NOVIDADES NA ÁREA – UMA: FOTO DA CAPA: Esta revendo um dia desses a
história do ativismo da fotógrafa francesa Marina
Ginestà (1919-2014), que atuou como membro da Resistência Francesa e da
Juventude Socialista, como foi emblemática na Guerra Civil Espanhola. Hoje dei
de cara com a foto dela, ocasião em que ela se pronunciou: Dizem que na foto de Colón tenho um olhar
cativante. É possível, porque convivemos com a mística da revolução proletária
e as imagens de Hollywood, de Greta Garbo e Gary Cooper... A
respeito da experiência vivida ela disse: É
uma boa foto, reflete o sentimento que tínhamos naquela época. O socialismo
tinha chegado, os hóspedes do hotel tinham ido embora. Havia euforia.
Instalamo-nos no Colón, comíamos bem, como se a vida burguesa nos pertencesse e
tivéssemos mudou rapidamente... A juventude, a vontade de vencer, os slogans...
Levei-os a sério. Acreditava que se resistíssemos venceríamos. Tínhamos a
sensação de que a razão estava conosco e que acabaríamos por ganhar a guerra,
nunca pensamos que terminaríamos a vida no exterior... Éramos jornalistas e
nossa profissão era fazer com que a moral nunca caísse, difundíamos o lema de
Juan Negrín 'com pão ou sem pão para resistir', haviam sido falsificados para
manter viva a ilusão da vitória... É a lembrança mais terrível que tenho da
guerra. Pela primeira vez tive uma ideia de morte. Vi uma mulher morta com seu
filho nos braços... Essa lembrança ainda hoje me vem à mente... Lição de
engajamento e de vida! Viva Marina Ginestà! DOIS:
A PAZ DE SADAKO – Para quem esqueceu do fatídico dia 6 de agosto de 1945 (veja aqui), a sobrevivente japonesa da
bomba atômica de Hiroshima, Sadako
Sasaki (1943-1955), viveu normalmente até os 12 anos de idade, quando
passou a ter daí graves problemas de saúde e foi diagnosticada com Leucemia
Linfoide Aguda. Ao ouvir a Lenda dos Tsurus (veja aqui),
ela pensou que, se fizesse mil deles, um pedido seu seria realizado e o fez: Vou escrever a paz nas suas asas e você vai
voar por todo o mundo... E chegou a fazer 646 quando faleceu. Seus amigos
comovidos fizeram mais 354 para completar os mil que foram enterrados juntos
com ela. Em sua homenagem a cidade levantou um monumento representado por ela e
um Tsuru com os dizeres: Este é o
nosso grito. \ Esta é a nossa oração. \ Para a construção da paz no mundo. TRÊS: DESAFIOS DOS TEMPOS DE HOJE – Estava lendo uma
entrevista concedida pelo escritor e cientista político dinamarquês, Bjørn
Lomborg, em que ele asseverou que: Certamente o maior problema que temos no
mundo hoje é que todos nós vamos morrer. Mas não temos uma tecnologia para
resolver isso, certo? Então o ponto não é para priorizar problemas, o ponto é
priorizar as soluções para problemas... Por causa disso sei que tem muito
endinheirado investindo alto para viver uns 200 anos ou mais, até mesmo morrer
e ressuscitar. Tem gente pra tudo. Mas o que ficou de importante na entrevista,
para mim, foi quando ele disse: O principal desafio ambiental do século XXI é a pobreza. Quando você
não sabe de onde virá sua próxima refeição, é difícil pensar no meio ambiente
daqui a 100 anos. Aí, sim, este é um grave problema que deveria ser
preocupação de todo mundo: a fome e a pobreza.
DITOS &
DESDITOS - O trabalho da boa ficção é confortar o perturbado e perturbar quem está
confortável... Pensamento do escritor estadunidense David Foster Wallace (1962-2008), a
quem também são atribuídas as frases: A
verdade liberta, mas só depois de acabar com você... Que todas as pessoas são
iguais na sua secreta e silenciosa crença de que no fundo são diferentes de
todas as outras... Ser imune ao tédio… É a chave da vida moderna. Se você não
se deixar vencer pelo tédio, não existe nada, literalmente, que você não possa
conquistar...
ALGUÉM FALOU: A
imaginação é a única chave para o futuro. Sem ela não há nada - com ela todas
as coisas são possíveis... Pensamento da jornalista e educadora
estadunidense Ida Tarbell
(1857-1944).
A PURGA, EXPURGO - [...] Ela achou difícil acreditar que haveria qualquer movimento ousado, porque muitas pessoas tinham farinha suja em suas sacolas e pessoas com dedos imundos dificilmente se entusiasmam em desenterrar o passado. [...] Pátria, contigo fico triste, sem ti fico mais [...] Jovens estúpidos, o que eles esperavam conseguir remexendo assim? Aqueles que bisbilhotam o passado levarão um soco no olho. Uma viga seria melhor, no entanto. [...] Os alunos da Free Estonia não se preocupavam com esse tipo de coisa. Eles não haviam cometido nenhum crime - que mal poderia lhes acontecer? Foi somente depois que os esquadrões soviéticos se espalharam pelo país que começaram a temer que seu futuro pudesse estar em perigo. [...] Trechos extraídos da obra Puhdistus (Werner Soderstrom, 2003), da escritora e dramaturga estoniana-finlandesa
TRÊS POEMAS – I - As palavras que são rio \ salvando \ correndo
dando \ rasgando todos os particípios \ amando \ são cavaleiros com prazer de
luta \ as almas pequenas na prancha, balançando \ os vermelhos de volta, os hi
ha ho \ vocês hoi mikroi \ esfarrapados cujas costas só o céu sabe ver \ de pé
no rio, correm puxados por um tronco gritando \ para onde vamos? \ fora só para
nos machucar \ aterrando no sufoco \ filhos do naufrágio gargansos gritantes CENÁRIO
- o que é esse estranho \ trato paradisíaco ou o oposto o bater de asas da
borboleta, \ amarelo Elísio eles solidificaram sobre os prados \ eles jazem
pesadamente jogados fora \ couro de sapato do pó da terra \ um dedo do pé \ quebrado
na escuridão do papel \ um sapato de dança, um dedo da terra \ e o brilho de
anéis no sulco \ de casacos escuros, o molhado de lã \ varrendo \ enrolado com
bocas em direção à tainha e cada um \ cheio de terra e o vermelho \ a caminho
de casa entre bosques, campos e o alto aviso do pássaro \ chama uma mentira em
um prado na raiz escura dos campos do mundo. PLACA VOTIVA - O espaço entre as
orelhas é um gênero. Dedilhado: área genital \ em forma de crista de onda,
ondulada. Ondulações nela, em \ linhas inéditas, em forma de casca. Um eco. É
lá que \ tudo fica visível e nu para sentir. Lubrificar, \ deixar o dedo girar,
até a gota rolar. Com o calor, \ ele se contrai e empurra seu fluido. Um
riacho, \ silenciosamente desliza seu anel viário branco ungido, em direção ao
local de acasalamento, \ onde as escamas caem há uma cobra na orelha. Poemas
da escritora e dramaturga sueca Katarina Frostenson.
A obra “Educação comparada”, de Nicholas Hans, traduzida por José Severo de Camargo Pereira, traz na primeira parte,os fatores naturais, compreendendo no seu capítulo I a definição e objetivo da Educação Comparada, considerando os pioneiros, outros estudos comparativos, o ponto de vista estatístico, psicológico e histórico, as tradições nacionais e a definição de nação. No segundo capítulo traz o fator racial, definindo raça, a hereditariedade, os problemas raciais na educação, a política educacional nas colônias britânicas, no Império francês, na América Latina, a educação dos maori na Nova Zelândia, a complicação racial na África do Sul, a inteligência dos africanos brancos e a educação dos negros no EUA. No terceiro capítulo vem o fator lingüístico, abordando a língua como repositório da experiência racial e nacional, como meio de instrução, a imposição de uma língua estrangeira e os resultados dessa imposição, vários grupos lingüísticos, o bilingüismo na Bélgica, as quatro línguas da Suíça, as duas línguas do Canadá, o renascimento do irlandês, o bilingüismo no País de Gales, a solução dos problemas lingüísticos na União Soviética, as duas línguas nacionais na Noruega e o problema lingüístico na China. No capítulo quarto traz fatores geográficos e econômicos, abordando a influencia do clima e da geografia, o caso da Austrália, a história e geografia como fatores nos EUA e no Canadá, os fatores econômicos, a revolução industrial na Inglaterra e a adaptação gradual da educação ás novas condições, a Rússia antes da Revolução Soviética, a reconstrução socialista e industria e a rápida adaptação do sistema nacional, as finanças educacionais e a igualdade dos encargos e o sistema inglês. Na segunda parte aborda os fatores religiosos envolvendo as tradições religiosas da Europa, a tradição católica, anglicana e puritana. Na terceira parte vêm os fatores laicos como Humanismo, socialismo, nacionalismo e democracia e educação. Na quarta parte vem a educação em quatro democracias, o sistema educacional inglês, nos Estados Unidos, na França e na União Soviética. Por fim, traz a educação na América Latina abordando o problema racional, lingüístico, geográficos e econômicos, a tradição religiosa, os jesuítas, a tradição leiga, a guerra civil na América Espanholam a organização da educação e a estrutura escolar.
FONTE:
HANS, Nicholas. Educação comparada. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1971.