EITA! VOU POR ALI NO QUE VEM E QUE VAI! - Ô de
casa, ô de fora, quem sabe faz a hora, nunca é tarde pra fazer. Pra não dizer
que não falei da vida, as coisas vão tão depressa que não dá tempo nem de
pensar, muito menos avaliar se se vive a experiência de viver, ou se vai no
automático, levado pelo embalo da onda que a gente nem sabe onde vai rebentar.
A rigor, não há nada a se dizer no meio da instantaneidade labiríntica e voraz,
porque veio e passou, se viu e não enxergou, entendeu e não compreendeu. Há mil
razões para ficar atento, tudo pode acontecer, inclusive nada. Tudo confunde e
basta olhar por uma janela e ver a lua todo dia lá no alto, independente que se
mude de opinião ou faça outra coisa, ela está sempre lá todas as noites,
seguindo suas fases, não importando se cheia, ou nova, crescente ou minguante.
Hoje se pega a semente e se quer que ela, de preferência, dê pra fruto hoje
mesmo, nada de esperar o tempo dela virar raiz, caule, folhas e flores. Não há
tempo pra esperar, o tempo não para. E o universo todo cabe dentro de um
simples grão de areia. O que importa mesmo é que não há um só lado, nem só
direita ou esquerda, frente ou atrás, nem só outro lado, muitos e múltiplos
lados. E em cada lado uma surpresa, o imprevisível, tanto uma afortunada
situação, como embaraços, trecos, algo iminente, insetos, explosões, escombros,
monturos, felicidades, prédios que desabam, assaltos, assassinatos, a fome, a
guerra, os invisíveis – pedintes, feiosos, doentes, apenados, antipáticos -,
incêndio nas plantações, demissões, desvarios, alegrias. Tudo pode ser feito,
inclusive não fazer nada, como de costume, viver como se nada tivesse
acontecido, anestesiado, absorto, enquanto se conta carneirinho pro tempo
passar e poder dormir. Quando o dia amanhece nem dar conta dos zumbidos, e sem óculos
não precisar de nada, sem ter que pôr luvas nas mãos ou máscara na cara pra não
ser contagiado nem acometido por enfermidades que voam no ar e nem se dá conta
do risco de se contaminar com as nossas próprias ganâncias e despropósitos. Lá fora
a chuva cai empoçando as ruas, encharcando os sapatos e os pés firmes no chão sem
saber se está ou não perdido, eu mesmo não sei, quem sabe, há tantas maneiras e
formas e modos quanto pessoas com fisionomias, cacoetes, sotaques, idéias e
ideais. Quantas maravilhas pra nossa admiração nesse tempo de tantas
tecnologias que nem dá pra dar conta dos horrores do cotidiano, tudo quase nem
percebido pra indignar, o que nunca devia ter acontecido e aconteceu. Talvez
fosse melhor repensar antes de agir, ou mesmo agir sem ter que avaliar o que
foi feito, senão a gente se culpa, sente remorsos, mas nem se sabe ao menos se
quando foi feito havia outra alternativa, ou se os caminhos se estreitaram ou estavam
camuflados, ou se era uma única saída, ou foi impensado por mero açodamento ou
intuição. O que sabe de mesmo é que se tem que escolher e ter de tomar medidas
enérgicas sem que se mensure a urgência ou capricho, ter de decidir. Tomar a
decisão no fio da navalha afiada ou na tranqüilidade da benevolência. Síncopes da
vida e a minha pelos acordes em diminuta, sobrando nas curvas escorregadias, no
rufar dos tambores dos ponteiros do relógio, a arritmia dos passos pelas vias esburacadas
e, vez em quando, um freio de arrumação pra ajeitar o inorganizável no meio de
todos os alarmes que ensinam o jeito de encarar os becos sem saída. Por
enquanto, prefiro viver, experienciar, nem sei se é certo, nem dá pra saber
mesmo o que é fazer a coisa certa, pois, com o tempo, tudo muda de lugar e já é
outra coisa que muitas vezes nem se sabe ao certo o que é, mas que está na
frente para ser apreendido e, se possível, sair com uma nova idéia de tudo e de
todos. Ora, o que importa mesmo é viver e deixar viver, assim se aprende. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Imagem: a arte do pintor,
fotógrafo e escultor húngaro Laszlo Moholy-Nagy (1895-1946).
Curtindo os álbuns Modelagens (Grupo de Estudos em Música Semiótica e
Interatividade, Annablume e Soft Brasil, 2003) e Sensible (Clássicos), com obras para
piano com sons eletroacústicos, do compositor e doutor em Comunicação e
Semiótica pela PUC-SP, Edson Zampronha.
PESQUISA:
[...] Em
suma, o absurdo, legal e doutrinário, de um Estado desfalcado de um dos
elementos essenciais – governo, mesmo de fato, - acefalia que podia atirar a
Nação ao caos. Enfrentando, no rigor dos termos, desafiadora sangria desatada,
as lideranças do momento puseram em prática o velho e sempre eficiente jeitinho
brasileiro, superando a crise sem quebra das normas jurídicas essenciais; reunidos
em espécie de convenção nacional, os congressistas que se encontravam no Rio –
26 deputados e 36 senadores – elegeram, às pressas, a regência provisória
[...].
Trecho extraído da obra Os tempos da Praieira (Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1981),
do advogado, jornalista, historiador e político brasileiro Costa Porto (1909-1984), descrevendo o período
histórico compreendido pelo movimento de caráter social pernambucano denominado
de Revolução Praieira (1848-1849), que apregoava o voto livre universal, a
liberdade de comunicação e pensamento, trabalho como garantia de vida e
independência dos poderes constituídos, entre outros. Veja mais aqui.
LEITURA
Um ano, ele fixou-se numa arvore / até que, através da luz do sol, pura
como nunca / depois, ele viu a estação, começo da primavera, trabalho / sobre
esses troncos, sua magia permanente, que o olho retem: fundo, no cérebro, / o
arbusto grava sua folha neste contexto, / entre monumentos, contínuo com tais
formas geladas, / tal como tornou-se essa vinha treinada, / raiz, rocha, e toda
as coisas perecíveis.
Trecho
II do poema O efêmero, recolhido da
obra Poemas: 1962-2012, da poeta estadunidense Louise Glück. Veja mais aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
[...] toda conversa é a continuação de outra mais
antiga, [...] sobre uma existência
como a minha não cabe fazer previsões: nunca sei o que pode acontecer-me na
próxima meia hora, não sou capaz nem mesmo de imaginar uma vida feita de
alternativas limitadas, bem circunscritas, a respeito das quais seja possível
fazer apostas, ou isto ou aquilo. [...]
Trechos da
obra , (Planeta De Agostini, 2003), do
escritor italiano Ítalo Calvino (1923-1985). Veja mais aqui, aqui e
aqui.
IMAGEM DO DIA: NEUROFILOSOFIA & NEUROCIÊNCIA
COGNITIVA
Realizou-se nesta segunda, dia 19/07,
mais uma reunião administrativa do Grupo de Pesquisa de Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva, comandada pela professora Janne Eyre Sarmento, com a presença do
psicólogo Weverky Farias e a
professora Alyshia
Karla Gomes da Silva Santos, definindo as atividades do grupo para o
segundo semestre de 2016. Veja mais aqui.
Veja mais sobre Jean-Paul Sartre, Luis Buñuel,
Carlos Santana, Zenão de Eleia,
Francesco Petrarca, Max Liebermann, Silvia Pinal, Denise Barros, Georgy Kurasov & Ismael
Oliveira aqui.
DESTAQUE
Todo dia é dia da locutora Betina Muller.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Art on Art, do artista visual
australiano Anke Catesby.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
World Peace, by Mike Edwards.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.