sexta-feira, setembro 24, 2010

EYVIND JOHNSON, COVENTRY PATMORE, MAX NORDAU, SALLY STRUTHERS, FRANÇOIS-ANDRÉ VINCENT & IGREJA BIDIÔNICA DO FINAL DOS TEMPOS

 
A arte do pintor francês François-André Vincent (1746-1816).

DITOS & DESDITOSA banalidade é apenas originalidade embotada pelo uso excessivo. O artista escreve, pinta, canta ou dança a carga de alguma ideia ou sentimento fora de sua mente. É bom ficar sozinho pois fertiliza o impulso criativo. Pensamento do físico e escritor húngaro Max Nordau (1849-1923).

ALGUÉM FALOU: Se um homem é visto cortando o peito de uma mulher, ele recebe apenas uma classificação R; mas se, Deus proibir, um homem ser fotografado beijando o seio de uma mulher, ele recebe uma classificação X. Por que a violência é mais aceitável que a ternura? Indagação da atriz e ativista estadunidense Sally Struthers.

O TEMPO ATUAL DE SEMPRE - No mundo de hoje, no nosso tempo, sentimos que o sofrimento, a angústia, os tormentos do corpo e da alma, são maiores do que nunca foram na história da humanidade. Percepção do escritor sueco e Prêmio Nobel de Literatura de 1974, Eyvind Johnson (1900-1976);

REALIDADE DO AMOR - Eu ando, confio, com os olhos abertos; / Eu andei metade do deserto terrestre; / Esconde-se atrás dos meus passos / Muita vaidade e algum remorso; / Eu vivi para sentir o orgulho dos espíritos, / Ancorados um ao outro como a mão na luva; / Eu corei do castelo do amor, / Eu nunca acreditei nele, mesmo sem meu coração, / Eu nunca neguei o amor, a única coisa mortal / Cujo valor é eterno, imortal; / Eu nunca levei em conta erros, / Resíduos que cantam terrores, / Indigno de uma canção grave; / E o amor é minha recompensa, por enquanto, / Quando a maioria dos espectros reclama, / Murta floresce na minha testa, / E seu perfume se enraíza em minha mente. Poema do poeta e crítico britânico Coventry Patmore (1823-1896).


IGREJA BIDIÔNICA DO FINAL DOS TEMPOS – REVELATUM, A HIEROFANIA: Era uma manhã ensolarada de terça-feira de junho de um ano lá de não sei quando, quando ele, o então menino sapeca e treloso estava todo engomado do gogó à braguilha, atacado de todos os botões nas casas da gola aos punhos, e alinhado num vinco da cintura aos pés engraxados da botina e roupas domingueiras, tudo isso na brancura do tecido para a primeira comunhão. Estava impando de satisfação. Eita! Uma alegria incontida. Logo organizou-se a fila e lá ele com seus pares para o momento de sua introdução eclesiástica. Era o sonho dele. De já coroinha, era sempre levado por fantasias de ser o maioral da paróquia, efetuando batizados, casamentos, exorcismos, extrema-unção, cumprindo seus deveres de pároco só para servir aos desejos de sua fé inabalável. Era. De tão convicto, sabia seu futuro: uma autoridade católica, seja padre, bispo, arcebispo, cardeal, ou até mesmo papa, quem sabe? A cada passo da caminhada, ele aumentava de grau na hierarquia. E não via limites. Agora, o único desejo dele, era comungar e receber o sacramento católico para seguir sua vida.

Quando chegou lá, na sua vez, o padre, na frente de todo mundo disse:

- Você não pode comungar porque seu pai não é casado com a sua mãe. Sai fora.

O mundo caiu. Como é?

- Bora, bora, se avie! Ainda têm muitos outros para comungar. Arreda!!!

Ele não enxergava nada, não ouvia nada, não entendia nada. Nessa hora, justo no momento mais agudo da mais repressiva humilhação, ele teve a revelação. Quem sou eu? Onde estou? Todas as interrogações levaram ao toque divino, oriundo não sei de onde. Virou lobisomem, saci-pererê, a perna cabeluda, salaminguê! Virou gente, virou bicho, vira virou. O barco, ora mar, ora rio, acolá. Teve toda verdade desvelada!




Num átimo soube de tudo. Quem era? Já estava certo. Onde estava? Ali era o templo dos fariseus, precisava libertar o mundo da mentira. Toda metamorfose fez presente, depois pietista, vuduísta, animista, manista, totemista e se envultou. Quando desencarnou, a vida desfez cinza, nada. Foi quando re-encarnou, jejuou por 99 dias e no centésimo aprendeu que o sexo é o êxtase místico de retorno ao paraíso. Teve, então, a catarse! E com a consciência quântica, lavrou o Evangelho segundo Padre Bidião para que a humanidade seja salva da mentira e possa redimir de todos os equívocos dos filhos de Caim.




Foi aí que se viu unívoco e começou a questionar o fato de que Deus não criou o mundo no dia 23 de outubro de 4004ª.C, às 9hs. Era mentira. Tanto é que debateu com Copérnico, Darwin, Freud e Nietzsche e botou todo mundo no bolso. Mais tivesse para engalobar. Até Einstein virou seu adepto. Foi aí que ele saiu para resolver a questão e desancar o criacionismo ou sobrenaturalismo: eu sou deus e deus sou eu, e não criei nada.




Colocou, então, deus no seu devido lugar: onisciente, onipotente e onipresente. Depois, foi ter com a deusa Nammu que deu à luz na Suméria ao céu e a terra. Deu-lhe uma bimbada dela gozar eternamente. Deixou-la lá absorta, foi-se. E de lá até a deusa Inanna para semear a terra: outra gozada de deixar tudo florido. Mas, teco. E assim fez entre todos os mitos indígenas e de todas as povoações primitivas, premiando sempre e, deixando prevalecer, a todo momento, só o matriarcado. Iconoclasta, voltou-se pra si mesmo e se achou desencaminhado quando esteve nos Jardins do Éden. Tudo muito lindo até no paraíso perdido, na Terra Santa, na sua caminhada. Seu passeio planetário dava conta de tudo entre as populações de Sodoma e Gomorra, uma festa! Nunca trepou tanto na vida para exorcizar seus demônios. De lá até Danares, nas margens do Ganges; indo pras torres do tempo de Kandariya Mahalev, em Khujarao; por toda dinastia Ming, até mergulhar no Pólo Norte e ter seu batismo solitário no centro da terra. Depois de consagrado a si mesmo, percorreu mais até descer num mandado-de-deus para se amasiar com a viúva Khadidja e depois presenteá-la para Maomé. E daí fez a trajetória da fuga de Meca para Medina; e visitou eunucos velhos no suntuoso refúgio de Pa Pao Shan Golf Club onde findou carregado de poderes supramundanos e teve a certidão de que ele realmente é deus e deus é ele.




O CISMA, A CONVERSÃO – Estava ele só no mundo quando se encontrou com purusa, o homem primevo, antes mesmo do de Pequim e de apascentar os antropóides e os Ramapithecus. Nessa hora ele disse: evoluirás e crescerás! Tua semana semeará a terra! Foi aí que deu, mais adiante com Adão e Eva e devolveu para eles o paraíso com a naturalidade da vida: sexo, brigas & rock´nroll. Aí tiveram muitos filhos e a coisa quase findou como Romeu e Julieta. Agora era com eles, nem se tocou, a natureza humana que se virasse.




Foi aí que dominou o fogo para dar aos deuses, ensinou o cultivo aos agricultores do neolítico, inventou a roda e esteve com Gilgamesh aprendendo a como dar trato às mulheres. De lá, praticou hábitos zoofilíacos entre os mongóis, brigou com Ghazali por causa do “Conselho para os reis”, aprendeu a tábua da árvore da consangüinidade de Isidoro, contou prostitutas no templo com Hesíodo, humilhou com putarias sábias os pecados da carne de São Jerônimo e Santo Agostinho, abominando o Penitencial Cumeano e brigando com Santo Tomaz de Aquino por causa da “Declaração sobre certas questões concernentes à ética social”, alegando que não há sacanagem maior que a lei do levirato. Isso é um vitupério! – reclamou ele, dizendo: porque toda sodomia é a maior alegria do mundo e são saudáveis as práticas de zoofilia, incesto, onanismo, aborto e parafilias outras. Cada qual que faça o que lhe aprouver, ora!




Empunhando uma estatueta de Vênus, ele seduziu as mulheres de Bushman, do Kalahari, e foi atrás da índias Carrier menstruadas nas regiões ermas. Era o seu segundo batismo. Nisso, foi ter com Ishtar na Babilonia quando colocou um peixe quente no umbigo dela. O terceiro batismo. De lá, Isis no Egito, e mais danou peiada em Madalena, Nefertiti, Cleópatra, Medéia, até desembocar entre as tríbades na ilha de Leucas quando encontrou Safo que teve uma recaída fêmea e o levou para Lesbos. Foi a sua consagração. Lá teve acesso à Tábua de Esmeralda e o Corpus Hermeticum, aprendendo a mexer com o planeta e atravessar paredes. Foi quando se tornou trimegistos e teve entre as mãos a pedra filosofal. A revelação final. Aí se encontrou numa esquina com Zaratustra e aprendeu a ficar invisível. A evolução da maestria iniciática. Achando pouco, se envolveu com harimtus e ishtaritus na Babilonia, tendo contato com a doutrina Tao, o Caminho e a Senda Suprema da Natureza: “Se, em uma noite, ele puder ter intercurso com mais de dez mulheres, tanto melhor”. U-hu!! Estava feito, lavou a jega! Ué, melhor que isso só outro disso junto com uma carrada dessa em cima. Estava no apogeu da sua evolução mística. Nisso foi conduzido por uma amante insaciável hindu pela “Arte da Câmara de Dormir”, aprendendo os mínimos detalhes do uso da Haste de Jade na Fenda Dourada e tomando afrodisíacos como a droga da galinha calva, a poção do chifre do veado, a bílis do macaco preto e Mingau de Cachorro. Virou deus e Príapo e esteve no culto dos prostitutos homens de Judá, quando botou a venta pra Grécia numa competição com Heracles, saindo vencedor ao violar duma só vez e numa mesma noite 51 virgens. Era o deus de todos os deuses. Foi daí que encontrou com Jesus Cristo e este encaminhou para as servas de Afrodite, as hetairas insaciáveis que na verdade eram adeptas do mestre Tsung-hsuan e o iniciaram nas sendas de Ishtar, a deusa do amor. Cristo o batizou finalmente, nomeando-o o maior de todos. Virou, então, promiscuo entre as dançarinas de Bagdá, gozando das delícias de mais de 3 mil concubinas nas mil e uma noites dos haréns onde aprendeu todas as canções de amor árabe. Era a glória!



Imagem: Giuliano Romano


Quando deu por si, estava praticando a Sultana Valideh entre um bocado de assanhadas do harém otomano. Nem pestanejou e já estava enrabichado com Dama Pan Chao com quem dividiu noites libidinosas com a leitura do “Livro dos Ritos” de Confúcio, até que entediado se arretou com o puritanismo das “Tábuas de Méritos e Deméritos”. Deu o fora e se envolveu com cortesãs chinesas que o levaram para Shen te-fu na sala dos Budas Joviais. Daí foi ter no menir de Kerkloas onde uma jovem casadoura se escorregava nuínha da silva aos seus passos. Agarrou e fodeu até 600 dias encarreados. Insatisfeito, foi até a fonte sagrada de Besné, em Loire-Atlantique, onde uma sacerdotisa sexy passeou sua cheba nua pela venta dele e alinhou todos os planetas. Tacada de mestre! Não demorou muito e já era a profetiza Véleda se enroscando safada com ele, escondendo tudo na sua túnica negra, sua carne branca, olhos azuis, lábios rosados, longos cabelos louros, num teitei medonho de esbaldar nas pedras-do-diabo pelo dólmen de Potangis, em Marne. Ele perdeu-se dentro dela e só se achou quando chafurdou com Otávia, irmã do imperador Augusto. Por troco, foi buliçoso nas intimidades de Julia, filha do imperador Tito. E, de lambuja, enrabou uma ornatriz ninfomaníaca que recitava a Ars Amatória de Ovidio. Na saída, uma rameira romana enredou-lhe num prazer báquico de aprender a teoria da roleta do Vaticano numa noite de esbanjar em plena vigência da lei Oppiana. Tudo era seu.




Depois disso, nem 10% de tudo que ocorreu estava pronto para ser revelado duma vez só, mas foi quando teve com o mestre Tung-hsuan, com quem teve acesso ao Kamasutra de Vatsyayana, assimilando o hindu indiano, para quem o sexo é um dever religioso. Nessa hora estava por debaixo das vestes e nudez de Pavarti, a inacessível de muitas formas, num ritual da sati, quando aprendeu todos os ritos básicos tântricos hindus e do Mahabharata, entoando o mantra “A jóia está no lótus”, para ficar uno com o Mundo do Espírito em si.



A partir daí sua odisséia não teve mais fim.



Imagem: Giuliano Romano


Só para ter uma idéia, por exemplo, foi ele quem enquanto mordia a pele duma mourisca doida de pedra, ensinava Marco Polo a navegar. Foi ele quem satisfez Heloisa nas noites solitárias depois da castração de Abelardo. Foi ele quem se lambuzou nas carnes nuas da Madame de Pompadour que lhe ensinou política. Foi ele quem, depois de uma aventura descabelada com Ema, a fez presente para Flaubert. E por aí vai. Entre tantas outras, depois de um furunfado bom numa galega de 2 metros de altura, ensinou Donizetti a como fazer o Elixir do Amor. Também depois de se enfiar noites a fio nas carnes de Carlota Corday, preparou a jovem para assassinar Marat, quando escapuliu e deu uma cobra domesticada pro Goethe. Foi por aí que teve um affair com uma adepta da Eubiose, quando esteve com São João Bosco e deu um toque para que ele antevisse a criação de Brasília, se acochando num fumo-de-Angola com uns tapas bem dado no braquearo até fugir com uma madrasta fogosa inglesa que foi bater nua enrolada num morim na ilha da Máfia, no Índico. Lá acasalou com uma negona do cabelo-mal-com-cristo, todo Mané-gostoso se banhando em maceiós até chegar na Bahia, bater bombo no xangô e se engalfinhar com uma Maria Bonita noite a dentro nas umbigadas de uis e ais, todo capaz de mamar-em-onça e ensinando sanfona a Luis Gonzaga e puxando maior rastapé até levar um lero com o ET de Varginha e de lá bater com uma frochosa mineira em Copacabana, enquanto ensinava poesia pra Chico Buarque. São só pouquíssimos exemplos, nem o,10% do tanto que se pode contar do padre Bidião, principalmente quando ele amalucou e resolveu criar o seu templo bidiônico.


OS SÍMBOLOS BIDIÔNICOS:



A instalação da igreja deu-se quando ele recebeu Ankh, a cruz ansata.


O símbolo da igreja é o santo bode Frederiko. E todos seguem o Evangelho Segundo Padre Bidião.



Amparo do Céu, columba, principal vestal e guardiã do umbral.


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