domingo, junho 05, 2016

BATAILLE, LORCA, LAURIE ANDERSON, RAIMUNDO CARRERO, MARTA NAEL, CECILY BROWN, OLORUNNISOMO, MS & PAULA VALÉRIA DE ANDRADE


DOMINGO DO QUE FUI E NÃO SOU - (Imagem: Sunday, by Benedict Olorunnisomo) - Um dia como outro qualquer e um sonho na palma da mão. Tudo é espelho no vazio da novidade. As nuvens descansam na sombra e as águas mansas do espelho do céu na vigência da primavera trazem a brisa abissal dos ventos de maio. O verso é apenas o trâmite dos dias na agonia das horas. Sou duas ou três coisas ínfimas na vitrine de tudo. De resto, o que foi feito será a semana do amanhã de nunca, pois valho-me por fazer aquilo que não se vê. Dou-me do que tenho pra não ser só das vísceras coração: os olhos nas estrelas e os pés no chão. Do que fiz das cinzas, ninguém é mais que vivo que eu na solidão: o presente com a silheura de ontem e o adeus do amanhã. Hoje é só deserto do que fizera fonte. Dos caminhos que não fui, outra estrada desaparece e o que é tudo por certo já não tem nenhuma valia. Se tivesse que erguer castelo, não haveria alicerce: a vida vai no vento e tudo se desfaz. O que era pra ser feito na beira dos limites: uma parede intransponível aplaca a trilha das pedras; há mais que sonhos destroçados nas pedras do caminho. Se trago ao peito a mão contrita é que me fiz de réu na noite desgraçada e não mais que um palitó na ombreira do desalinho nas vestes, nem do pouco que foi justo nas horas minguadas e que se fizera inútil mais do que guardado. Se eu tivesse mais que um dia e a tarde fosse mais que a conquista da vitória, não teria eu que juntar cacos e trapos do que sobrou que fui. Hoje é só domingo, é só um dia, igual a outro qualquer. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

Imagem: a arte da pintora, ilustradora e desenhista Marta Nael.


Curtindo o álbum Laurie Anderson Live in New York (Nonesuch Records, 2002), da compositora, escritora e artista experimental estadunidense Laurie Anderson.

PESQUISA
 Os segredos da ficção: um guia para escrever narrativas (Agir, 2005), do premiado escritor, crítico, editor e jornalista pernambucano Raimundo Carrero, no qual o autor revela que a literatura está ao alcance de todos que possuam o impulso da criação pelos caminhos da arte de escrever. Veja mais aqui e aqui.

LEITURA 
O erotismo (Arx, 2004), do polêmico escritor francês Georges Bataille (1897-1962), ensaio ooriginal e perturbador sobre a sexualidade, sua relação com a vida e a morte, a presença oculta na religião e filosofia e temas controversos sobre misticismo, incesto, entre outros. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA:
Diz a tarde: "Tenho sede de sombra!"
Diz a lua: "eu, sede de luzeiros."
A fonte cristalina pede lábios
e suspira o vento
Eu tenho sede de aromas e de sorrisos,
sede de cantares novos
sem luas e sem lírios,
e sem amores mortos.
Um cantar de manhã que estremeça
os remansos quietos
do porvir. E encha de esperança
suas ondas e seus lodaçais.
Um cantar luminoso e repousado
cheio de pensamentos,
virginal de tristezas e de angústias
e virginal de sonhos.
Cantar sem carne lírica que encha
de risos o silêncio
(um bando de pombas cegas
lançadas ao mistério).
Cantar que vá à alma das coisas
e à alma dos ventos
e que descanse por fim na alegria
do coração eterno.
Poema Cantos novos, da Obra poética completa (Martins Fontes/EdUnB, 1989), do escritor e dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca (1898-1936). Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA 
A premiadíssima escritoramiga, designer e diretora de arte Paula Valéria de Andrade, premiada no Salão Internacional do Livro de Turim, pelo texto de literatura infantil A Beija-flor Dodo & Gil Girassol, no Concurso Internacional Literário Amor & Amore, da Associação Cultural Internacional Mandala (A.C.I.M.A), de Turim, Itália. Veja mais aqui e aqui.

Veja mais sobre Federico García Lorca, Martha Argerich, Tereza Costa Rego, Kenny G, Meio Ambiente, Retorno da deusa, Pedro Nava & Zuzu Angel aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
 Imagem: Don't Miss (Berlin 2010), da pintora britânica Cecily Brown.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
 Xilogravura do pernambucano MS (Marcelo Alves Soares).
Recital Musical Tataritaritatá
Veja aqui.