terça-feira, novembro 21, 2017

HAROLDO DE CAMPOS, MAGRITTE, GISMONTI, KUNDERA, CÉLIA LABANCA, POESIA ABSOLUTA, PRAIEIRA & CORTÊS

O VÔO DE MAGRITTE - Imagem: The Kiss (1951), do pintor belga Rene Magritte (1898-1967). - Um salto e sei a minha pequenez: quero voar. Antes me fosse possível abrir os flancos, projetar o espaço e ser-me além do tempo. Um pulo e os tropeços, um passo e os baques, um pinote e as quedas, degraus, atropelos, escadas e correiras, ladeiras e embaladas: humano sou, quero mais. O sonho do voo: cadê minhas asas! Num esforço abro minhas portas, estavam trancadas, tenho de escancará-las. Se assim não fizer, serei só fracassos. Forço meus flancos, braços abertos: sou maior que a mim mesmo, posso ir prali, pracolá e voar. Sei disso, posso, vou. Os pássaros passam e a sua ascensão na minha quimera: as nuvens às mãos, pro alto eu vou de olhos fechados e visualizo descampados, planícies, maravilhas, torpezas, calamidades. Hei de melhorar a mim para compreender o que posso. Quisera ensinar a olhar daqui de cima, quão ínfimos, quão íntimos somos tudo e todos. Aprendo a arte, sou o dom: o coração alado e o universo nos olhos – vejo que posso ser mais que sou, ainda, ir além, alcançar a imensidão. Aprendo mais: pra guerra faço Paz, sorrio e aprendo o Sol. Sei de ontem, sou hoje, vivo amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial do compositor, arranjador, cantor & multinstrumentista Egberto Gismonti, reunindo seus álbuns Em família (1981), Feixe de Luz: todo começo é involuntário (1988), Fantasia (1992), e apresentações ao vivo com a Orquestra Corações Futuristas, com trio no Montreal Jazz Festival, com Jane Duboc, Al Di Meola, John McLaughlin, Paco De Lucia, Hermeto Pascoal, Naná Vasconcelos e Hamilton de Holanda. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIAO eterno retorno é uma ideia misteriosa, e Nietzsche, com essa ideia, colocou muitos filósofos em dificuldade; pensar que um dia tudo vai se repetir tal como foi vivido e que ssa repetição ainda vai se repetir infinitdamente! O que significa esse mito insensato? [...]. Trecho extraído da obra A insustentável leveza do ser (Rio Gráfica, 1983), do escritor tcheco Milan Kundera. Veja mais aqui.

A REVOLUÇÃO PRAIEIRA – [...] Muitos sacrifícios custou realmente a luta da Praia ao povo pernambucano. O número de mortos e feridos excedeu o que se havia registrado nas revoluções anteriores. Depredações, perseguições, prejuízos de toda sorte atingiram a população da província. Entre os próprios chefes da política, opu entre os comandavam a revolução, não foram pequenas as baixas, nem faltou para eles o castigo imperial. [...] No processo do Recife, foram pronunciados 54 indiciados no movimento, sem contar os condenados em outras comarcas da província. [...]. Trecho de A revolução praieira, extraída de Assuntos pernambucanos (Tempo Brasileiro/Fundarpe, 1086), do jornalista, advogado, escritor, historiador e ensaísta Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000). Veja mais aqui, aqui e aqui.

CORTÊS – O município de Cortês é forado pelo distrito sede e pelos povoados Agrovila, Barra de Jangada e Usina Pedrosa. Surgiu a partir do sítio homônimo, em 1872, localizado às margens do Rio Sirinhaém, no então distrito de Ilha de Flores, comarca de Bonito. Em 17 de abril de 1875, ocorreu a passagem da estrada de ferro de Ribeirão a Bonito, mas a construção foi interrompida, sendo em Cortês a estação terminal. Em 1892 instalou-se na região a Usina Pedrosa, impulsionando o desenvolvimento local. Em 5 de janeiro de 1911 foi criado o distrito, pertencente ao distrito de Amaraji e o povoado tornava-se vila. O município foi criado em 29 de dezembro de 1953. Veja mais aqui.

DAS COISAS DA MINHA TERRA - [...] Como se vê, por lá havia mesmo de tudo. passavam até boiadas! [...] Seríamos medo das boiadas, invariavelmente, todo fim de tarde, durante o ano inteiro, assume ela. Na época de Carnaval, amedrotavam-nas os caboclinhos, que, sendo lindos manifestantes da resistência cultural do estado, ao chegarem àquela ruam em seus típicos trajes de índios, correndo com passos firmes de ir e vir, para frente e para trás, sempre em filas indianas, frenéticos e fortes, marcadas pelos tacapes que portavam e com seus enormes cocares, quase as levavam, à morte. Por aflição [...] nenhuma delas tinha medo, no entanto, quando também aos domingos de todos os carnavais, à tardinha, por lá passava o Maracatu de Dona Santa cumprindo seu itinerári. Maracatu-rei, referencia para todas as nações. Dona Santa era negra simpática e enorme de gorda. Segurava a boneca do maracatu que tinha saia longa, ricamente bordada com fitas coloridas, enfeitada de babados e de bicos de organdi e bordado inglês, que lhe encobria a mão esquerda. [...] Ela e seu grupo na dança de rodas cantavam e dançavam as eternas modinhas infantis: “Atirei o pau no gato”, “Eu vim de tororó”, “Terezinha de Jesus”, “Eu sou pobre, pobre, pobre”, “Une-dune-tê” e “Escravos de Jó”, quando não jogavam pedrinhas sentadas na calçada, ou pulavam academia, cujos traços eram feitos na calçada a giz [...] Quando lhes sobrava energia, jogavam ainda, e como sempre no meio da rua [...], meninas contra meninos, o jogo de espião, que também chamavam queimado. [...]. Trechos extraídos da obra Aminta (Bagaço, 2008), da escritora Célia Labanca. Veja mais aqui.

AUTO DO POSSESSOCENA 1 – UM GIGATE SUGA A NOITE PELOS EUCALIPTOS – O AMANTE Dá-me, ó amada de olhos vítreos, / que eu te celebre nos jardis suspensos / onde o delírio abriu as pétalas do álcool! A AMADA Ouve: / agora, junto ao mar / um enxadrista joga. O AMANTE O outono junto ao mar... / amiga, parte a cápsula do sábado, / e vê que dancem no ar os dervixes do vento. A AMADA Odeio o mar. / Odeio o ruído do mar. O vento. / Olha a porfia dos cavalos pretos / no teu vizinho que jogou xadrez! O ENXADRISTA (para o Amante) Que fazer dos peões do levante / e do velho rei calvo? / Que fazer da rainha branca / apavorada entre os roques? A AMADA Jogá-la ao mar, / eu disse: é jogá-la ao mar. O AMANTE Amiga, dá-me que eu cante / à luz de uma estrela crua; / onde teu corpo jazia, coalhado de rosas mornas; / onde os rostos dos suicidas entrementes se devoram; / onde nasce um lírio adunco, à luz de uma estrela crua. CENA II – O ESPELHO DIANTE DO MAR – O POSSESSO A que vai morrer naságuas / vestiu-se de insônia e tule, / fiou seus cabelos verdes / na roda do vento sul. / A que vai morrer nas águas / caminha entre lampadários, / fugida do ás de espadas, / é a doida que vem do sul. O EXORCISTA No sexto dia tu eras / a voz que imprecava ao céu. / Eras o bruxo e sentavas / à esguelha de Capricórnio. A AMADA ... Jogá-la ao mar. O EXORCISTA Colheste o lótus salobro / no turvo arrioi da frebe / que desce um monte calvo / por sete bocas de treva. O POSSESSO Que pode a face da lua / contra sua tépida face / de lua mal-sazonada? / Que podem os olhos d’água / contra seus olhos que acenam / fanais e espumas à água? AMADA E O EXORCISTA (a um tempo) Em disse: é jogá-la ao mar! O EXADRISTA Modera, ó bispo noturno, / a faina em meu tabuleiro / e atende: um poeta nasce / nos bulbos do mês de agosto. CENA III – A MONTANHA E O VALE – O ENXADRISTA Teu filho nasce do vente / duma virgem do Tibet, / cuja flor, polinizei-a / nas estrufas do desmaio. / Ele será o feiticeiro de Radja Gomba, / e a sua voz precipita as rolas carnívoras / quando o YAMA polofronte / dança no círculo das mãos. O EXORCISTA por isso, / renuncia! O ENXADRISTA Proporá libações nos sabats de setembro, / onde magas desnudas assolam o quadrante / amarradas à crina dos javalis. O EXORCISTA Por isso, / renuncia! A AMADA Rude e cruento, o amor! / Meu seio lhe dará moderação e páscoa. / Enfraqueço na água o vinho dos meus lábios, / e minha carne sabe a pão ázimo ou trevo. O EXORCISTA Renuncia, / oh renuncia! O POSSESSO Certo poderei acalentar-te o púbis / minado de papoulas! / Dá-me, ó rês submissa, que eu celebre, / e que erga o teu corpo no meu canto / como um troféu no topo dos cristais! O ENXADRISTA Mulher, / eis aí teu filho. Poema extraído da obra Melhores poemas Haroldo de Campos (Global, 2000), reunindo poemas de do poeta e tradutor Haroldo de Campos (1929-2002), organizado por Inês Oseki Dépré. Veja mais aqui e aqui.

POESIA ABSOLUTA NA BIBLIOTECA FENELON BARRETO
Apresentação da Poesia Absoluta aos estudantes da rede pública de ensino, na Biblioteca Fenelon Barreto, pelo cantor, compositor e poeta Zé Ripe. Veja mais aqui.

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A ARTE DE RENÉ MAGRITTE
A arte do pintor belga Rene Magritte (1898-1967).