sábado, agosto 29, 2015

LOCKE, EDU LOBO, VARELA, RŮŽEK, NEGRINI & SELMO VASCONCELLOS.

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? O LÍTERO CULTURAL DE SELMO VASCONCELLOS (Imagem: coluna do jornalista e poeta no Alto Madeira, sessão Geral, Porto Velho, sexta feira, 10 de fevereiro de 2006). Quando concedi uma entrevista em 2009 pro poeta, cronista, divulgador cultural e editor do Litero Cultural, Selmo Vasconcellos, que é carioca de nascimento e radicado desde 1982, em Porto Velho, Rondonia, apenas estava consolidando uma amizade nascida na década anterior, quando começamos a trocar correspondências e envio de materiais publicados. Eu já havia em 2008 registrado o seu trabalho poético no meu blog Varejo Sortido e, para quem não sabe, ele é sobrinho do saudoso escritor José Mauro de Vasconcelos e é formado em Administração de Empresas, além de membro da União Brasileira de Escitores (UBE – RO). É colaborador do jornal Alto Madeira com a sua destacada coluna Litero Cultural, do caderno R do Jornal Rebate e do Rondonia ao vivo. É autor dos livros Rever verso inverso (1991), Nictêmero (1993), Pomo da discórdia (1994) e Resquícios ponderados (Scortecci, 1996), além dos livretos Morde & assopra e suas causas internas e externas (1999), Desabafos (2003), da antologia Leonardo, meu neto (2004) e da revista antológica Membros da galeria dos amigos do Lítero Cultural (2004). É um inquieto jornalista que vem realizando ao longo dos anos inúmeras entrevistas que, inclusive, já passam das seiscentas, com as mais diversas personalidades da Literatura, desde novíssimos e ilustres desconhecidos às mais renomadas celebridades do universo literário, todas reunidas no seu sítio. Nada mais justo neste momento que manifestar minha eterna gratidão e aplausos para o trabalho constante e consequente deste amigo que se mantém firme no batente da vida. Abração & parabéns sempre, poetamigo Selmo Vasconcellos. Veja mais aqui, aqui e aqui

 Imagem: Nu feminino na rede (Óleo sobre placa), do pintor brasileito Oscar Pereira da Silva (1865-1939)


Curtindo o álbum Limite das águas (Continetal, 1976), do músico e compositor Edu Lobo. Veja mais aqui.

CARTA SOBRE A TOLERÂNCIA – No livro Carta sobre a tolerância (Martins Fontes, 2000), do filosofo político inglês John Locke (1632-1704), ele discute a tolerância religiosa contra os abusos do Absolutismo, fundamentando as ideias de democracia moderna e de direitos humanos, além de defender algumas ideias de que a tolerância não se deve ser aplicada às camadas pobres que deviam ser penalizadas severamente com trabalho para crianças a partir de três anos, obrigação de mendigos com distintivo obrigatório para ser facilmente vigiados, entre outras medidas punitivas. Da obra destaco o trecho a seguir: [...] A tolerância para os defensores de opiniões opostas acerca de temas religiosos está tão de acordo com o Evangelho e com a razão que parece monstruoso que os homens sejam cegos diante de uma luz tão clara. Não condenarei aqui o orgulho e a ambição de uns, a paixão a impiedade e o zelo descaridoso de outros. Estes defeitos não podem, talvez, ser erradicados dos assuntos humanos, embora sejam tais que ninguém gostaria que lhe fosse abertamente atribuídos; pois, quando alguém se encontra seduzido por eles, tenta arduamente despertar elogios ao disfarçá-los sob cores ilusórias. Mas que uns não podem camuflar sua perseguição e crueldade não cristãs com o pretexto de zelar pela comunidade e pela obediência às leis; e que outros, em nome da religião, não devem solicitar permissão para a sua imoralidade e impunidade de seus delitos; numa palavra, ninguém pode impor-se a si mesmo ou aos outros, quer como obediente súdito de seu príncipe, quer como sincero venerador de Deus: considero isso necessário sobretudo pra distinguir entre as funções do governo civil e da religião, e para demarcar as verdadeiras fronteiras entre a Igreja e a comunidade. Se isso não for feito, não se pode pôr um fim às controvérsias entre os que realmente têm, ou pretendem ter, um profundo interesse pela salvação as almas de um lado, e, por outro, pela segurança da comunidade. Parece-me que a comunidade é uma sociedade de homens constituída apenas para a preservação e melhoria dos bens civis de seus membros. Denomino de bens civis a vida, a liberdade, a saúde física e a libertação da dor, e a posse de coisas externas, tais como terras, dinheiro, móveis, etc. [...] Enfim, para concluirmos, o que visamos são os mesmos direitos concedidos aos outros cidadãos. É permitido cultuar Deus pela forma romana (católica)? Que seja também permitido fazê-lo pela maneira de Gênova. É permitido falar latim na praça do mercado? Os que assim desejarem poderão igualmente falá-lo na igreja. É legítimo para qualquer pessoa em sua própria casa ajoelhar, ficar de pé, sentar-se ou fazer estes ou outros movimentos, vestir-se de branco ou preto, de roupas curtas ou compridas? Que não seja ilegal comer pão, beber vinho ou lavar-se com água na igreja; em suma, tudo o que a lei permite na vida diária deve ser permitido a qualquer igreja no culto divino. Que por esses motivos nada sofram a vida, o corpo, a casa ou a propriedade de quem quer que seja. Se se permite em seu país uma igreja dirigida por presbíteros, por que não permitir igualmente uma igreja dirigida por bispos, para os que assim desejarem? Administrada por uma ou várias pessoas, a autoridade eclesiástica é a mesma por toda parte, nem tem qualquer jurisdição sobre questões civis, nem poder algum de compulsão, nem se referem ao governo da igreja as riquezas e rendas anuais. Estas reuniões eclesiásticas e sermões justificam-se segundo comprovação da experiência pública. Se os permitem a cidadãos de certa igreja ou seita, por que não a todas? Se alguma conspiração contra a paz pública é tramada numa reunião religiosa, deve ser reprimida do mesmo modo e não diversamente, como se tivesse ocorrido numa feira. Se um sermão numa igreja contém algo sedicioso, deve ser punido da mesma maneira como se tivesse sido pregado na praça do mercado. Essas reuniões não devem ser santuários para homens facciosos ou corruptos. Por outro lado, uma reunião na igreja não deve ser menos legal do que na corte, nem deve uma reunião de alguns cidadãos ser mais repreensível do que a de outros. Ninguém deve ser transformado em objeto de ódio ou suspeita devido às faltas de outras pessoas, mas unicamente por seus próprios malefícios. Devem ser punidos e suprimidos os homens que são sediciosos, assassinos, ladrões, adúlteros, caluniadores, etc., não importa a que igreja pertençam, nacional ou não. Mas aqueles cuja doutrina é pacífica e cujas condutas são puras e impolutas devem estar em termos de igualdade com os seus concidadãos. Se se permitirem a alguns assembléias, reuniões solenes, celebrações de dias festivos, sermões e culto público, tudo isso deve ser igualmente permitido aos presbiterianos, independentes, arminianos, anabatistas, quacres e outros. Na realidade, falando francamente, como convém de homem a homem, não se devem excluir os pagãos, nem os maometanos e nem judeus da comunidade por causa da religião. O Evangelho não o ordena. A Igreja, que não julga os que estão de fora (1 Cor S, 12.13), não o deseja. A comunidade, que recebe e incorpora homens enquanto homens na medida em que são honestos, pacíficos e trabalhadores, não o exige. Permitiremos ao pagão que trate e negocie em nosso país, proibindo-o de rezar e prestar culto a Deus? Se permitimos aos judeus terem propriedades e casas próprias, por que não lhes permitir que tenham sinagogas? Será a doutrina deles mais falsa, seu culto mais abominável ou sua associação mais perigosa se se reúnem em público em lugar de casas particulares? Mas, se tais coisas são concedidas aos judeus e pagãos, tornar-se-á pior a condição dos cristãos numa comunidade cristã? Dirão que sim, certamente, porque têm maior tendência a facções, tumultos e guerras civis. Caberá a culpa à religião cristã? Se assim for, a religião cristã será certamente a pior de todas as religiões, não devendo abraçá-la qualquer indivíduo nem tolerá-la qualquer comunidade. Pois, se tal for o espírito, a natureza da própria religião cristã, ser turbulenta e destruidora da paz civil, a própria igreja que o magistrado favorece não será sempre inocente. Mas longe de nós dizer algo de semelhante dessa religião que mais se opõe à cobiça, ambição, discórdia, disputas e desejos terrenos, e é a mais modesta e pacífica das religiões que jamais existiram. Portanto, devemos buscar outra causa para os males do que atribuí-los à religião. E, se consideramos corretamente, descobriremos consistir totalmente no assunto que estou discutindo. Não é a diversidade de opiniões (o que não pode ser evitado), mas a recusa de tolerância para com os que têm opinião diversa, o que se poderia admitir, que deu origem à maioria das disputas e guerras que se têm manifestado no mundo cristão por causa da religião. Os líderes da Igreja, movidos pela avareza e desejo de domínio, têm usado de todos os meios para excitar e avivar contra os não ortodoxos tanto o magistrado, cuja ambição o torna frequentemente incapaz de oferecer-lhes resistência, como o povo, que é sempre supersticioso e portanto cabeça vazia; ademais, têm pregado, em oposição às leis do Evangelho e aos preceitos da caridade, que os cismáticos e hereges devem ser despojados de suas posses e destruídos, confundindo, deste modo, duas coisas completamente diferentes: a Igreja e a comunidade. Como na vida prática é difícil convencer os homens a aceitarem pacientemente serem despojados dos bens que adquiriram mediante trabalho honesto, e, contrariamente a todo direito equitativo, não só humano como divino, serem lançados como presa à violência e espoliação de outros homens, especialmente quando são inteiramente destituídos de culpa; e quando o assunto em questão de modo algum diz respeito à lei civil, mas à consciência individual e à salvação de sua própria alma, sendo disso unicamente responsável Deus. À vista disso, é cabível antecipar que esses homens, por terem crescido sob temor dos males que lhes são infligidos, devem finalmente se persuadir da justiça de combater a força pela força, defendendo com as armas ao seu dispor os direitos que Deus e a Natureza lhes facultaram, podendo ser julgados apenas quando cometem crimes e não por causa da religião? Tem sido este o curso de eventos comprovados com abundância pela História, sendo, portanto, razoável supor que o mesmo ocorrerá no futuro, se o princípio de perseguição religiosa prevalecer, tanto por parte do magistrado como do povo, e se os que devem servir de escudeiros da paz e da concórdia incitarem os homens às armas ao som da trombeta de guerra, soprada com toda a força de seus pulmões. É de admirar que os magistrados tolerem esses incendiários e perturbadores da paz pública, se não transparecesse terem sido convidados para participar dos espólios, usando freqüentemente da própria cobiça e orgulho como meio de aumentar o próprio poder. Quem não vê que estes bons homens são mais ministros do governo do que ministros do Evangelho; que têm adulado a ambição dos príncipes e o domínio de quem é poderoso, e devotado todas as suas energias a promover na comunidade a tirania que de outro modo não conseguiriam estabelecer na Igreja? Geralmente, tem sido esse o acordo entre Igreja e Estado; se, ao contrário, cada um deles se confinasse dentro de suas fronteiras - um cuidando apenas do bem-estar material da comunidade, outro da salvação das almas - possivelmente não haveria entre eles nenhuma discórdia. Temos, porém, vergonha de dizer algo tão escandaloso. Deus, Todo-Poderoso, permita que se pregue finalmente o Evangelho da paz, e que os magistrados civis, tornando-se mais ansiosos para conformar a própria consciência à lei de Deus do que forçar outros homens pelas leis humanas, devem, como pais de seu próprio país, orientar todos os seus conselhos e esforços para promover o bem público civil de todos os seus filhos, exceto somente daqueles que forem arrogantes, dolosos e perversos; e que todos os sacerdotes, que se gabam de ser os sucessores dos apóstolos, seguindo pacífica e modestamente nos passos dos apóstolos, sem se imiscuírem com os negócios do Estado, devem se aplicar inteiramente para promover a salvação das almas. Adeus. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A ESPOSA SÁBIA – No livro Arab folktales (Pantheon, 1986), de Iner Bushnaq, encontrei a narrativa A esposa sábia, adaptado de The Sultans Camp Follower,  do qual trago os trechos com o seguinte teor: Era uma vez um seleiro e sua esposa, que viviam com suas três filhas. O homem trabalhava bastante e, ao longo dos anos, economizou uma centena de moedas de ouro colocando-as dentro de uma sela e a costurou como medida de segurança. Certo tempo depois, vendeu essa sela por engano e só descobriu o erro depois que o cliente saiu de sua loja e da cidade. Um ano depois, o cliente voltou para fazer um conserto na sela. O artífice não conseguia acreditar em sua boa sorte, quando encontrou suas economias ainda dentro da sela. Recuperou o tesouro e criou uma pequena canção para celebrar sua fortuna, e todo dia entoava: Escondi e perdi. Esperei e encontrei. É meu pequeno segredo. E ninguém jamais o conhecerá. Certo dia, o sultão passou pela loja e ouviu essa canção. Perguntou: qual é o seu segredo? Se eu lhe contasse, respondeu o selerio, seria um segredo? O monarca granziu a testa. Sou o sultão. Conte-me o segredo. O seleiro recusou-se. Então o sultão perguntou-lhe: você tem família? Uma boa esposa e três filhas lindas, ainda solteiras, respondeu o seleiro. Neste caso, ordenou o sultão, traga suas filhas amanhã ao meu palácio e providencie então para que as três estejam grávidas. Caso contrário, cortarei sua cabeça! Mas majestade!, exclamou o pai horrorizado. [...] A filha pensou por um momento e depois disse: não se desespere, pai. Apenas me compre três vasilhas de água, e eu mostrarei ao sultão como três virgens podem engravidar. [...] A filha mais jovem contou as moedas de ouro e devolveu a bolsa à velha. Tenho um recado para o sultão. Pergunte-lhe o seguinte: Quando se dá um carneiro de presente, corta-lhe a causa? A velha balançou a cabeça de novo, voltou até o sultão e contou tudo o que a virgem dissera. Tenho a impressão que ela é louca, disse, suspirando. O sultão pensou por um momento e sorriu. [...] No dia seguinte, o sultão mandou a velha de volta, com outra proposta de casamento e, dessa vez, o seleiro e a filha mais jovem aceitaram. [...] Cerca de um ano depois, o sultão regressou da guerra, carregado de despojos. Mal olhou para sua esposa, recrutou mais tropas e partiu para outra campanha, bem depois de Gharb. Assim, ela se vestiu novamente de general, reuniu suas tropas e foi atrás do sultão. [...] Tres anos se passaram antes que o sultão voltasse para casa dessa guerra. Ele não falou com a esposa porque decidira arrumar uma nova esposa e planejava casar-se com uma princesa, mais adequada à condição de realiza do que a filha de um seleiro. Quando chegou o dia do casamento, a primeira esposa vestiu com elegância os três filhos, e ao mais velho entregou a adaga do sultão para que usasse em seu traje. Colocou o colar de orações nas mãos da criança do meio e o turbante na filha. Depois ensinou uma canção às três crianças. Pouco antes do inicio da cerimonia de casamento, as crianças apareceram diante do sultão e cantaram: Ele vence na guerra. Vence no xadrez. Vence no amor, vence em suas buscas. Nosso pequeno segredo, ele o descobrirá? O sultão olhou para as crianças e reconheceu a adaga, o colar de orações e o turbante. Então olhou fixamente para a mãe deles e finalmente percebeu o que ela fizera. Você foi os generais que me desafiaram e as escrdavas que dormiram comigo!, exclamou o sultão. São estes meus filhos? A esposa confirmou com um movimento de cabeça. O sultão cancelou o novo casamento, mandando embora a princesa, e voltou-se para a esposa. Você é mais astuta do que qualquer mulher do mundo. Ninguém mais será minha esposa além de você! O sultão e a esposa abraçaram-se e o monarca abraçou os três filhos. Depois ordenou que houvesse uma festa para sua verdadeira esposa e família recém-encontradas. E desse dia em diante todos viveram felizes, com amor, sabedoria e paz. Veja mais aqui.


A MULHER, LUCILIA & RECITATIVO – O livro Poesias Completas (Spiker, 1965), reúne os diversos livros poeta Fagundes Varela (1841-1875), entre os quais destaco inicialmente A Mulher: A mulher sem amor é como o inverno, / Como a luz das antélias no deserto, / Como espinheiro de isoladas fragas, / Como das ondas o caminho incerto. / A mulher sem amor é mancenilha / Das ermas plagas sobre o chão crescida, / Basta-lhe à sombra repousar um’hora / Que seu veneno nos corrompe a vida. / De eivado seio no profundo abismo / Paixões repousam num sudário eterno... / Não há canto nem flor, não há perfumes, / A mulher sem amor é como o inverno. / Su’alma é um alaúde desmontado / Onde embalde o cantor procura um hino; / Flor sem aromas, sensitiva morta, / Batel nas ondas a vagar sem tino. / Mas, se um raio do sol tremendo deixa / Do céu nublado a condensada treva, / A mulher amorosa é mais que um anjo, / É um sopro de Deus que tudo eleva! / Como o árabe ardente e sequioso / Que a tenda deixa pela noite escura / E vai no seio de orvalhado lírio / Lamber a medo a divinal frescura, / O poeta a venera no silêncio, / Bebe o pranto celeste que ela chora, / Ouve-lhe os cantos, lhe perfuma a vida... / - A mulher amorosa é como a aurora. Também o seu poema À Lucília: Se eu pudesse ao luar, Lucília bela, / Queimar-te a fronte de insensatos beijos, / Dobrar-te ao colo, minha flor singela, / Ao fogo insano de eternais desejos; / Ai! se eu pudesse de minh’alma aos elos / Prender tu’alma enfebrecida e cálida, / Erguer na vida os festivais castelos / Que tantas noites planejaste, pálida; / Ai! se eu pudesse nos teus olhos turvos / Beber a vida da volúpia ao véu, / Bem como os juncos sobre as ondas curvos / A chuva bebem que derrama o céu, / Talvez que as mágoas que meu peito ralam / Em cinzas frias se perdessem logo, / Como as violas que ao verão trescalam / Somem-se aos raios de celeste fogo! / Oh! vem Lucília! é tão formosa a aurora / Quando uma fada lhe batiza o alvor, / E a madressilva, que ao frescor vapora / Os ares peja de lascivo amor... / Sou moço ainda; de meu seio aos ermos / Posso-te louco arrebatar comigo... / De um mundo novo na solidão sem termos / Deitar-te à sombra de amoroso abrigo! / Tenho um dilúvio de ilusões na fronte, / Um mundo inteiro de esperanças n’alma, / Ergue-te acima de azulado monte, / Terás dos gênios do infinito a palma!... Por fim, o seu poema Recitativo: Se eu te dissesse, Madalena pálida, / Fundo mistério que meu peito oculta, / Se eu dissesse que amargura estólida / Em mar de prantos meu viver sepulta; / Se eu te contasse que tristezas fúnebres / Meio seio rasgam por febrentas horas, / Que chamas vivas, que delírios lúgubres / Cercam-me o leito de infantis auroras; / Ah! tu que aos males desconheces, pérfida, / O saibro impuro, o lacerante anseio, / Erguendo os olhos sobre o véu da dúvida / Talvez disseras a sorrir: - Não creio! / E no entanto quantas horas pávido / Passei fitando teu divino rosto! / Que longas noites ao deixar-te, trêmulo, / Torci-me em crises de infernal desgosto! / Ah! tíbia estátua, na friez do mármor / Sequer um broto de paixão se oculta! / A vida esvai-se de meu peito débil / E junto à campa mais a dor se avulta. / Dize, impiedosa, que rigor satânico / Fez de minh´alma o pedestal da tua, / E a teus olhares me encandeia fátuo / Bem como o lago refletindo a lua!... / Se, o peito opresso, a teus joelhos, lívido, / Gemesse - eu te amo! em derradeiro anseio, / Sei que mostravas-me um sorriso irônico, / Sei que disseras a sorrir: - Não creio. Veja mais aqui, aqui e aqui.


O QUE É ISSO, COMPANHEIRO & A PROPÓSITO DE SENHORITA JÚLIA – A atriz de teatro, cinema e televisão, Alessandra Negrini começou fazendo um curso para teatro aos 18 anos de idade, quando foi chamada para atuar na televisão. Ela estreia no cinema em 1997, com o filme O que é isso companheiro. Em 2001, ela estreia no teatro com a peça O beijo no asfalto e, no cinema, com Um crime nobre. Seguiram-se no teatro Credores (2003), A gaivota (2008), A senhora de Dubuque (2011) e A propósito de senhorita Julia (2012). Já no cinema, Sexo, amor e Traição (2004), Cleópatra (2007), Os desafinados (2007), No retrovisor (2008), A erva do rato (2008), O abismo prateado (2011), 2 coelhos (2011) e O gorila (2012). A jovem atriz está projetando uma carreira impecável, ora no teatro, ora na televisão, ora no cinema, demonstrando sua versatilidade e domínio nas mais diversas interfaces artísticas de sua atuação. Parabéns e aplausos de pé! Veja mais aqui.

CENTRO DE GRAVIDADE – O longa metragem Centro de Gravidade (2011), baseado no conto Pity for the World, do escritor americano David Plante, numa produção da Universal Remote Films, dirigido e roteirizado pelo fundador e presidente da Academia Internacional de Cinema (AIC), Steven Richter, com música de Erik Blood, foi produzido de forma independente, rodado em cinco dias, com orçamento mínimo, duas câmaras e equipe reduzida composta por professores e alunos da AIC e de profissionais de cinema. O filme trata sobre questões que envolvem amor e expectativas em relação à pessoa amada, numa linha tênue que simultaneamente divide e une um ao outro, centrado no relacionamento de um jovem casal de classe média alta, que mora em um confortável e elegante apartamento. O jovem é um escritor e professor de Literatura Brasileira que está com seus pais à beira da morte, enquanto que a jovem tem uma vida reduzida ao centro gravitacional do próprio companheiro. Uma crise no relacionamento desponta quando ele desconfia de que foi traído, ela confessa e ele quer conhecer o pretenso amante. O destaque vai para a atriz Ana Carolina Lima. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
A arte do fotógrafo tcheco Jiří Růžek
 
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Noite Romântica, a partir das 21 hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. E para conferir online acesse aqui.

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