segunda-feira, setembro 24, 2007

SCHOPENHAUER, COMENIUS, CASCUDO, JÚLIA LEMMERTZ, SANDRA DUAILIBE, WANDERLÚCUA WELERSON & MUITO MAIS!



BAMBAQUERÊ NO ELASTÉRIO - Por volta de 1983 a correria era grande, trabalho, faculdade, preparativos pro show. Já havia lançado o meu segundo livro de poesia, o A intromissão do Verbo. Também o Grupo III Produções Artísticas, sob a direção de José Manoel Sobrinho, fez a leitura do meu segundo texto teatral A viagem noturna do sol, na sala Clênio Wanderley, na Casa da Cultura de Recife. Nem os atores gostaram do texto, imagine. José Manoel como era teimoso, preparava a direção de um show meu com participação especial de Augusto César. Preparava porque não fosse eu acometido por um acidente brabo, a coisa ia dar para lá de certo. Certa manhã eu saí de casa ainda ressacado da correria e da cerveja, quando perdi a paciência de esperar o ônibus Pinheiros sempre atrasado e sem hora para passar, e desci a avenida até o cruzamento com a rua Arquiteto Luis Nunes. Cheguei na guarita e fiquei conversando com uns vizinhos enquanto aguardava a condução. Eis que dois automóveis entabacados e fizeram o maior embucetamento! Era o cruzamento entre as duas vias e colidiram. Um deles me pegou quando eu estava escorado num poste e embaixo da marquise. O carro errou o poste e me acertou. Por sua vez, eu arrastei mais uns três comigo. Fiquei com a cara enfiada na lama entre o meio-fio e o asfalto. Socorreram os outros porque me deram por já falecido, amém. Não sei quanto tempo depois, eu me virei querendo berrar. Foi que me socorreram e me jogaram numa maca no Hospital da Restauração. Lá, pelo que pude ver, tinha mais de quinhentas macas jogadas ao abandono, embaixo de umas bocas de ar condicionado que engelharam meus dedos e me prepararam para uma tuberculose. Ia morrer de qualquer jeito. Cheguei lá no monturo por volta dumas oito horas da manhã e só uma hora da tarde foi que me atenderam, quando a assistente social do banco chegou com meus familiares. Começaram a me examinar, tiraram raio X, costuraram a ponto cru um samboque atrás da minha orelha esquerda – a anestesia não pegava porque eu ainda estava com aquele famoso bafo de cachaça peculiar. O médico providente antes de costurar o talho, mandou retirar todas as mulheres do recinto porque sabia que eu ia me estuporar todo. E foi: ele cerzia meu juízo e eu comia a mulher dele, a filha dele, a mãe dele e o cu dele e de todos os que estivessem por ali. Uma dor da porra! Depois disso, enrolaram meu braço esquerdo numa tipoia para lá de malfeita e me arrastaram para ambulância que findou me metendo dentro do carniceiro Neuro. Quando cheguei lá, às carreiras me sacolejaram para uma enfermaria, fizeram uma bandagem apertada no meu braço esquerdo e me deixaram lá com a cabeça zunindo, o braço doendo e o mundo reduzido a um velho que estava deitado de lado e só mexia os olhos. Do outro lado, um sujeito nu com uma bala na nuca e cheio de soro e sangue por todo o corpo. Anoiteceu e a bicharada comeu a noite toda: insetos e viados. Era cada mutuca que levantava uns calombos doloridos na minha carne. Os viados – nada contra, mas que fui maltratado, fui! - eram os enfermeiros que chegavam na maior risadagem perguntando se eu não queria mijar. Como estava com o braço esquerdo inutilizado, eles queriam fazer a festa comigo. E fizeram: e me levaram pro banheiro, arrearam meu pijama, pegaram no pingolim, esperaram eu mijar e depois ficaram acariciando meu membro e ainda diziam: - Não reclame, nem faça nada, deixe com a gente senão você se fode. Coitado de mim, eles brincaram com meu mijador um bocado de tempo, mesmo eu desminlinguido com a cabeça rodando de um zoadeiro sem fim e sem força pra fazer nada. Eles amolegavam tanto que quando viram que eu não levantava nada, iam embora para lá de chateados. Dois dias depois abandonado ali, comecei a espernear até que meus parentes puderam entrar e eu convencê-los de que queria sair dali urgentemente. A assistente social contrapondo o meu desejo alegou que, por se tratar de acidente do trabalho, se eu saísse o banco não teria mais nenhuma responsabilidade comigo. Ainda mais tinha a ameaça médica de que eu poderia endoidecer a qualquer momento. Bem, doido sempre fui. Uma loucura a mais, não faria a menor diferença. Saí assim mesmo. Foram três meses e meio de fisioterapia na clínica de fraturas. E ainda fui levado pela polícia para depor sobre o acidente: - Eu estava de costas, escorado num poste, embaixo da marquise da guarita de passageiros. Quando dei fé, só ouvi o barulho da frenagem e depois de um tempo, me acordei ensanguentado deitado no asfalto, foi o que vi. Escapei dessa, quase bato as botas de verdade. Ponto final. Veja mais aqui

Imagem: Nu, do artista visual Malcolm Liepke. Veja mais aqui.

Curtindo o álbum Do princípio ao sem-fim (2006), da cantora Sandra Duailibe. Veja mais aqui.

EPÍGRAFEOs eruditos são aqueles que leram livros; mas os pensadores, os gênios, os iluminadores do mundo e os promotores do gênero humano são aqueles que leram diretamente no livro do mundo, trecho do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860). Veja mais aqui e aqui.

COMUNHÃO – O educador, cientista e escritor checo Comenius - Jan Amos Komenský (1592-1670), é autor de diversas obras, entre elas Labirinto do Mundo (1623), O Anjo da Paz (1667) e A Única Coisa Necessária (1668), entre outras, das quais destaco o trecho: Queremos que os seres humanos, individual e coletivamente, jovens ou velhos, ricos ou pobres, nobres ou plebeus, homens ou mulheres, possam ser plenamente educados e se tornar seres humanos realizados. Queremos que sejam perfeitamente instruídos e informados, não apenas sobre um ou outro ponto, mas também sobre tudo o que permite ao ser humano realizar integralmente sua essência, aprender a conhecer a verdade, não ser enganado por falsos pretextos, amar o bem e a não ser seduzido pelo mal, fazer o que deve ser feito e evitar o que precisa ser evitado, falar com sabedoria de tudo em com todos, e nunca se desviar de seu objetivo maior, que é a felicidade. Veja mais aqui.

TRÊS CIDRAS DE AMOR – No livro Literatura oral no Brasil (Itatiaia, 1984), do historiador, antropólogo, advogado e jornalista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), no qual destaco a narrativa das Três cidras de amor: Um príncipe andando à caça encontrou três cidras e abriu a primeira quando teve sede. Apareceu uma formosa menina, pedindo água e morreu por não a beber. O mesmo sucedeu à segunda. A terceira, ainda mais bonita, viveu porque o moço lhe deu água. Levou-a para o palácio e como estivesse despida fê-la subir a uma árvore e esperar que ele voltasse, trazendo roupa. A moça ficou oculta entre a folhagem dos ramos. Uma preta veio encher a cantarinha d’água e, vendo refletida na fonte a face da moça encantada, julgou ser a própria e fritou, quebrando o pote: - menina tão bonita não deve andar a carregar água. A moça riu e a preta, avistando-a, acariciou-a muito, indo catar0lhe a cabeça e meteu-lhe um alfinete num ouvido, transformando-a em pomba. Quando o príncipe voltou e viu a negra, feia e preta, perguntou pela moça. – Sou eu, príncipe, que fiquei crestada pelo sol! O príncipe levou-a e casou com ela. O hortelão do rei quando regava as flores, viu uma pomba branca que perguntava pelo rei e pela preta Maria. O hortelão respondia e a ave se queixava de viver perdida. O rei, sabendo do fato, mandou armar um laço de fita para pegá-la. Inutilmente. Substituíram-no por um de prata e só se deixou cair em um de ouro. O rei começou a afaga-la e deparando a cabeça do alfinete, puxou-o, tirando-o. A moça desencantou, sendo reconhecida. Mataram a preta e viveram felizes para sempre. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

ILUSÃO – Entre os poemas da escritora, pedagoga, psicóloga e professora Wanderlúcia Welerson Sott Meyer, destaco o seu belíssimo poema Ilusão: Há muito deixei de correr atrás das borboletas / São encantadoras, mas dificilmente criam laços... / Não estabelecem vínculos. / Prefiro observá-las / Inebriar-me com a desenvoltura de suas asas / Deixá-las livres para que sigam seu destino. / Enquanto contemplo / Entrego-me aos sonhos... / Indagação sincera... / Como seria se permanecessem ao meu lado? / Encantariam com sua beleza? / Ou se converteriam em realidade? Veja mais aqui e aqui.

DAS AMOROSAS AO MOGLI - A atriz de teatro, cinema e televisão Júlia Lemmertz, estreou sua carreira de atriz ainda criança, tendo feito a sua primeira atuação no cinema, aos cinco anos de idade, ao lado da mãe, no filme As amorosas (1968). Mais tarde, em 1971, atuou no filme Cordélia, Cordélia. Ela começa no teatro com a Lição de Anatomia (1982) e seguem-se Gemini (1983), O que o mordomo viu? (1986), Orlando (1989), Viagem ao centro da terra (1992), Hamlet (1993), Eu sei que vou te amar (1994), As três irmãs (1999), Molly Sweeney (2006), Rastro de Luz (2009) Maria Stuart (2010), entre outras. No cinema atuou nos filmes As aventuras de Mário Fofoca (1982), Patriamada (1984), Mal Star (1984), A cor do seu destino (1986), Lua de cristal (1990), Vaidade (1990), Amor materno (1993), Jenipapo (1995), Glaura (1997), Mangueira, amor à primeira vista (1997), A hora mágica (1998), Um copo de cólera (1999), Até que a vida nos separe (1999), Amor que fica (1999), Tiradentes (1999), Nelson Gonçalves (2001), Joana e Marcelo, amor (quase) perfeito (2002), Poeta de sete faces (2002), Acquária (2003), Cristina quer casar (2003), As três Marias (2003), Jogo subterrâneo (2005), Gatão de meia idade (2006), Onde andará Dulce Veiga? (2007), Mulheres sexo verdades mentira (2008), Meu nome não é Johnny (2008), Bela noite para voar (2009), Do começo ao fim (2009), Amor? (2011) e Mogli, o menino lobo (2016). Também fez muito sucesso na televisão participando de diversas novelas. Veja mais aqui e aqui.

FEMME FATALE – O filme de suspense Femme Fatale (2002), dirigido pelo cineasta estadunidense Brian De Palma, é baseado no livro de James Ellroy e conta a historia de uma mulher que depois de enganar seus parceiros foge com diamantes. Sete anos depois ela muda de nome e se casa com o embaixador dos Estados Unidos e passa a morar na França. Mas os fantasmas de seu passado voltam a atormentá-la quando um fotógrafo tira uma foto sua. O destaque do filme é para a atriz e modelo estadunidense de origem holandesa Rebecca Romijn. Veja mais aqui e aqui.


VEJA MAIS:
As trelas do Doro, Doris Lessing, Maria Martins, Jean-Claude Brisseau, Virginie Legeay, Octave Tassaert & Jade da Rocha aqui
Martin Buber, Julio Verne, Abelardo e Heloisa, Pier Paolo Pasolini, Vangelis, Gustave Courbert, Rick Wakeman & Arriete Vilela aqui.  
Wolfgang Amadeus Mozart, Bronislaw Malinowski, Lendas Africanas, Silvio Rabelo, Bertrand Bonello, Anna Wakitsch, Sharon Bezaly, Paul Gustave Doré, Ju Mota, Jaci Bezerra & Ivoneide Lopes aqui.  

FECAMEPA - Gentamiga do meu Brasil do piriri-pororó!Depois que o Governo Federal respondeu minha crôniqueta "Quando o troço da CPMF entra no oba-oba do ora veja!" (veja detalhes no post abaixo), parece que a coisa mais se assanhou! Afinal, a intenção é uma; a destinação, é outra. É ou não é? Pergunto: se tem CPMF por que a saúde está em petição de miséria? Só tem saúde no Brasil quem pode usufruir de uma previdência privada. E os outros? ou melhor: e a grande maioria dos brasileiros, hem? Hum.... me responda quem for capaz.Pois bem, mais gente se manifestou a respeito e registramos as palavras de:Sônia van Dijck, escritora, poeta e professora universitária Antonio Washington de Almeida Gondim, professor universitárioSilas Correa Leite, poeta Revista Veja e mais:Celso Corrêa de Freitas, Carmen Sodré, Manoel Lima, Ligia Tomarchio, Floro Dória, Marcus Aranha, Eloy & Sally, Gorete Oliveira e Walter Medeiros (veja mais manifestações nos posts abaixo).Para ver tudo que já foi manifestado é só checar no Fórum do Guia de Poesia. E mais aqui.


 IMAGEM DO DIA
Mulher nua, do pintor, artista gráfico e ilustrador estadunidense Edward Hopper (1882-1967). Veja mais aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Veja aqui e aqui.