sábado, outubro 17, 2015

BACHELARD, CHIQUINHA GONZAGA, RAMOS ROSA, FAFY, WOLFF, HAYWORTH, EDUCAÇÃO & ROBIMAGAIVE.



VAMOS APRUMAR A CONVERSA? AS INGRESIAS DE ROBIMAGAIVE NO DIA INTERNACIONAL PARA ERRADICAÇÃO DA POBREZA (Foto: O dito cujo no semáforo pra ver a banda passar) - Ser pobre é uma disgraça! -, era o Robimagaivi reclamando da sua vida de aperturas e escassez. Já fizera de tudo: bicos, gambiarras, babaovice, invenções! – Pensi numa vida de merda! Não aprendi nadica de nada na escola, a vida qui mi insinou! Maisi pago como holandês o mal que não fiz? Não sou pato, ora!Julgava-se pelo conhecido dos livros da oitava série e do que aprendera de curioso beiçudo para ser ter por mecânico, lanterneiro, eletrotécnico, pintor, motorista, desgotador, cambiteiro, caçador, pescador, maquinista, consertador de uma infinidade de faz-tudo, dele gabar-se de ser o melhor. Dez consertos, vinte e cinco problemas. Vixe! O rei do retorno e só vê enterro voltando. Apelidaram-no de recall. E ele: - Recall é a putaquipariu! E se danava gesticulando de trocar as pernas e sair falando sozinho a reclamar de tudo. Bem, juízo são é que ele nunca teve. Pior quem era dele tratado por freguês. Até o dia que descobriu que melhor era cliente, mais apropriado pro responsa que ele se achava. Granfinou-se, mas não perdeu as raízes. – Ser pobre é coisa mais fudida do mundo! Ao dizer isso, pela primeira na vida parou para pensar. – Peraí! -, ficou ele remoendo as catracas do quengo. Cruzou os braços e descansou o queixo numa das mãos, maquinando o porquê de existir a pobreza. – Como é que pode? -, não conseguia entender direito porque, para ele, pobreza era castigo de Deus, uma coisa líquida e certa: - Pobri paga o que deve a Deus! Mas pruquê Deus deu riqueza pra uns e pobreza pra muitos? Eu mermo, um lascado de tudo, enquanto os rico esbanjam feito pai-da-lua a parte do leão? Então, o que deve ter de pecador que Deus num gosta num tá no gibi! Só uns tiquinho de gente merece ser rico? -, e foi aí que resolveu botar seus neurônios para trabalhar, a partir do relato criacionista: – Se a genti vem de Adão e Eva, então, tudo era de todo mundo. E como é que foi que compraram a Terra de Deus? Quem tem a escritura assinada por Ele? Peraí, tem treta no negócio. Deus num precisa de dinheiro, não ia vender assim pra uns, deixando outros sem nada, na beira do precipício de vida. Bem que o doutô Zé Gulu diz e rediz que por trás de toda riqueza inxeste um crime. Será que engalobaram o Criador? Tem caroço no angu. E eu vou discubrir nem que tenha que renegá o padre Bidião! Daí, então, estirando as ideias o mais que podia, ele encompridou seu raciocínio e foi sacolejando nos quatro cantos do cocão entrevado o mais que podia, a espichar do intelecto para pelejar no compreender como é que a vida começou e findou nessa desgraceira que é pra ele hoje: – Num é pussive que só uns podi vivê no bem-bom, inquantu outros tanto do resto do mundo se ingrizia nas precisão. Ah, tenho de falá com o doutô Zé Gulu, só ele cum aquelas ideia di comunista dele é qui pode me expricá. Danou-se! Saiu à caça do ilustre, quando encontrou o Doro pra logo ir dizendo: - Tu, não, tu é um atraso de vida! E foi-se arretado da vida soltando os cachorros. Quando viu Zé Corninho, mudou de calçada e saiu cortando caminho pra não ter que dar com ele. Saiu driblando um e outro, catando ruas e becos pelo doutor que ia dar uma solução pra sua gastura inclemente. Cadê, que nada. Baforou com raiva: - O homi siscafedeu, deve de ter viajado. Bati tudo e nada de sinal dele. Tô capaz de ter um troço. Mas, destá. Aquela bibrioteca ambulante há de dar as caras quaiqué hora! Destá. E encostado no balcão da bodega, pediu uma meiota de cana: - Desce aí a de sempre preu quilariar as ideia! Tomou o copo de um só gole, deu uma dentada no caju de soltar a castanha no meio fio, cuspir grosso e arrotar: - Essa intrô inviesada! Manda ôtra qui hoje qui tô poço fundão! O santo hoje vai passá aperto! E vira vira vira vira virou! Até cair inconsciente depois dum tombo de três cascos da tirana, de só se acordar no outro dia como se nada tivesse acontecido. Lá está o pé-rapado gastando ideia todo pasquino no semáforo, esperando a banda passar. E vamos aprumar a conversa! Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui

Imagem: Nu, do pintor inglês Michael John Angel.


Curtindo o álbum Homenagem a Chiquinha Gonzaga (Independentes, 2014), com músicas da compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga (1847-1935), pelo conjunto de choro Subindo a Ladeira, formado por André Ribeiro (bandolim), Priscila Matos (piano) e Roberto Amaral (pandeiro). Veja mais aqui.

POÉTICA DO FOGO - No livro Fragmentos de uma poética do fogo (Brasiliense, 1990), obra póstuma do filósofo, crítico literário e epistemólogo francês Gaston Bachelard (1884-1962), fala sobre as ressonâncias das imagens faladas nas profundesas da alma e dizar a respeito do indizível e inatingível mundo da arte, numa busca tantálica que aproxima o sonhador do horizonte de seu sonho. Da obra destaco o trecho: [...] Tudo ocorreu um pouco melhor na minha vida profissional quando percebi que podia, que devia levar duas vidas. Para cumprir meu oficio de professor de Filosofia das Ciencias, eu precisava continuar estudando, acompanhando o ensino dos demais, de todos aqueles que se dedicam ao trabalho ativo na cidadela científica. Mas também tinha direito à solidão, à minha solidão, a solidão dos sonhos, a solidão dos meus sonhos. Digo agora que esses sonhos se tornaram meus sonhos formadores, que o sonho forma o ser último, que um sonho de poeta pode dar-nos ordem. [...] Um olho de poeta é o centro de um mundo, o sol de um mundo [...].Se tudo que se modifica lentamente se explica através da vida, o que se modifica depressa é explicado pelo fogo. O fogo é ultravivo. O fogo é íntimo e universal. Vive no nosso coração. Vive no céu. Sobe das profundezas da substância e oferece-se como um amor. Volta a tornar-se matéria e oculta-se, latente, contido, como o ódio e a vingança. Entre todos os fenômenos, é ele realmente o único que pode aceitar as duas valorações opostas: o bem e o mal. Brilha no Paraíso. Arde no Inferno. É doçura e tortura [...] O fogo é, para o homem que o contempla, um exemplo de devir urgente e um exemplo de devir circunstanciado. Menos monótono e menos abstrato do que a água a correr, mais rápido até, a crescer e a modificar-se do que o pássaro no ninho que vamos observar todos os dias na moita, o fogo sugere o desejo de mudança, de forçar o correr do tempo, de chegar imediatamente ao termo da vida, à outra vida [...] O fogo sexualizado é por excelência o traço de união de todos os símbolos. Une a matéria e o espírito, o vício e a virtude. Idealiza os conhecimentos materialistas; materializa os conhecimentos idealistas. É o princípio de uma ambiguidade essencial que possui o seu encanto, mas que é preciso denunciar constantemente, psicanalisar sempre nas duas utilizações contrárias: contra os materialistas e contra os idealistas: “Eu manipulo, diz o alquimista. – Não, tu sonhas. – Eu sonho, diz Novalis. – Não, tu manipulas.” A razão de uma dualidade tão profunda é que o fogo está em nós e fora de nós, invisível e brilhante, espírito e fumaça. [...] Como substância o fogo é certamente das mais valorizadas, aquela por consequência que mais deforma os julgamentos objetivos. Sob muitos aspectos sua valorização corresponde à do ouro. Além de seus valores de germinação para a mutação dos metais e de suas propriedades curativas na farmacopéia pré-científica, o ouro só possui valor comercial. Muitas vezes o alquimista atribui um valor ao ouro porque ele é um receptáculo do fogo elementar: “A quinta-essência do ouro é toda fogo”. Aliás, de uma maneira geral, o fogo, verdadeiro proteu da valorização, passa dos mais altos valores metafísicos aos mais manifestamente utilitários. Ele é realmente o princípio ativo fundamental que resume todas as ações da natureza [...] Compreende-se assim que um elemento material como o fogo se possa associar um tipo de devaneio que comanda as crenças, as paixões, o ideal, a filosofia de toda uma vida. Há um sentido em falar das estética do fogo, da psicologia do fogo e mesmo da moral do fogo. Uma poética e uma filosofia do fogo condensam todos esses ensinamentos. Ambas constituem esse prodigioso ensinamento ambivalente que sustenta as convicções do coração pelas instruções da realidade e que, vice-versa, faz compreender a vida do universo pela vida de nosso coração. [...] De uma chama contemplada fazer uma riqueza íntima, de uma lareira que aquece e ilumina, fazer um fogo possuído, intimamente possuído, eis toda a extensão de ser que uma psicologia do fogo vivido deveria estudar. Essa psicologia descreveria, caso pudesse encontrar uma coesão das imagens, uma interiorização das potências de um cosmos [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

COMO FALAR PARA O ALUNO APRENDER – O livro Como falar para o aluno aprender (Summus, 2005), de Adele Feber, Elaine Mazlish, Lisa Nyberg e Rosalyn Templeton, trata como lidar com sentimentos que interferem na aprendizagem, sete habilidades que incentivam a cooperação, as armadilhas do castigo e a autodisciplina, resolvendo problemas juntos, desenvolvimento da criatividade e o comprometimento de alunos, elogio que não humilha, critica que não fere, como liberar uma criança do desempenho de papeis, a parceria familiar-educador, o apanhador de sonhos, entre outros assuntos. O livro é repleto de depoimentos, casos, experiências, quadrinhos e ilustrações, dicas e informações importantes, entre elas destaco: quando os sentimentos são negados, o aluno se sente rapidamente desmotivado; quando os sentimentos negativos são identificados e aceitos, o aluno se sente motivado a esforçar-se; o professor tem boa intenção, mas, quando o aluno é bombardeado com críticas e conselhos, ele senete dificuldade em pensar sobre a situação e assumir a responsabilidade; quando respondemos ao sofrimento do aluno com uma atitude solicita e algum aceno de cabeça ou murmúrio de compreensão, nós permitimos que ele se concentre no problema e até resolva sozinho; é frustrante quando o aluno se recusa a aceritar o motivo. O que podemos fazer? Existe um modo melhor de ajudar os alunos a superar sua resistência a cumprir uma tarefa? Quando ilustramos a vontade do aluno com uma situação imaginária, tornamos mais fácil para ele lidar com a realidade; é difícil para a criança mudar seu comportamento quando seus sentimentos são completamente ignorados. É mais fácil para os alunos mudarem seu comportamento depois que seus sentimentos são aceitos; para liberar o aluno do desempenho de papeis: busque oportunidades de mostrar ao aluno uma nova imagem de si mesmo. Coloque o aluno em situações em que ele possa ver a si mesmo de forma diferente. Deixe-o escutar (sem querer) algo positivo sobre ele. Dê um exemplo do comportamento que você gostaria de ver. Relembre o aluno de suas conquistas anteriores.quando o aluno se comportar de acordo com os velhos padrões, exponha seus sentimentos e suas expectativas. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

JOÃO, UM BRASILEIRO – A obra do jornalista e escritor Fausto Wolff (1940-2008), compreende romances, poesias e contos, que vão desde o livro O acrobata pede desculpas e caia (José Álvaro, 1966), mais duas dezenas de obras publicadas até o Campo de batalha sou eu (2007). Da sua lavra, destaco João, um brasileiro: Era uma vez um homem e, portanto, um vitorioso. Na corrida contra bilhões de espermatozóides ele chegara na frente. Era vitorioso também porque, durante a gestação, sua mãe não sofrera nenhuma queda e tampouco adoecera. Ele nascera bonito e normal. Um homenzinho que tinha todo o mundo para desfrutar. Beleza pura, mas nem tanta. Logo descobriu que nascera preto, pobre e brasileiro. O leitor que acha que não temos racismo no Brasil reclamará, mas reclamará errado. Nosso racismo é tão grande que não é privilégio de pretos ou mulatos. Ele atinge os pobres em geral, desempregados ou não. Claro que os negros são suas maiores vítimas. Quanto mais negro mais padece e a ele sobrarão sempre os últimos lugares, os empregos mais humildes e mais mal pagos. Para os pretos que não quiserem viver infelizes só há uma saída: precisam enriquecer. Se enriquecerem muito, ficarão brancos como Pelé. O preço que terão de pagar por isso: só terão amigos brancos e, na maioria, mal-intencionados. A mulher preta e pobre, caso seja bonita, poderá tentar sua independência como cantora, atriz, modelo, mas há muita competição nesse universo artificial. Por outro lado, o homem preto que vence na vida não sente que é preto. Nos filmes policiais americanos, os racistas até se divertem com isso. Colocam um preto sempre como chefe dos detetives. Irritado, ele vive dando os maiores esporros nos seus detetives brancos. Mas seu papel é pequeno e na vida real a coisa é outra. Alguém aí da platéia poderá argumentar que Michael Jackson ficou branco e ainda dá a sorte de ser adorado por centenas de milhões de pobres negros e brancos. Não creio que meu personagem João Souza da Silva almejasse ser amado como Michael Jackson ou como seu ídolo, Lula. João, por sinal gaúcho e nascido em 1958, queria trabalhar e ser feliz. Seu pai era leiteiro e a mãe, de prendas domésticas. Tinha irmãos e irmãs mais moços e mais velhos. Viviam com sacrifício, mas não faltava comida, escola, bebida nem teto. Na medida em que cresciam, as crianças ajudavam no orçamento. João Souza da Silva engraxava sapatos e vendia jornais enquanto fazia o primário. Gostava muito de ler e queria fazer o vestibular. A realidade, porém, mostrou-lhe o seu lugar e ele fez o curso de contabilidade. Apaixonou-se por uma jovem colega dois anos mais moça. Como viviam em uma época em que o sexo entre adolescentes não só era moda como era moda incentivada pelos meios de comunicações, a carne falou mais alto. Bom nome para uma novela das Oito: A carne falou mais alto, com Vera Fischer. Falou tão alto que sua namorada engravidou. Como se amavam, ele fez o que qualquer rapaz direito faria: casou-se com ela. Foram morar com a família dela, que queria um casamento melhor para a filha. João, durante anos, trabalhou nas mais diversas áreas até que, finalmente, passou em um concurso para um banco privado. Com o salário, pôde alugar um apartamento no subúrbio. Levava duas horas para ir de casa ao serviço, onde era caixa, e orgulhava-se de dizer que, por suas mãos, passavam milhões de reais. Sua mulher lia as cartas do tarô para as vizinhas ganhando mais alguns cobres com isso. Ela costumava dizer-lhe que o via sempre perto de uma jovem muito bonita e muito rica. Ele retrucava rindo: “Deve ser uma das nossas filhas que ainda vai casar com um príncipe”. Quando Fernando Henrique tomou o poder, congelou os salários. Por isso, ao sair do trabalho, João continuava trabalhando como chofer de táxi. Trabalhava das seis da tarde às três da manhã. Poderia dormir nos fins de semana, mas sábado tinha reunião do PT local, onde era segundo secretário e domingo era o dia em que não precisava pagar a diária ao vizinho dono do carro. As duas filhas estavam na faculdade. Uma fazia Jornalismo e a outra, Geografia. Como todo pobre que se preza não queria que as filhas passassem o que ele passara e, por isso, não as deixava trabalhar. Lula se elegeu, mas as coisas não melhoraram. Seu salário continuou congelado e as vizinhas não queriam mais saber do futuro, pois ele já se apresentava em toda a sua cruel realidade naquele subúrbio afastado de Porto Alegre. Seis meses atrás foi demitido pela agência em que trabalhava. Mandaram-no procurar um advogado. Envergonhado, nada contou à família e logo gastou as poucas economias. Teve de pedir dinheiro emprestado. Para esquecer do que devia e das mentiras, passou a beber. Uma noite verificou que se tornara impotente e, no dia seguinte, deu um tapa na filha que lhe disse que cheirava a bebida. Bebeu no centro até o fim do expediente, mas em vez de pegar o ônibus para casa pegou o ônibus para a rodoviária. No Rio passou três dias sem comer nada até ser levado pela polícia para o abrigo de indigentes, de onde fugiu. Imagino como deve ter sido duro para ele pedir esmolas, Ele sabia que não era um mendigo, era um bancário, um trabalhador. Poderia ter sido até mesmo um doutor, se não precisasse ajudar a família. Agora era parte de uma legião, mas insistia em tomar banho todos os dias e manter limpos seu paletó e gravata, bem como seus documentos em dia. Não queria ser confundido com nenhum louco. Ele estava aleijado por dentro, não sabia que já desistira e vagamente lembrava da família, mas ainda olhava nos olhos das pessoas como se não fosse um mendigo; como se dissesse: “Apesar do que vocês possam pensar, eu sou um homem e não um cachorro”. Só quem já necessitou sabe o quão terrível é a dor daquele que necessita; a dor moral que se torna física e faz enlouquecer. João Souza da Silva, o trabalhador negro e bancário, acabou na Barra da Tijuca no dia da inauguração do Fashion Rio. Ele, do lado de fora, e do lado de dentro algumas das mulheres mais belas e alguns dos homens mais ricos do mundo. Na Barra da Tijuca — um inferno de samambaias, vidraças fumê, drogas e ar-condicionado —, não tem esquina e os sinais de trânsito surgem eventualmente a cada dois mil metros. Isso ocorre porque a Barra não foi feita para pedestres. Foi feita para caçadores ricos. E um desses caçadores do volante matou João Souza da Silva, homem de bem, negro, brasileiro, desempregado como milhões de outros brasileiros. João foi morto por um canalha que nem parou para ver em que batera. Morto ficou durante cinco horas sob o sol brabo. Morreu numa terça-feira de tarde enquanto ladrões riquíssimos insultavam-se mutuamente no Congresso; enquanto ladrões riquíssimos olhavam excitados os corpos de modelos adolescentes no Fashion Rio; enquanto Olavo Setúbal, dono do Banco Itaú, dizia a um repórter do alto de um lucro de bilhões de reais: “Um dos maiores prazeres da vida é poder viajar pelo mundo sem obrigação de trabalho”. A jovem e bela modelo Yasmim Brunet, sem dar-se conta, encaminhou-se com amigas até perto de onde o corpo de João estava. Teve uma reação de leitora de contos de fada. Enquanto duas lágrimas desciam pelo rosto de menina a quem querem obrigar a ser mulher, ela exclamou: — Se ele fosse um príncipe já o teriam levado. O mais irônico nisso tudo, minha bela Yasmim, é que ele era um príncipe. Veja mais aqui.

TEU CORPO, CARDEAIS & AMOR - No livro O teu rosto (Pedra Formosa, 1994), do poeta, tradutor e desenhista português António Ramos Rosa (1924-2013), destaco, inicialmente, o poema Teu corpo principia: Dou-te / um nome de água / para que cresças no silêncio. / Invento a alegria / da terra que habito / porque nela moro. / Invento do meu nada / esta pergunta. / (Nesta hora, aqui.) / Descubro esse contrário / que em si mesmo se abre: / ou alegria ou morte. / Silêncio e sol – verdade, / respiração apenas. / Amor, eu sei que vives / num breve país. / Os olhos imagino / e o beijo na cintura, / ó tão delgada. / Se é milagre existires, / teus pés nas minhas palmas. / O maravilha, existo / no mundo dos teus olhos. / O vida perfumada / cantando devagar. / Enleio-me na clara / dança do teu andar. / Por uma água tão pura / vale a pena viver. / Um teu joelho diz-me / a indizível paz. Também o poema Tu Pensas que os Cardeais: Tu pensas / que os cardeais / não se masturbam, / que não vêem / as telenovelas, / que vêem, quando muito, os filmes de Bergman / e o Evangelho segundo São Mateus de Pasolini. / Não, eles nunca lêem os livros pornográficos / e nunca pensaram em ter amantes. / Eles não conhecem o turbilhão das visões / das figuras eróticas, / eles lêem os exercícios espirituais / de Santo Inácio / e têm o odor da santidade / e irão para o céu porque nunca pecaram, / nunca acariciaram um pénis, / nunca o desejaram túmido e ardente / na sua boca casta. / Ah os cardeais como são exemplares / mesmo quando os espelhos os perseguem / com os membros e órgãos de mulheres / na fulguração da nudez liquida e candente! / Todavia eu conheço a obstinada chama / do desejo, / a sua glauca ondulação, / os seus olhos deslumbrados pela oceânica / vertigem / de um corpo embriagado pela sua simetria / e pela volúvel coerência / dos seus astros dispersos. / Não, eu não creio na inocência imaculada / dos solenes cardeais. / Eu sei que a sua carne é a mesma argila / incandescente e turva / de que o meu corpo frágil é composto. / Eles conhecem o sofrimento de ser duplos, / o vazio do desejo, / a violência nua das imagens monstruosas, / a adolescência do fogo nos labirintos negros. / Mas eu sei que os cardeais não gritam, / nem levantam a voz, / nem atravessam a fronteira do pudor / e adormecem ao rumor das orações. / É esta imagem que eu quero conservar / na religiosa monotonia do meu sono. Por fim, o poema sem título: Amo o teu túmido candor de astro / a tua pura integridade delicada / a tua permanente adolescência de segredo / a tua fragilidade acesa sempre altiva / Por ti eu sou a leve segurança de um peito / que pulsa e canta a sua chama / que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro / ou à chuva das tuas pétalas de prata / Se guardo algum tesouro não o prendo / porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto / que dure e flua nas tuas veias lentas / e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar / Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva / para que sintas a verde frescura / de um pomar de brancas cortesias / porque é por ti que vivo é por ti que nasço / porque amo o ouro vivo do teu rosto. Veja mais aqui.

DAS IMITAÇÕES PROS MONÓLOGOS DA VAGINA – A trajetória da premiada atriz, diretora, cantora e compositora Fafy Siqueira, começa em 1984, com a peça teatral Amor, seguindo-se de As noviças rebeldes, O amigo oculto e Camisa de Força. Realizou os shows Fafy Siqueira ou não queira 1 e 2, e peça teatral Dó, Ré, Mi, Fafy! Já gravou quatro discos, entre eles Posso falar? Em 1995 ela ganhou seu prêmio tetral do Sated, na televisão ela ganhou o Imprensa (1989), o Qualitá (1995) e Globo de Ouro (1974), afora mais de trinta e dois prêmios de festivais de música. Atualmente está em turnê com a peça teatral Os monólogos da vagina, dirigida por Miguel Fallabela. Excelente artista, nossa homenagem e aplausos! Veja mais aqui.

VALENTIN – O filme Valentin (2002), escrito e dirigido por Alehandro Agresti, que conta a história que se passa no ano de 1969, de um menino de oito anos de idade que sonha em um dia se tornar um astronauta. Enquanto vive no seio de sua família com a avó e com um tio, devido divórcio de seus pais, ele tenta melhorar o mundo desconcertante em torno dele. Torna-se amigo de um professor de piano que vê o menino como um sábio. Nisso aparece a namorada de seu pai que, após um dia passeando com a criança que conta histórias da vida deles, ela resolve romper o relacionamento, o que deixa seu pai muito chateado e culpando-o por isso. No final, o menino resolve ser escritor promovendo o encontro de seu amigo pianista com a ex-namorada do seu pai. O destaque do filme fica por conta da belíssima atriz argentina nascida no Brasil Marina Glezer. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia do mito eterno do cinema, a atriz estadunidense Rita Hayworth (1918-1987)

 Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Noite Romântica, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui .


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