A DESMEDIDA
CORRERIA PARA PERDER O BOM DA VIDA - Imagem: Festa
Caipira (1946), do artista plástico ítalo-brasileiro Fúlvio Pennnacchi (1905-1992) – Com a vida agitada de hoje, é tudo
no desembesto. Só dá pra pular, escorregar ali, salto solto aqui, escapando
disso, dando certo naquilo depois de trocentas tentativas e erros, frenagens
bruscas e arrodeios tantos, avalie. Quando a gente vai ver, findou-se o dia e o
que era bom acabou-se. E se não tiver hora pra tudo, passa batido: é só acordar
e cair no trampo, maior batente com tantos afazeres. Não há agendamento que dê
jeito, sempre atrasado, ave santo conforto pros desconfortos. No apurado não
deu pra fazer nem a metade da metade do que havia planejado, antes fossem
quarenta e oito horas num só dia, não mais vinte e quatro que já não dá pra
fazer nada com tantos engarrafamentos, burocracias e má-vontade. Se não usar do
expediente do jeitinho azeitando tudo, não dá nem para resolver uma coisa só,
quanto mais se valer do pagar pra ver. São tantas coisas deixadas pra depois
que o que foi feito entra na escala do inútil. E assim vai dia após dia: nenhum
aprendizado, nada que valha a pena. No amontoado sempre inadimplente com uma
promessa ou uma obrigação que se acumula entre tantas outras, a ponto de perder
tempo só de pensar no que deixou de fazer, quando deveria era a prontidão do já
ter feito do jeito que desse. Por conta disso, deve-se tanto ao lazer que
qualquer tempo livre é só pra diversão. O resto, como estudo e reflexão de
coisas sérias que demandam um determinado longo espaço de tempo, fica sem
resolução e só naquela do a gente vai levando como pode para ver como é que
fica: um dia Deus dará. Ao final de tudo, os filhos cresceram e nem se viu,
décadas passaram como se tudo tivesse sido ontem e os problemas acumulados
dentro do aglomerado de broncas que explodem no dia a dia, até se ver sufocado
e sem esperanças pra nada. De tudo feito, só castelos de areia que na primeira
ventania não ficam nem as cinzas, nada por serventia. Tantas coisas passadas e
nem uma só gota de sabedoria aproveitou-se, nem abraços, afetos, paisagens,
amizades: tudo na poeira do passado. As fotos desbotadas, o jeito fora de moda,
os sonhos desfigurados. Nada madurou, saiu direito das afoitezas fagueiras da
inocência infantil para o envelhecimento precoce pelo instantâneo, descartável,
volúvel e pela compulsão do aqui e agora já. O umbigo saliente na primazia e
tudo o mais no reino das ninharias. Sobra só o vazio e a escuridão de nenhuma
experiência: conhecimento válido é o que é praticado; e se é ralo, não resiste
à primeira constatação, o dilema entre os anseios e o baldado. A desmedida
correria faz perder o bom da vida. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Curtindo o Box (6 cds) The 17 String Quartets – Heitor
Villa Lobos (Kuarup, 1988), quatro deles com o Quarteto Bessler-Reis e
os outros dois com o Quarteto Amazônia. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui
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&
DESTAQUE: NOVUM ORGANUM DE BACON
[...] Ciência e poder do homem coincidem, uma vez
que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence,
se não quando se lhe obedece. E o que à contemplação apresenta-se como causa é
regra na prática. [...] Por outro
lado, nos costumes das instituições escolares, das academias, colégios e
estabelecimentos semelhantes, destinados à sede dos homens doutos e ao cultivo
do saber, tudo se dispõe de forma adversa ao progresso das ciências. De fato,
as lições e os exercícios estão de tal maneira dispostos que não é fácil venha
a mente de alguém pensar ou se concentrar em algo diferente do rotineiro. [...]
Pois os estudos dos homens, nesses
locais, estão encerrados, como em um cárcere, em escritos de alguns autores. Se
alguém deles ousa dissentir, é logo censurado como espírito turbulento e ávido
de novidades. [...] Assim pelo menos
devia ser conforme os ditames da boa razão, mas tal não ocorre na prática,
pois, como antes assinalamos, a forma de administração das doutrinas e a forma
de ordenação das ciências costumam oprimir duramente o seu progresso.
[...].
Trechos
extraídos da obra Novum Organum
(1620), do filósofo e ensaísta inglês Francis
Bacon (1561-1626), em que observa, segundo A busca do conhecimento (O Rosacruz, outubro 1979), de Robert E.
Daniels, que o maior erro de muitos consiste no equivoco em relação ao fim
último do conhecimento: alguns o buscam por entretenimento; outros por amor à
fama; alguns o buscam para obter êxito nas competições, outros, por dinheiro,
e, finalmente aqueles que o buscam em beneficio da humanidade. Veja mais aqui,
aqui e aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do artista plástico ítalo-brasileiro Fulvio Pennacchi (1905-1992)
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
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