sexta-feira, maio 23, 2008

EINSTEIN, COLETTE, MONTALE, PRIGOGINE, YOLANDA DORDA & FECAMEPA

 
Art by Yolanda Dorda.

FECAMEPA & A CORRUPÇÃO INEIVADA - Gente, bote espórtula na jogada que o negócio é feio. Pois, tem gente de peso que diz aos quatro cantos do mundo que se não fosse a corrupção, o Brasil seria muito mais justo e estaria noutro patamar de desenvolvimento. E eu que tenho as orelhas na frente da pulga, não duvido disso não. É só a gente assuntar direitinho para adivinhar as molhadas de mãos nas ajeitadas de bolsos dos casacudos de todas as regiões do país, os pés-de-peru e os calabocas vultosos nos arrumadinhos e maracutaias que explodem inadvertidamente por todos os gabinetes oficiais, a vista grossa com os abusos de poder, de improbidades e ajeitados que grassam impunemente em qualquer circunstância de compadrio ocasional, enfim, tudo que existe na conveniência da vantagem: ao inimigo, as barras da lei; aos amigos de plantão, toda salvação dos céus. Se não fosse tudo isso, o Brasil seria outro. E como seria, hem? De um lado a gente se depara com um calhamaço de lei, algumas do tempo do ronca, outras nascituras, muitas letras mortas e outras caladas na vigência dos interesses. Chega da gente se perguntar: pra que tanta lei, meu deus, apesar da compulsoriedade jamais será cumprida. De outro, a bancarrota reinando sobre a sucata enquanto alguns poucos privilegiados arrotam abastança sobre a carniça, tudo amontoado para a ineficiência e agrado dos apadrinhados. Enfim, qual mesmo aparelho funciona num Estado corrupto, obeso e falido? Aqui é tudo na lei do puxa-encolhe, é onde reina o foro privilegiado, o apagão aéreo, a improbidade administrativa que não alcança os políticos, os usineiros que são tratados como heróis, a impunidade comendo no centro e tudo acontece para tomar doril num arquivo morto do esquecimento. Não bastando isso, ainda vem o desplante do aumento dos deputados que partem pro agrado promovendo outros aumentos no Executivo e no Judiciário, ampliando a corda-de-guaiamum da descaradice. Isso sem contar com a conivência do Judiciário a todo momento com vendas de sentenças, solturas duvidosas, arquivamentos estranhos e bote etc na etc. Tudo isso premiando a improbidade administrativa que só lasca apenas os funcionários-do-rabo-fino. No meio dessa conchavada toda, sei que não vai sobrar nada que preste para o brasileiro em geral. Como tudo é na base do truque e do toma-lá-dá-cá, tudo fica podre em Brasília e pulveriza a fedentina intragável no país inteiro. Resta a gente tomar a iniciativa e botar para ferver a temperatura na cobrança do funcionamento do Estado. Se o governo sumiu, vamos fazer isso desenvultar e botar pra moer geral. E vamos começar com os prefeitinhos de merda que chegam liso e enricam da noite pro dia e com os vereadores que gritam o que a gente precisa e só enchem o bolso com o atendimento dos interesses alheios aos nossos! Vamos juntos e merda neles, gente! No mais, vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!!!! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

Art by Yolanda Dorda.

PENSAMENTO DO DIATodos somos muito ignorantes. O que acontece é que nem todos ignoramos as mesmas coisas. Pensamento do físico teórico alemão Albert Einstein (1879-1955). Veja mais aqui.

INFORMAÇÃO CIENTÍFICA - [...] Um dos pontos capitais é a disseminação da informação cientifica, mesmo porque se trata de um problema essencial da democracia. Um país de nível tecnológico não pode existir sem que a ciência tenha raízes profundas na nação, sem que todos estejam a par das discussões. Considero antidemocrático não difundir os avanços científicos ou mantê-los unicamente sob domínio da elite cientifica especializada. Por outro lado, é preciso assegurar aos cientistas condições satisfatórias para estarem atentos à época em que vivem. [...]. Trecho extraído da entrevista concedida pelo químico russo Prêmio Nobel de Quimica de 1977, Ilya Prigogine (1917-2003), retirada da obra Conversações: entrevistas essências para entender o mundo (Cultura, 2008), de João Lins de Albuquerque. Veja mais aqui.

BELAS DE DIA – [...] Levantou-se, iluminada pela esperança. E eu respondi “sim” a cada uma de suas perguntas, cheia de boa vontade e com o desejo de satisfazê-la... Olheia-a afestar-se pelo passeio, com o seu passinho curto exigido pelos saltos altos... Na verdade, talvez ele a ame... E se ama, chegará a hora em que, apesar de todos os cosméticos e fraudes, ela tornar-se-á para ele, a presença sedutora, a helênica pagã de cabelos soltos, a ninfa de pés intatos, a bela escrava de quadris redondos, nua como o próprio amor... Trecho extraído do conto Belas de dia, da escritora francesa Sidonie Gabrielle Colette (1873-1954).

DOIS POEMAS - LA BELLE DAME SANS MERCI - Sem dúvida as gaivotas cantonais esperaram em vão / as migalhas de pão que eu lhes lançava / em teu balcão para que ouvisses / mesmo ferrada no sono os seus estrídulos. / Hoje faltamos os dois ao encontro / e o nosso café da manhã esfria entre as pilhas / para mim de livros inúteis e para ti de relíquias / que ignoro: agendas, estojos, vidros e cremes. / Maravilhoso o teu rosto se obstina ainda, recortado / sobre o pano de fundo de cal da manhã; / mas uma vida sem asas não o alcança e o seu fogo / sufocado é o lampejo de um isqueiro. Ó VIDA - / Ó vida, não te peço lineamentos / fixos, vultos plausíveis ou possessos.  / Sinto que no teu giro inquieto o mesmo / sabor que tem o mel tem o absinto. / O coração propenso todo ao vil / raro se afeta com pressentimentos. / Tal como soa às vezes no silêncio / do descampado um tiro de fuzil. Poemas do poeta italiano Eugenio Montale (1896-1981).

Art by Yolanda Dorda.

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