: qual a história pra contar e cadê o gostinho da façanha? Eu mesmo acho pra lá de arretado quando conto das minhas e morro de rir com as besteiradas. É gostoso poder rir de si mesmo. E disso sou hoje o maior mangador. Quando lembro que futucava pelo lado errado, nossa!?! Nada mais hilário que ver eu mesmo coçando o quengo sem saber o que fazer. Quando descobria o certo, os gritos de eureka eram poucos. Virava menino de novo e lá ia remexer noutra coisa outra vez. Penava, pelejava de arrancar os cabelos e de quase perder a paciência. Contudo, persistia, perseverava, insistia, até que o intransponível e o inalcançável eram superados. Na verdade eu superava a mim mesmo. Palmas e salves pra mim: fazendo do pelejado causos pros outros rirem. E lá vou eu noutras voltas, cheio de nó pelas costas, pro que der e vier, por bem ou por malmequer, pelas raias dos ventos. E haja o que houver, até que a vida se esvaia na navalha do tempo. E vamos aprumar a convers & tataritaritatá! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

Não existe guerra alguma, apesar de todo esse barulho infernal, é só capital cruzando o mar, hoje ele voa mais rápido que qualquer míssil e quando retorna da missão, tudo o que deixa é terra arrasada, pois seu poder de destruição é muito mais fulminante do que duradouro.
Curtindo a música Caiu a ficha e todo álbum O outro mundo de Manuela Rosário (Candeeiro Records, 2004), da banda Mundo Livre S/A.

PESQUISA:
 Se como um pecado original, a violência, companheira da imitação na origem da aprendizagem, continua como uma das últimas e melhores realizações do saber, nós, filhos de Hiroshima, de Seveso e das tentativas de eugenia não podemos nos surpreender. A violência do conhecimento decorre menos de suas relações com o poder, como se acreditava, do que do próprio nascimento do saber.
Trecho extraído da obra Variações sobre o corpo (Bertrand Brasil, 2004), do filósofo francês Michel Serres.

LEITURA
[...] É por isso, como diria o meu amigo, que escolheram o silêncio as pessoas que na vida de um modo ou de outro escolheram o silêncio porque intuíram que falar, e sobretudo escrever, é sempre um modo de chegar a um acordo com a falta de sentido da vida. [...].
Trecho extraído da obra Está ficando tarde demais (Rocco, 2004), do escritor Antonio Tabucchi.

PENSAMENTO DO DIA:
[...] Um anúncio falso numa entrevista apressada, dada às vésperas do meu primeiro embarque para os Estados Unidos, comprometeu-me irremediavelmente a viagem. Tanto a havia desejado, tanto a havia prelibado, tantos planos tinha feito para aproveitá-la ao máximo, e na hora de gozá-la em sua plenitude, uma estupidez, uma leviandade, acaba transformando a árvore de dourados pomos com que eu sonhara em laranjeira carregada de beira de estrada: as laranjas estavam a azedas ou a árvore coberta de marimbondos. [...].
Trecho extraído do romance Uma jangada para Ulisses (Delta, 1966), do escritor, jornalista e advogado Vianna Moog (1906-1988), ressaltando aquele ditado popular imortalizado no samba do cantor e compositor Ataulfo Alves (1909-1969): Laranja madura na beira de estrada, tá bichada, Zé, ou tem marimbondo no pé.

IMAGEM DO DIA: 
A arte do escritor, artista plástico e fotógrafo austríaco Raoul Hausmann (1886-1971).

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DESTAQUE
A arte do artista visual e historiador italiano Matthew Guarnaccia.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
 A arte da pintora Aja-ann Trier.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.