quarta-feira, maio 14, 2008

GOETHE, PUSHKIN, KNUT HAMSUN, VICTOR GARDUNO, AS MULHERES & FECAMEPA


Art by Victor Garduno

FECAMEPA: QUANDO EMBOLA BOSTA, O EMPENADO NÃO TEM COMO TER JEITO!!!! - Gente, seguinte não é o cu-de-cachorro, é o LulInácio da Silva mesmo, dois pontos. Primeiro: no dia 24 de fevereiro de 2002, já empolgado com a frevada da contestação, vez que é no carnaval que a gente se empolga para tascar umas irreverentes sacadas na lata de tudo que nos é abjeto, e já me preparando para mais um ano com o pleito eleitoral, copa do mundo e o escambau, eu escrevi “A cagada”:, uma missiva onde eu me dirigia indignado ao então candidato da unanimidade progressista e contestadora, LulInácio da Silva, reportando a minha decepção de vê-lo como líder de imaculada figura da nossa política, se acoloiando com os trastes do PL e os não menos cavernosos escatológicos da Igreja Universal. PLIU não, meu, tô fora. E balançava o ganzá na opção de votar em branco e chamando todo mundo para sacudir o exemplo dos hermanos argentinos no 1er Merdazo Popular. Pena que aqui essa moda não pega, devia pegar, né, não? Segundo. O tempo passou e a campanha pegou fogo. No auge e muito antes da atriz global ex-namoradinha do Brasil, Regina Duarte dizer que tinha medo, apareceu um sujeitinho daqueles que são quase rancolhos por andar com os dois culhões do lado direito, um talzinho dum Constatine C. Menges, expondo comendas de membro sênior do Hudson Institute e antigo membro do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, se arvorando a escrever no The Washignton Times, uma daquelas balelas do conservadorismo ianque, intitulado “Bloqueando um novo núcleo do mal”. Não me agüentei com o despautério e tasquei outra croniqueta “Isso é a febre do rato!”, onde eu, voltando atrás com minha decisão, reiterava meu apoio geral, amplo e irrestrito à campanha do nosso LulInácio. Não foi uma merda porque eu acreditava piamente que poderia ser a nossa salvação. Veio o pleito e as coisas desandaram de quase perder a esperança: os caras do PT começaram a dar uma de Fabo, fabricando bosta a fole. Resultado: segundo turno. Sofrido que só campeonato do Corinthians, vencemos. Nessa hora escrevi “Sem medo de ser feliz!” que foi publicado na minha coluna Rascunhos Eventuais no Portal da Vânia Diniz, chamando a mim e aos meus na responsa. Ou vamos ou vamos!! Ta na hora da gente colocar o Lulalá. Com isso, a gente desmoralizava a elite mais escrota do planeta. Era nossa hora, se era! Terminado o pleito, escrevi: “Alma lavada” e, depois, na posse: “Onde está o povo?”, também publicada na minha coluna Rascunhos Eventuais do Portal Vânia Diniz, tudo isso com o arrojo de quem havia derrotado todos os trambiqueiros políticos e todos os donos do Brasil. Ledo engano, meu. Devia ter ouvido o Doro que dizia: “Entre ele e eu, sou mais eu!”. E Doro arreava a lenha, mas votou nele, como eu. Pois bem, gente, não estou querendo encher lingüiça, nem conversar miolo de pote. Tô querendo mesmo é aprumar a conversa. Vejamos. Repassando tudo: como disse, primeiro me desapontei por LulInácio sair pela tangente se enturmando com o PLIU (e com o marketeiro Duda-dos-galos, né?). Depois que vi a coisa engrossando, vi que era a hora de estufar o peito e meter bronca: Lulalá. Foi difícil, choroso, mas valeu. O homem passou a ser o excelentíssimo senhor presidente do Brasil. Muita festa, muito confete e patati patatá. O primeiro mandato passou e eu ainda me pergunto: cadê? Devia ter ouvido logo o escritor conterrâneo e amigo, Luiz Berto, que sempre disse inspirado na Besta Fubana depois que o cara foi empossado: “Eu quero que tenha um novo golpe para eu voltar a ser esquerda de novo!”. E como a vida também imita a arte que é uma imitação, a gente ficou com a cara de tacho do Pedro pedreiro penseiro esperando o trem da remissão geral que nunca vem. Não veio, não foi dessa vez. E foi-se o primeiro mandato e a gente, de fato, só viu duas coisas: de um lado, superávit e festança das elites. Eu me perguntei: ué, a gente tá jogando de que lado mesmo, hem? Até então eu ainda achava que era um time só em nome da dignidade humana, da cidadania, da sustentabilidade e da responsabilidade social. Ingenuidade minha. Foi quando caiu a ficha: eu era mais um entre os Geraldinos e Arquibaldos, no meio do caminho da vida e nenhuma novidade sob o sol. A outra coisa, os escândalos de dólares na cueca, tráfico de influência e derrocada do PT. Uma bosteira geral. Bem empregado: quem mandou se acoloiar com raça de baixo calão, hem? E veio o segundo mandato e, com certeza, ninguém ia dar moleza pra turma do pêessedebê nem pro pefelê, né? Mesmo com a turma do PT e aliados jogando contra, nossa, nunca vi tanta burrada de bandeja. Ainda bem (ou não) que a oposição é incompetente só com truculência, bafafá e vuque-vuque para pé-de-perú! Como a gente já era gato para lá de escaldado, sapecamos novo voto no nosso LulInácio que foi reempossado. Aí é que a porca retorceu o rabo: o homem passou a delirar. Dizem que por força da manguaça, o que é natural. Zé Corninho mesmo, quando sóbrio é governista e todo mundo é probo; quando bebe, não existe quem preste na face da terra. Mas o LulInácio passou da conta: Que é que é isso, companheiro? Como é que usineiro vira herói duma hora para outra? Como é que o Brasil passa a viver um momento mágico num cenário recorrente de insegurança? Como é que você se alia com uma trepeça feito o Bushit pro álcool? Que o do Peru botou no caneco da gente e o da Venezuela manda ver, só dá para perguntar: onde um verdadeiro balaio de gato com todos os bichos, ogros, lêmures e flibusteiros estão misturados em nome de uma governabilidade impossível? Como, hem? Pelo andar da carruagem só falta agora ele aparecer na telinha dizendo que BBB também é cultura! Seria o cúmulo, mas não me surpreenderia se chegasse a tanto, justo depois do apagão aéreo, das topadas da fuleragem e das zoadas de peido-de-véia, nossa, brabo mesmo. E por isso mesmo, vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!!!! Senão, senão. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui



PENSAMENTO DO DIA - Não busques nunca, ó Poeta, o favor popular cessará breve o som das louvações fulgentes terás do néscio o aviso, dos outros mofa. Estás contente, Artista puro, preciso sutil? Se estás, deixa que a turba insulte e até espume vá cuspir no altar onde brilhe teu lume e tua efigie derrube sua fúria inútil. Pensamento do poeta russo Alexander Pushkin (1799-1837).

AS MULHERES - [...] sob a perspectiva das mulheres, não há grande diferença entre monogamia e poligamia, uma vez que ambas são regimes que operam dentro de um contrato heterossexual, que tem por finalidade a submissão das mulheres à dominação masculina [...]. Trecho extraído da obra Todas as letras (Universidade Mackenzie, 2012), de Anselmo Peres Alós.

A ESCRAVA – [...] Ontem à noite encontrei seu nome num jornal e li notícias dele. Logo depois saí de casa, vaguei pelas ruas, e só voltei de manhã. Talvez tenha dormido em algum lugar, ou então me sentei numa escada, sem forças para continuar a andar: nem eu mesma sei. Li a noticia, hoje, outra vez. Mas foi ontem à noite, quando voltei para casa, que li pela primeira vez. Comecei a apertar as mãos, depois me sentei numa cadeira. Pouco depois me sentei no chão, encostando-me na cadeira. Batia no chão com as palmas das mãos enquanto pensava; mas sentia um zumbido surdo na minha cabeça, e estava atordoada. E foi então que me levantei e saí. Lembro-me que na esquina, dei uma moeda à velha mendiga, dizendo: - Da parte daquele senhor vestido de cinzento que já conhece. – Decerto é seu noivo? – perguntou. Respondi: - Não. Sou sua viúva... E perambulei depois pelas ruas até hoje de manhã. E agora li mais uma vez. [...]. Trecho extraído do conto A escrava, do escritor norueguês e Prêmio Nobel de Literatura de 1920, Knut Hamsun (1859-1952). Veja mais aqui.

MIGNON Conheces a região do laranjal florido? / Ardem, na escura fronde, em brasa os pomos de ouro, / No céu azul perpassa a brisa num gemido, / A murta nem se move e nem palpita o louro… / Não a conheces tu? Pois lá… bem, longe, além, / Quisera ir-me contigo, ó meu querido bem! / A casa, sabes tu? Em luzes brilha toda, / E a sala e o quarto. O teto em colunas descansa. / Olham, como a dizer-me, as estátuas em roda: / – Que fizeram de ti, ó mísera criança! / Não a conheces tu? Pois lá… bem, longe, além, / Quisera ir-me contigo, ó meu senhor, meu bem! / Conheces a montanha ao longe enevoada? / A alimária procura entre névoas a estrada… / Lá, a caverna escura onde o dragão habita, / E a rocha donde a prumo a água se precipita… / Não a conheces tu? Pois lá… bem, longe, além, / Vamos, ó tu, meu pai e meu senhor, meu bem! Poema do poeta, filósofo e cientista alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832). Veja mais aqui e aqui.


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