sexta-feira, agosto 22, 2008

JOÃO UBALDO RIBEIRO, JAMESON, GOYA, MAITE ZUBIAURRE, REKOUANE KAMEL, LITERÓTICA, HORÁRIO ELEITORAL & ZÉ BILOLA


 
Art by Rekouane Kamel


CAMPANHA DO ZÉ BILOLA - Zé Bilola tava inheto! Deu uma comichão na idéia, a ponto da fabricação da bosta deixá-lo com a biziga da língua coçando para desarnar na campanha. Pois é, quando a munganga se acende é pantim como a peste. Segura o trupé. Vambora. A periclitância tirou o amuo do bocó, dele inventar de meter as catanas num comício relâmpago. Ôxe, ele subiu no tamborete com a empolgação dos desarnados e na primeira cuspida do verbo foi bastante para ele fazer a primeira merda: errou o nome da comunidade, comendo uma por outra. Maior opróbrio. De começo, zunzunzum. Depois, deixaram correr. E o povo só se ria, levando nas coxas. Foi aí que ele deu de precavido, se espremendo para futucar a profundidade da sabença para de lá tirar algo de serventia que impressionasse a mundiça. E caprichou nos plurais, neologismos e onomatopéias. Tome blá blá blá. Ninguém entendia nada nem havia quem tivesse a astúcia de desvendar aquele aranzel estropiado. Eita! Era. E cada vez mais o cara se espremendo exaltado deixando o povaréu zarolho de queixo-caído e com a maior cara de tacho. É. E quanto mais o ocridio se espremia gesticulando doido no ar, mais o quengo dele queimava os chifres e fedia à bosta. Eram as catracas do juízo abilolado se lascando na remoeta das idéias de só ficar o fedor de borborigmo no ar. E tome nhenhenhém. Até que no auge do desespero do seu imbróglio estapafúrdio, eis que um no meio do desaviso um arrepiado PUM! intercala entre um arroto e o dialeto agoniado dele. Isso com o impulso de quase soltar fora a perereca com o impacto. Ah, foi um mijadeiro de risadagem. Ninguém se agüentou. Até o mais tinhoso abriu da vela, hihihihi. Ah, foi aí que ele se arretou: - Vocês sã uns bocado de malinducados qui num arrespeitam nem o nervosismo do candidato torando um aço da porra para alinhar as idéia direito, ora! Vão tudo para porra! Abufelado, fez cena de que num tava entendendo nada, arriou a venta injuriada na cacunda e zarpou com o rabinho entre as pernas. Eita, Zé Bilola azoado da gota! Veja mais aqui


DITOS & DESDITOSO sono da razão gera monstros, pensamento do pintor e gravador espanhol Francisco de Goya (1746-1828). Veja mais aqui e aqui.

PÓS-MODERNIDADE – [...] Assim, na cultura pós-moderna, a própria ‘cultura’ se tornou um produto, o mercado tornou-se seu próprio substituto, um produto exatamente igual a qualquer um dos itens que o constituem: o modernismo era, ainda que minimamente e de forma tendencial, uma crítica à mercadoria e um esforço de forçá-la a se auto-transcender. O pós-modernismo é o consumo da própria produção de mercadorias como processo [...] a cultura do simulacro entrou em circulação em uma sociedade em que o valor da troca se generalizou a tal ponto que mesmo a lembrança do valor de uso se apagou, uma sociedade em que, segundo observou Guy Debord, em uma frase memorável, ‘a imagem se tornou a forma final da reificação’ (A sociedade do espetáculo) [...] uma prodigiosa expansão da cultura por todo o domínio do social, até o ponto em que tudo em nossa vida social – do valor econômico e do poder do Estado às práticas e à própria estrutura da psique – pode ser considerado como cultural, em um sentido original que não foi, até agora teorizado [...] talvez possa ser interessante explorar a possibilidade de ter sempre sido assim ao longo de toda a história humana, e mesmo durante os modos de produção pré-capitalistas mais antigos, radicalmente diferentes [...]. Trechos extraídos da obra Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio (Ática, 1996), do crítico literário e teórico estadunidense Fredric Jameson. Veja mais aqui.

A CASA DOS BUDAS DITOSOS[...] Então veio o estupro, um inegável estupro. [...] e pareceu que um redemoinho me pegou, meus olhos só viam em frente, meus ouvidos zumbiam, e eu falei, levantabdo a saia e baixando a caço: - Chupe aqui. [...] Falei com energia e puxei a cabeça dele para baixo pela carapinha e empurrei a cara dele para dentro de minhas pernas, a ponto de ele ter tido dificuldade em respirar. [...] Imediatamente, já possessa e numa ânsia que me fazia fibrilar o corpo todo, resolvi que tinha que montar na cara dele, cavalgar mesmo, cavalgar, cavalgar e aí gozei mais não sei quantas vezes, na boca, no nariz, nos olhos, na língua, na cabeça, gozei nele todo e então desci e chupei ele, engolindo tanto daquela viga tesa quanto podia engolir, depois sentindo o cheiro das virilhas, depois lambendo o saco, depois me enroscando nele e esperando ele gozar na minha boca [...] Virgindade só se perde uma vez e, já que eu criara a oportonudade para me livrar dela do jeito que idealizara, não ia desperdiçar satisfação tão plena. [...] e reenfiei o pau dele tanto quanto pude na boca e só parei quando senti ele gozando quase em minha garganta [...] mulher plenamente sadia gosta de pau duto e gosta de penetração [...] todas as mulheres – todos os homens, mas agora que falar de mulheres – já sentiram e sentem um momento em que são puramente sexo e pulsam sexo por todos os lados e ficam com medo de si mesmas e se descontrolam e compreendem tudo sobre sexo e querem tudo, é uma sensação avassaladora de absoluta sexualidade, um momento em que a sacanagem toda conta de tudo, e ela se sente femea, devassa, puta, ela faria tudo, tudo, ela quer foder, ela que fazer tudo! Toda mulher não dá a bunda sente vontade de dar a bunda nessas horas, toda mulher que nunca deixou gozarem em sua boca sente vontade de chupar um pau até que ele esguiche forte em sua boca, toda mulher assim limitada sai desses limites nessas horas, finge que não tem problemas. Todas iguais. [...]. Trechos extraídos da obra A casa dos Budas ditosos (Objetiva, 1999), do escritor, jornalista e professor João Ubaldo Ribeiro (1941-2014), com ilustrações de Adriana Varejão. Veja mais aqui e aqui.


O EROTISMO DE MAITE ZUBIAURRE – Reunião feita pela professora da Universidade da California (UCLA), em Los Angeles, Maite Zubiaurre, reunindo material fotográfico erótico e pornográfico do início do século XX na Espanha, bem como do pensamento de filósofos e escritores da Geração 98. Veja mais aqui e aqui.


Art by Rekouane Kamel


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