domingo, maio 15, 2016

CLARICE LISPECTOR, GISMONTI, KLIMT, ARIÈS, MARTHA MEDEIROS & NELSON SHANKS


OS CINCO PRÊMIOS DO AMOR - Com tantas provas que o amor me deu, premiado fui e sou mais que voo no pódio do amor. Como primeiro prêmio, uma estrela nua do céu fez-se mulher, trazendo outras tantas estrelas às mãos pra me presentear com o amor nascendo vigilante com a graça do seu ser que emana o frescor de coisa viva e que amanhece Iaravi linda índia acolhedora a me render com o fulgir da sua alma de céu. Logo fui premiado pela segunda vez quando ela de manhã reluziu com seu colo perfumado a me dar o paraíso que povoa em seu peito campo afora, o quente Sol do amor nos seus olhos vivos macios e meigos, com seus lábios vermelhos de deusa bela encantadora nos quais me encontro e me perco e nem sei quem sou viril errante no seu fruto cheiroso tropical miraculoso que me faz sucumbir à sua aterradora entrega alcançada, paara que eu seja probo dono dela mais que enlaçada índia na minha loucura infinda. E eu sou inteiro mais que todo universo apertando as suas mãos e a roçar sua palma oferecida e a beijar seu seio florido de carências e sinto que me quer e posso cantá-la. E se de dia ela mansa submissa, de noite o meu terceiro prêmio é vê-la a me tomar feita deusa Freya e a me levar pelo clarão dos seus olhos que alumiam tudo e me acolhem nos seus braços pra que eu seja amparado pelo lindo busto esplendorosamente nu, incendiando a minha gula brasa viva da sua entrega almejada e que cativo pelo bendito talismã lascivo de sua alma alada tentadora, sou mais que perdido desencontrado na vertigem louca de sua reclusa flor, a rosa do seu sexo prometida que tudo exalta na doçura do seu afago derramado e seus mimosos delírios nos meneios de eterna sedução de fêmea que adorna felina com as ondulações de suas ancas, e mais louco embevecido ancoro a minha nau para a noite propícia triunfante. É aí que ganho o quarto prêmio ao me dá a sua boca sensual de imperiosa paixão com suas mãos carregadas de carícias a erguer a minha rocha imperativa que sustenta o milagre da labareda viva em que a alma se espelha na fúria desmedida da chama vibrante do seu beijo que invado todos os seus mistérios mais inacessíveis. Eis-me pronto pra o quinto prêmio degustando a água do seu corpo que mata minha sede e faz o amor vulcão dentro de mim e beijo o seu rosário que me arrasta e me aventuro a florescer de mim a mais profunda raiz que se faz tronco são nas suas paragens por toda ventura que mereço. E premiado habito o seu ser que palpita e sou na torrente da sua carne opulenta e ambicionada pelo amor levado, seu ser conduzido no aroma da candura e carregado pela minha febre que fagulha na sua formosura e me ergo e aprumo e queimo nas suas mãos ardentes com todos os êxtases lascivos das profanas emoções do esplendor de sua escultura. No ápice do prazer é ela o prêmio e com isso sonho e sonhando passo os dias e as noites no profundo desvario do amor devotado e que não sabe o bem que me faz e nem toma o que me deu e dá pra que cante em minhas veias gemedoras a flor imensa da sua dádiva. Mais que premiado, a euforia modula o ritmo do meu ser e o meu destino nos seus passos porque suplanta o que sou arrastado de paixão por ela e por ser minha, porque nasceu para ser minha e possuir a sua carne como a minha taça transbordante que brindamos o coração maior que o infinito, no premio de ser feliz recompensado em profusão. Ela beija meus olhos e sou seu pra que seja a mais feliz entre as mulheres. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui e aqui

 Imagem: Danae, do pintor simbolista austríaco Gustav Klimt (1862-1918). Veja mais aqui e aqui.

Curtindo Em família (EMI, 1981), do compositor e arranjador Egberto Gismonti. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

PESQUISA
História social da criança e da família (LTC, 1981), do historiador e filósofo francês Philippe Ariès (1914-1984). Veja mais aqui e aqui.

LEITURA 
Laços de família (Rocco, 1998), da escritora e jornalista Clarice Lispector (1920-1977). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA:
[...] Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo.
Trecho do livro Divã (Objetiva, 2002), da escritora gaúcha Martha Medeiros. Veja mais aqui.

Veja mais Saul Bellow, Barbara Sukowa, Quaternaglia, Ventura de la Vega, Rainer Werner Fassbinder, Jasper Johns, Arthur Schnitzler & Dorothea Röschmann aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Nu, do artista plástico estadunidense Nelson Shanks (1937-2015).
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá
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