Art by Carlos V. Pinto
LITERÓTICA: AS GARRAS DA FELINA – Art by Carlos V. Pinto -
Sigo à procura do teu
cheiro felina de todos os aromas, sabores e versos. E quero a tua íris dilatada
de brilho no olhar de breu na noite de caça. Sei que vens amestrada quando quer
nas savanas do meu desejo, inupta e nua, pronta para cravar tuas garras
retráveis na pele da minha febre ambiciosa. Sei que vens com o teu incenso que
povoa meus sentidos. E vens de longe e já estás tão perto espreitando minhas
vulnerabilidades de amante. Se não te vejo, logo percebo o teu perfume no
ronronar vigoroso. Vens tão arredia e adulta e arisca no bulício macio do teu
passo silencioso, do teu flexível expressar na índole carniceira que já sei
prontinha para estraçalhar o meu poema esganiçado. Acuada no átimo, vens com
aguda audição e olfato aguçado: um jeito Márcia Tiburi no parque exclusivo da
minha alucinação. Indefeso, eu adivinho tua presença como quem flagra o
iminente em riste e almejo o teu sexo como a salvação dos mortais. Não há como
adiar e reajo, persigo teus passos suspensos no ar com meu faro. E adivinho a
tua toca: o reduto da tigresa, onde alcanço toda amplitude da imensidão.
Encorajado pela silhueta de teu dorso, circundo teu corpo, arranco as vestes,
desnudo com afinco como se conquistasse o meu Brasil ideal: assimétrico e
sedutor. E com o achado certeiro vou revolvendo tua intimidade completa de
folhas e chilreios submersos, sinuosidades, saliências e reentrâncias: a nudez
deificada. Acossada por mim vai rendendo o dorso para a minha travessia
caleidoscópica no belo sexo, onde a maiêutica e a vida nascem e renascem nos
encontros, desencontros e reencontros: o gozo repetido de satisfação. Sou teu.
És minha. E teu desabrochar é a concha dos segredos que te fazem espectro
acessível acolhido na minha loucura dionisíaca. E embriagados como imigrantes
do chão estalamos nossos beijos com marca de tormento e graça e nos dizemos
estranhos do mesmo anátema que se dissipa em nossas descobertas abrasadas: o
amor, a paixão e o sexo. A fera e a presa: a corrente do rio na certeza de mar.
Quando a febre apazigua no gozo, me deito em seu corpo – meu ideal travesseiro
– para nele saber de mim, de ti e de tudo. © Luiz Alberto Machado. Veja mais
aqui.
Art by Carlos V. Pinto
PENSAMENTO DO DIA – [...] O amor é a emoção que constitui o domínio de ações
em que nossas interações recorrentes com o outro fazem do outro um legítimo
outro na convivência [...] o amor
é a emoção que funda o social [...] o
central na convivência humana é o amor. [...]. Pensamento extraído da obra Emoções e linguagem na educação e na
política (UFMG, 1998), do
neurobiólogo chileno e criador da teoria da autopoiese e da biologia do
conhecer, Humberto Maturana. Veja mais
aqui.
O
CORPO HUMANO - [...] o corpo não é uma unidade
isolada que entraria em relação com outras unidades isoladas, mas é um ser
originária e essencialmente relacional: é constituído por relações internas
entre os corpúsculos que formam suas partes e seus órgãos e pelas relações
entre eles, assim como por relações externas com outros corpos ou por afecções,
isto é, pela capacidade de afetar outros corpos e ser por eles afetado sem se
destruir, regenerando-se, transformando-se e conservando-se graças às relações
com outros. [...] a singularidade do
homem como unidade de um corpo e de uma mente é imediata – a união não é algo
que lhes acontece, mas aquilo que um corpo e uma mente quando são corpo e mente
humanos”. O corpo possui, assim, um papel central e imprescindível nos
processos cognitivos, que envolvem, de parte a parte, a sensorialidade.
[....] Trechos
extraídos da obra Desejo, paixão
e ação na ética de Spinosa (Companhia da Letras, 2011), da filósofa e educadora brasileira Marilena
Chauí. Veja mais aqui.
A EDUCAÇÃO NA SOCIOLOGIA DE MAX WEBER - A contribuição de Max Weber está na proposta analítica das
condições da produção da ciência e da carreira universitária na Alemanha, para
isso utiliza-se de comparações com as condições nos Estados Unidos, pois, esse
é o país que mais se contrasta com a realidade alemã Nesse seu esforço, Weber
apresenta a tendência da racionalização, burocratização e a especialização cada
vez maior na Alemanha. Sobre a burocratização da universidade e a comparação
desta às empresas, o autor afirma que os docentes das universidades estão
passando pelo mesmo processo de desapropriação de suas ferramentas e da
especialização do trabalho que os artesões haviam passado com o aparecimento da
indústria, apresentando contrastes na universidade, na carreira docente e na
ciência. O autor pontua especificidades entre a erudição e a docência; o
diletante e o perito; o líder e o professor; a ciência e a arte; o profeta e o
demagogo; o acaso e a capacidade.Ele reafirma a tese do desencantamento do
mundo, assinalando que o destino de nossos tempos é caracterizado pela
racionalização e intelectualização e, acima de tudo pelo “desencantamento do
mundo”. Precisamente os valores últimos e mais sublimes retiraram-se da vida
pública, seja para o reino transcendental da vida mística, seja para a
fraternidade das relações humanas diretas e pessoais. Para o autor, esse
desencantamento é resultado da dominação racional-legal burocrática. Essa
problemática Weber vai sistematizar em seu texto “Burocracia”, presentando as
especificidades da burocracia de “tipo ideal”.educação, preocupado em indicar o
tipo de formação exigida pela moderna burocracia na busca cada vez maior da
eficiência e da técnica, a exigência cada vez maior de peritos na ocupação dos cargos
nas estruturas públicas como das privadas, sendo os “exames especiais” e seus certificados
os critérios de seleção. A idéia de formação, treinamento e educação na
ocupação dos cargos nas estruturas burocráticas como a da formação do homem
culto, educação para a vida, vai ser mais bem desenvolvida em “Os letrados
chineses”, onde Weber apresenta como a China organizou uma estrutura de
formação e educação dos ocupantes de cargos em sua burocracia. Uma das
singularidades dessa formação está em seu caráter laico e literário. A relação
da educação com a burocracia chinesa e o conjunto da sociedade, onde durante
doze séculos, a posição social na China foi determinada mais pelas qualificações
para a ocupação de cargos do que pela riqueza. Essa qualificação, por sua vez,
era determinada pela educação, e especialmente pelos exames. A China fizera da
educação literária a medida do prestigio social de modo o mais exclusivo, muito
mais do que na Europa durante o período dos humanistas, ou na Alemanha. Essa
educação dos letrados, funcionários, dava-lhes prestígio e carisma, não porque possuíam
qualidades sobrenaturais, mas por dominar os conhecimentos da escrita e da literatura,
legitimados pelos exames que “comprovavam se a mente do candidato estava embebida
de literatura e se ele possuía ou não os modos de pensar adequados a um homem culto e resultantes do
conhecimento da literatura. Aí, Weber
apresenta seus “tipos ideais” de pedagogia e sua finalidades: a pedagogia do
carisma e, seu oposto, a pedagogia do treinamento e entre essas a pedagogia do
cultivo assim descrita pelo autor. Com relação à pedagogia do cultivo essa tem
como finalidade “educar um tipo de homem culto, cuja natureza depende do ideal
de cultura da respectiva camada decisiva. E isto significa educar um homem para
certo comportamento interior e exterior na vida. Os tipos ideais de pedagogia e
suas diferenças são as mesmas apresentadas pelo autor nos tipos ideais de
dominação, ou seja, a pedagogia do carisma esta para a dominação carismática
como a pedagogia do cultivo esta para a dominação tradicional e a pedagogia do
treinamento esta para a dominação racional-legal. Portanto, no campo da educação
Weber também se mostra saudoso das formas pré-capitalista e pessimista em relação
às formas capitalistas de sociedade. Veja mais aqui e
aqui.
A HISTÓRIA DE PLATÃO BACROF – [...] Lídia dedicava um afeto muito estranho ao
porteiro. Sorria-lhe amavelmente e às vezes até lhe a esmola de uma ou duas
palavras insignificantes. [...] E
desde esse momento, seu interesse por Platão aumentou. Não porque acreditasse
ter descoberto nele um príncipe de conto de fadas, mas, simplesmente porque
achava curioso conhecer os sentimentos de um homem que varria o pátio da sua
casa... [...] Revelei-lhe,
francamente, que Platão estava apaixonado por ela, lembrei que o primeiro amor
apodera-se do coração do homem por toda a vida... Lídia estremeceu, desdenhosa;
seus olhos arregalaram-se de estupefação, suas faces coraram e começou a
passear, agitada, pela sala. [...] Deplorei,
então, amargamente, ter contado tal coisa a Lídia, sem pensar na sua
inconsciência infantil. [...] Sem
dúvida, contava com a visita de Lídia. E morreu naquela noite. Cumprindo a
promessa, mandei a Rostoff os livros que havia deixado. Seus cadernos de
versos, ele os queimara na estufa, segundo disseram os criados, mas, entre os
volumes, encontrei uma folha de papel de carta amarelada e nela, com letra corrida
e o entusiasmo da adolescência estavam escritas [...]. Trecho extraído do
conto A história de Platão Bacrof, do escritor e dramaturgo russo Máximo
Gorki (1868-1936). Veja mais aqui.
MEU AMOR - Em outro corpo vai meu amor
por esta rua, / sinto seus passos embaixo da chuva, / caminhando, sonhando,
como em mim já faz tempo… / Há ecos de minha voz em seus sussurros / posso
reconhecê-los. / Tem agora uma idade que era a minha, / uma lâmpada que se
acende ao nos encontrarmos. / Meu amor que se embeleza com o mar das horas, / meu
amor no terraço de um café / com um hibisco branco entre as mãos, / vestida à
antiga do novo milênio. / Meu amor que seguirá quando me for, / com outro riso
e outros olhos, / como uma chama que deu um salto / entre duas velas / e ficou
iluminando o azul da Terra.
Poema do poeta venezuelano Eugenio
Montejo (1938-2008).
Art by Carlos V. Pinto
Veja
mais sobre:
Maioridade
precoce, Elfriede Jelinek, Lera Auerbach, Diana
Vishneva,Pierre Alechinsky, Literatura de Cordel, Giulia Gam, Walter Huggo Khoury & Deus Ludens aqui.
E mais:
Sêneca, Nauro Machado, Antonio Carlos Nóbrega, George
Wald, Newton Moreno, Philippe Garrel, Clotilde
Hesme, Cidadania na Escola, Elizabeth Boott Duveneck, Distanásia &
Crimes contra a administração pública aqui.
A
educação na sociologia de Durkheim aqui.
Cícero
& A República, Besta Fubana, Trela do Doro, Tolinho & Bestinha aqui.
Fecamepa:
quando
a coisa se desarruma, até na descida é um deus nos acuda! Aqui.
A educação
no Positivismo de Comte aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá!
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.