A arte da modelo estadunidense Bettie
Page (1923-2008).
LITERÓTICA: FEBRE - Em tua carne
febril de manhãs amorosas a libertação do poema pelo canto que ensaio presente
em meu querer despudorado que se multiplica e nos multiplicamos na minha canção
visitante civil e indômita na tua agasalhadora sedução que me faz canção no teu
ouvido e a minha volúpia danada não cabe entre teus seios de setembro
ensolarado porque a primavera é viva demais no meu inquieto sexo que quer
lambuzar com meus poemas atiçadores a tua pele corpo e alma azul inventando a
vida para provar de todo o pomar que é a tua inteira carne como a noite e
renascida como o dia até tê-la desalinhada e crua, ai meu deus do céu, com teu
césio 137 na velocidade 5 dançando nua no meu créu. PARANÓIA - Quando a tarde
chega ela sorri tal qual minha nega, minha musa, avalie! E ri como o dia nasce.
Não usa disfarce no perfume que exala incensando a sala e me dopando além.
Blém, blém, eu folgo inchado e puxo ela do lado e dou-lhe uns arrochos. São
vários acôchos daqueles bem dado de só o corpo colado dela me aproveitar.
Larali, laralá. E pego a pegar, me ajeito e só puxo, esfrego, acarinho e repuxo
e ela toda no gingado. Dela eu dou cabo dos pés ao cabelo no maior desmantelo,
maior forunfado, maior que o pecado quando nela me ajeito, no seu corpo
perfeito, minha salvação. Mas ela então, no meio dos meneios, inventa arrodeio
e quer prestar contas. Vixe, que tonta, ela chama na grande, uma ficha se
expande com muita exigência. Ela adiou a urgência, salta de lado emergência pra
aprumar a conversa. Vixe que tô na travessa e ela vai debulhando até ficar
reclamando as coisas que eu desdigo. E me faz de Rodrigo e ela Macabéa, quando
é a panacéia da minha ginofagia. Tenho essa regalia quando fala sabiá ou quando
quer me tratar com os regalos melhores. Depois todos pormenores ela bota na
lista me acusando de artista de quinta categoria. Eita, que aleivosia, maior
paranóia, ela solta a pinóia do meu senso empenar. E em primeiro lugar não
alivia o badalo e joga sem intervalo que sou badass mothafuckes que só lhe
sufoca e ainda banco o durão. Tem mais, então, ela se diz vítima de atentado e
que sou apontado por fora-da-lei. Eita, teibei! Facínora execrado e infeliz
desgraçado pior no mundo sou eu. Belzebu! Asmodeu! Pedra ruim e vasilha
imprestável, o maior irresponsável, trepeça e malfeitor. Ela virou promotor e
me lascou pro babau, com o Código Penal todinho invocado. Tô réu apenado com
sangue fervendo, com processo respondendo com qual culpa imputado? Eu tô mesmo
é condenado na volta dessa mulher. Na verdade ela quer me ver todo lascado.
Porque solta o ditado que vai findar tísica sem integridade física porque sou
genioso. Pior, sou mafioso, o pior dos bandidos e o maior foragido da face da
terra. Ela mais me enterra provocando arenga pruma maldita pendenga pelos
tribunais. E me inferniza demais no maior desaforo, jogando duro em meu foro
com insulto desalmado. É quando eu fico invocado e ela sai na defensiva, bicha
sabida e viva, negaceia e apruma o tom. E em alto e bom som, ela parte pro
piquete, zomba que sou um sorvete e que tá completamente louca. É quando me
beija na boca e depois ela arteira faz bico é quando me faz ficar rico de tanto
amolego e carinho. Aí viro seu amorzinho e não deixo barato, dou saculejo nos
quartos com apetrechos e talher – porque não sou banguela! E eu de cima dela
não saio nem que vire o mês de maio e seja mais o que Deus quiser! © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS - A
definição do gênero implica espontaneamente a sexualidade: quem faz o que, e
com quem? A identidade masculina está associada ao fato de possuir, tomar,
penetrar, dominar e se afirmar, se necessário pela força. A identidade
feminina, ao fato de ser possuída, dócil, passiva, submissa. “Normalidade”
e identidade sexuais estão
inscritas no contexto da dominação da mulher pelo homem.
Pensamento da filósofa e historiadora francesa Elisabeth Badinter.
ESTUDOS CULTURAIS & LITERÁRIOS – [...] A existência de múltiplas culturas,
distribuídas em tribos e facções, regiões, cidades e bairros, ou até na esquina
ou no condomínio, cada uma com sua especificidade e necessidades, determina uma
alteração radical no campo dos estudos literários. A proliferação de
manifestações lingüísticas que aspiram ao estado de arte verbal, lado a lado e
rivalizando com formas expressivas não verbais ou semiverbais, também
desdobrando-se e espalhando-se numa velocidade eletrônica, põe em causa a delimitação
do objeto das teorias literárias, confundido cada vez mais com outros produtos
culturais que reivindicam semelhantes poderes de significação estética [...].
Trechos extraídos de Estudos culturais e
estudos literários (Revista Letras de Hoje, 2006), da professora e
pesquisadora Maria da Glória Bordini.
MADAME ORÁCULO – [...] Sentiram
o cheiro da fumaça e quebraram a porta e a retiraram, mas ela já tinha
queimaduras de terceiro grau na metade do corpo. Viveu durante uma semana no
hospital, deitada sobre colchões ensopados com remédios e células brancas, as ,
as inúteis defesas do corpo, escorrendo para os lençóis. Quem sabe o que estava
recordando, se ela sequer sabia quem era? Não me vira durante dez anos, mas ela
devia ter alguma obscura lembrança de que um dia teve filhas. Deixou-me segurar
sua mão, a esquerda, que não estava queimada, e eu pensei: ela parece a lua, a
meia-lua. Um lado ainda brilhante. [...] Trecho extraído da obra Madame Oráculo (Rocco, 2003), da
premiadíssima escritora e crítica literária canadense Margaret Atwood. Veja mais aqui e aqui.
CANÇÃO - Em minha sepultura, / Ó meu amor, não plantes / Nem cipreste nem rosas;
/ Nem tristemente cantes. / Sê como a erva dos túmulos / Que o orvalho umedece.
/ E se quiseres, lembra-te; / Se quiseres, esquece. / Eu, não verei as sombras
/ Quando a tarde baixar; / Não ouvirei de noite / O rouxinol cantar. / Sonhando
em meu crepúsculo, / Sem sentir, sem sofrer, / Talvez possa lembrar-me, / Talvez
possa esquecer. Poema da poeta britânica Christina Rossetti (1830-1894).
A arte da modelo estadunidense Bettie
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ESTÉFANE CRUZ – a jovem estudante goiana Estéfane Cruz reside em Planaltina, no Distrito Federal.
Ela faz teatro há dois anos.
Ela estuda. Cursa o Ensino Médio, ler muito e adora sair com os amigos.
Ela espera realizar seus sonhos, ser muito feliz, fazer faculdade e ter uma vida estável.
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