RATADAS &
ATASSALHADURAS
- Conheci Barretinho não lembro quando, acho que por volta de 75, por aí, só da
gente se apresentar tocando violão nas escadarias da igreja presbiteriana da
praça Maurity. Ele tinha umas músicas belíssimas e abafava com sua munganga
Roberto Carlos de cantar. O cara era jeitoso. A gente estreitou a amizade
quando ele me peitou para encenar uma peça do pai dele, o memorável teatrólogo
Fenelon Barreto. A peça era “Resignação”, parece que este o título mesmo.
Peguei a coisa e adaptei, chamei Gulu, Célio e a gente foi trabalhando a trilha
sonora. Depois consegui convocar Leia Almeida, Guarino, Givanilton Mendes e
outras pessoas que já havia experienciado o teatro. O local de ensaio era o
Fórum local, que fora cedido pelo Promotor de Justiça, Dr. Laércio Duá de
Castro Pacheco. Ensaiávamos todos os dias. Quando estávamos prontos para a estreia,
deu-se o chabu. O Barretinho chegou macambúzio porque os irmãos todos haviam se
reunido e exigiam uma vultosa fortuna para liberar a peça. Não havia dinheiro
para isso e o projeto foi por água abaixo. A gente só ficava rindo das
dificuldades. Depois disso Barretinho conseguiu me passar várias peças de
Fenelon porque parecia que os familiares haviam concordado em ceder os direitos
para apresentações. Afinal, a gente fazia mesmo teatro amador. A maior parte
das peças, umas quinze ou mais, acho, era tragédia da braba, como essa
Resignação. Mas teve uma comédia incrível que fiquei apaixonado: “O náufrago do
Mafalda”. Não havia como fazer a peça, a arenga dos herdeiros era grande. Até
que um dia Barretinho me aparece com um convite de um dos irmãos dele, Fernando
Barreto, de Gravatá, para conversar. Chegando lá, Fernando me presenteou um
desenho seu e alguns escritos que ele havia feito para eu publicar nos espaços
que dispunha. Conversa vai, almoço vem e Fernando dá a palavra de que a gente
pode encenar qualquer peça de Fenelon, sem exigêcnias do espólio. Tudo de boca,
não havia um taco de papel sequer assinado. Quando eu resolvi montar “O
náufrago da Mafalda” chega de novo Barretinho com a lengalenga de antes. Tem
jeito não, devolvi-lhe todas as peças de Fenelon e parti para outra. Anos
depois fiquei surpreso de encontrar o Luiz Barreto um paisagista danado,
ilustrando todas as ruas de Palmares. De Roberto Carlos ele passou a ser o
Picasso. Coisa da boa. Muito bom isso, saravá Barretinhamigo. (Luiz Alberto
Machado). Veja mais aqui e aqui.
Curtindo o álbum As sílabas (Dabliu/Eldorado, 2001), da
cantora do movimento cultural Vanguarda Paulista, Suzana Salles, a
maior intérprete brasileira atual da obra de Brecht e Kurt Weill. Veja mais
aqui.
EPÍGRAFE – Occultum
quantiens animo tortore flagellum, frase do poeta satírico e retórico
romano Juvenal (Décimo Júnio Juvenal – 55-127), com
relação ao chicote da consciência. Foi utilizada em um dos capítulos capítulo
dos Ensaios (Abril Cultural, 1987), do jurista, filósofo, escritor e
humanista francês Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592): Tal é o maravilhoso esforço da consciência!
Ela nos faz trair, acusar e combater a nós mesmos. Entre os provérbios
recolhidos por Mario Lamenza ela é apresentada como sendo: A consciência, cedo ou trade, será o mais severo acusador do culpado.
O místico sueco Swedenborg, na sua
obra Acana Coelestoa, escreveu que: A consciência é a presença de Deus no homem.
Já nos versos dos Chatiments, Victor Hugo expressou: A consciência do homem é o pensamento de Deus. Veja mais aqui, aqui
e aqui.
DIREITO
DE AMAR & DANOS DO AMOR
– No livro Responsabilidade civil nos
relacionamentos afetivos pós-modernos (Russel, 2007), de Ana Cecília de
Paula-Soares Parodi, destaco o trecho que ela fala do direito de amar e danos
do amor: [...] Uma inovação jurídica,
pela atribuição de uma designação para os danos próprios das investigadas
demandas indenizatóricas com fulcro na operação irregular dos relacionamentos
afetivos. Denominaremos tais lesões de – dano de amor – em alusão à principal
característica desses prejuízos, independendo se de ordem material ou moral,
mas sempre diferente de todos os outros danos civis pleiteáveis pela origem
causal de uma relação romântica, demandada exclusivamente pelos respectivos
parceiros. Os danos indenizáveis, ou lesões reparáveis são dos elementos mais
controversos [...] Dado que, no
direito privado é lícito às partes praticarem todos os atos que não lhes sejam
defesos em lei, é de se lembrar que não há regra no arcabouço normativo
brasileiro, que impeça a postulação reparatória por danos patrimoniais, sejam
de ordem material ou exclusivamente moral, inclusive de forma concomitante. [...]
será de carga de ônus do autor, provar
que o dano efetivamente existiu e foi sofrido pela vítima. De maneira
obrigatória, deverá ser certo e atual, não comportando a aplicabilidade de uma
teoria preventiva, nem englobando ao dano futuro, incerto, eventual. Há que ser
economicamente apreciável ou pecuniariamente arbitrado. Quando se tratar de
dano material, comportará o pleito pelo dano emergente e pelo lucro cessante,
sendo ainda controverso o pedido fulcrado na perda de chance. Incluirá, ainda,
a perda de capacidade laborativa, em caso de lesão corporal. [...] Referindo-se ao dano moral, englobará as
lesões clássicas sobre os reflexos da personalidade da vítima e sua esfera
espiritual, sem prejuízo do dano estético e dano corporal, quando houver.
Acresce à especialidade do tema, que no casamento e união estável, os danos
materiais, via de regra, são afetos à sociedade conjugal; por sua vez, os danos
morais, identificam-se com o vinculo conjugal. Nos demais relacionamentos
afetivos podemos dizer que o fenômeno se repete, distinguindo-se o verdadeiro
liame e escopo da relação – o romance -, dos impendentes efeitos jurídicos. [...].
Veja mais aqui, aqui e aqui.
UM
CONCHEGO DE SOLTEIRÃO –
No romance Um conchego de solteirão,
do escritor
francês Honoré de Balzac (1799-1850), encontro o trecho que expressa: Florentina e Giroudeau, ele para fazer a
feliciedade de seu comarada e ela para dar um protetor à sua amiga, impeliram
Marieta e Filipe a realizar um casamento por detrás da igreja. Essa
expressão “por trás da igreja” equivale à de casamentop morganático empregada
pelos reis e rainhas. Hoje, tais casamentos possuem outros nomes, são
casamentos por escritura, casamentos no Uruguai, no México, na Bolívia, e no
Brasil resultou de uma expressão pitoresca como sendo “Casar na igreja verde”,
que se aplica aos casais que não contraíram matrimonio legalmente. A igreja
verde é o bosque, o mato, o lugar dos encontros clandestinos. Veja mais aqui,
aqui, aqui e aqui.
HARUKO – Entre os poemas da escritora, psicóloga, ilustradora,
conferencista e consultora Clevane
Pessoa de Araújo Lopes, destaco a serie de haicais denominados Haruko: I – Quimono
da aurora / sete camadas vermelhas / da rosa ao carmin. II – Árvores abortam / folhas, tapetes no chão /
que renascerão. III – Chega a
primavera / um festival colorido / encanta meus olhos. IV - Por cima das nuvens / as dançarinas do sol /
sacodem as saias. V – Memória no
olhar / um gato preto na neve, / ameixa em manjar. Veja mais aqui, aqui e
aqui.
A
ESTRELA AUSTRÍACA – A
atriz austríaca Charlotte Wolter
(1834-1897), começou sua carreira artística em Budapeste, em 1857. Atuou em
pequenos papeis em Viena e logo seguiu para obter sucesso em Berlim, no teatro
Victoria, mantendo-se até o final de sua vida no teatrão Hufburg, de Viena. Foi
nesse palco que ela se tornou uma das grandes atrizes trágicas da era
vitoriana, com repertório que envolveu representações de personagens como
Medea, Safo, Lady Macbeth, Mary Stuart, entre outros, tornando-se expoente das
heroínas de Dumas, Sardou, Hebbel, entre outros autores. Veja mais aqui.
ÉLOGE
DE L’AMOUR – O drama
preto-e-branco Éloge de l'amour (Elogio de amor, 2001),
dirigido pelo cineasta Jean-Luc Godard,
inverte a ordem do presente e do passado, contando a história de um homem que
trabalha em um projeto indefinido sobre as quatro fases do amor, reunião,
paixão física, separação e reconciliação, envolvendo tres pessoas em diferentes
fases da vida, juventude, adulto e velhice. Ele realiza uma série de
entrevistas sem saber na verdade o que aparecerá por resultado de seu trabalho,
contatando uma mulher que trabalha em diversos empregos e cuida do filho de
tres anos. A segunda parte do filme se desenrola sem que ele saiba como será
finalizado o seu projeto, mas acontecimentos farão situações futuras bastante
complexas. O destaque do filme é para a atriz francesa de teatro, cinema e televisão
Cécile
Camp. Veja mais aqui e aqui.
Veja mais Chico Buarque, a Pedra de
Roseta, Aníbal Machado, António
Pedro, Maura de Senna Pereira, Otto Maria Carpeaux, Todd Solondz & Selma Blair aqui.
E
mais também O sonho de Orugan, James Joyce, Ayn Rand, Elisa Lucinda, Lenine, Enrique
Simonet, Alina Zenon & Paula Burlamaqui aqui.
(Foto: Parada em NY aponta o problema brasileiro, recolhida por Clélia Barbieri.) TÁ NA HORA, TÁ NA HORA!!!! QUANDO O REBUCETEIO FICA DESCABELADO, O MELHOR MESMO É PEGAR O BONDE DO ENTERRO VOLTANDO PRA VER DEPOIS COMO É QUE VAI FICAR, HIHIHIHIHI! Gentamiga, realmente desde 1500 que as elites brasileiras, acoloiadas com forças retrógradas & conservadoras fincaram pé no atraso do Brasil. Esses Fabos sempre atrapalharam e, na força do mando e dos caprichos, só fizeram engordar seus bolsos em detrimento da nossa cidadania e dignidade. Por isso falta educação, falta saúde, segurança, transporte, vida digna, salário, tudo! Tudo mesmo previsto no art. 5º da Constituição Federal vigente. A vida toda a gente só fez dar uma de lagartixa e deixar-pra-lá as coisas que nos arrombaram a alma e a vida. Mas agora é tempo da gente fazer valer a nossa vez. Precisamos colocar em prática nosso vocativo resistente pra dizer que: BASTA! CHEGA DESSA GENTE PERFUMADA ROUBAR O BRASIL!!!! Vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!! Veja mais aqui.
IMAGEM
DO DIA
A arte do fotógrafo Milo Moiré.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
Imagem: Allegory Of Peace, de Louis Maeterlinck.