terça-feira, abril 01, 2008

CIORAN, CARL ROGERS, PAUL PEARSALL, ARCHIBALD MACLEISH, MOSCOVICI, AYAN GHOSHAL & DORO



O DESMANTELO DA PAIXONITE ARREBENTADORA - Doro, meus amigos e minhas amigas, mesmo com as suas estripulias, vivacidades e seboseiras, mesmo sendo o cara taxado de roliúde e sortudo que se safou de todas, também - e dessa ninguém escapa! -, já quase morre estrupiado de paixão braba. Verdade e foi daquelas desconsoladoras, do cara roer de deixar as gaias tudo lubrificadinhas contando somente o alento daquelas breguices da dor de corno exacerbada. Quem visse o homem nunca que acreditaria no que estava se sucedendo com ele. Maior desconsolo. E bote tirineta nisso. O cabra de tão arreado de vida que se parecia, morgava direto feito mandú queimando óleo 90, tuchelando com gemido baixo feito cantiga de grilo, de não ter pé-de-cabra que abrisse o riso dessa vasilha ruim. Destá. Ora, sujeito acostumado a armar e se dar bem, de fazer papel safado e sair incólume com a cara mais lisa do mundo, desconhecia por completo aquele trecho do testamento do Toquinho & Vinícuis que dizia: "Você que só quer usufruir que tem mulher para usar e prá exibir, você vai ver o dia em que toca você foi bulir....". Pois é, o amor tem dessas coisas também. Pois bem, antes do enlace matrimonial com a Marcialita, Doro embicou-se para a banda de uma tetéia frochosa, daquelas tesudas reboculosas de mais parecer capa de revista. Era, era tão bem-feita a danada, coisa de endoidar mesmo. Nossa! Parecia mais desenhada nos mínimos detalhes pelas mãos de Deus. A moça era manhosa de falar gemendo e arrastado, dengosa de se travar com o distinto num sarro pesado de voar caçola, fogosa de uivar com a cheba molhadinha chega parecer fonte minando a dar num rio de prazer. Era um desmantelo de mulher mesmo, de quase o Doro perder o juízo de paixonite aguda. Quer dizer, juízo ele nunca teve, mas ia perder mesmo o restinho de senso que ainda possuía para distinguir as coisas. Foi e danou-se a fazer confusão com tudo, deu. Para se achegar na distinta, o cabra usou de artimanha de todo tipo, inclusive a intervenção dos amigos maloqueiros Seu Merda, Zé Peiudo e Nego Catenga, que fizeram a maior sala de alcoviteiros para assossegar o rapaz. O trio armou tudo e deu mira para a maior petecada da história desse mulambudo que nunca se vira arrodeando mulher bonita. Era. E já se mostrava com a empáfia de ser o comilão da fêmea mais gostosa do pedaço. Estava certo e dizia para si: - Esse é o cara: eu! Pois bem, namorico aprumado, o abilolado enganchou-se na paixonite agudíssima de queimar-se todo numa ciumada prá lá de ineivada. Ôxe, ele removia batom, esfregava maquiagem, costurava decote, encompridava saias, fechava a porteira e não permitia que a mulher desse o mínimo suspiro da porta prá fora de casa. Ficou na maior marcação cerrada. Qualquer espirro dela, ele de mutuca, tocaia braba para num deixar gabiru invadir o seu futuro repasto. Se a tesuda desse uma olhadela de lado, nossa, o cara já perguntava: - qué qui tá oiando, hem? -, só faltava botar aqueles tapa-olhos para que ela não visse ninguém, maior cabresto curto. Isso no de menos, até os sonhos da moça ele queria saber prá ver se não havia invasor do seu terreno. - Cada quá qui cuide do seu dicomer, senão a cheufra comi no centro! -, dizia ele estufando o peito. O negócio foi se agigantando dele não se conter mais e endoidecer de vez. E ela, coitada, fiel, na dela, doidinha por ele, mesmo assim era tratada como uma mulher daquelas de cada porto. Isso porque Doro guardava uma ansiedade de... bem, deixa eu explicar. Era que Doro estava doido para molhar o biscoito e ela nem aí de abrir brecha nenhuma entre as pernas. Sabida. - Greve de boceta é a pió qui tem! -, dizia ele que já estava a ponto de subir pelas paredes, de riscar fogo esfregando o pingulim na parede e ela amarrando o bode. O cabra não aliviava e prometeu mundos, fundos, o que tinha e o que não tinha, mas nada dela cair na converseira dele. Mulher de fibra. - Sô mulé qui nem São Tomé: cresça e apareça, só depoi do casóro, besta! -, borrifava ela. Ôxe, o meliante definhava. Dessa, com certeza ele armou e ficou só na mão, se espremendo todo na maior desejada. Coitado. Quando as coronárias ameaçaram explodir, vote! Ele abriu do pau e saiu solfejando o "Samba do grande amor", do Chico Buarque. - Que houve, Doro? - Meu sinhô, eu tava virano peixe carregado, só chêrando a difunto i dano cum as prega na barreira. Tô lá broco, meu? - Mas Doro, o amor é lindo!!!! - É, s´apaixoni di verdade e me diga si num sai rachado im bandas, cum o juízo saindo do lugá. Inda hoij tô cum a tripa gaiteira toda enrolada pariceno mai que o cu tá saino do lugá. Tô fora. - Segura o tombo, Doro. - Tô istraçaiado, tô fudido e mal pago... aquela disgracera de mulé mi fudeu a cachola... tô lascado mermo... maisi... maisi.... um homi é um homi e um prato de papa é um prato de papa. Vô mi aprumá, cê vai vê. Ah! si vou, destá!!!!! Bem, eu só sei que o Doro ajeitou-se com doidice de urgência num matrimônio às pressas com Marcialita e, tenho certeza, o bicho ainda rói todo se desmanchando ainda de achegamentos para a banda da ditosa paixão dele. É, o coração tem dessas coisas, né? Só quem passou por isso é que sabe. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui


PENSAMENTO DO DIAQuase todas as obras literárias são feitas com clarões de imitação, estremecimentos fingidos e êxtases roubados. Pensamento do filósofo romeno Emil Cioran (1911-1995). Veja mais aqui e aqui.

MEMÓRIA DAS CÉCULAS – [...] o coração é mais do que apenas uma bomba; ele rege a sinfonia celular que é a própria essência do nosso ser [...]. Extraído da obra Memória das células: a sabedoria e o poder da energia do coração (Mercuryo, 1999), do neuroimunologista Ph.D estadunidense, Paul Pearsall (1942-2007).

A POESIA – [...] Um poema deve ser palpável , silencioso, como um fruto redondo. Mudo como os velhos medalhões ao toque dos dedos. Como a lua que sobe, um poema deve ser imóvel no tempo, deixando, memória por memória, o pensamento, como a lua detrás das folhas de inverno; deixando-o como, ramo a ramo, a lua solta as árvores emaranhadas na noite. [...]. Trecho de Ars Poetica, do poeta estadunidense Archibald MacLeish (1892-1982), extraído de Poesia dos Estados Unidos: antologia (EdiOuro, 1985).

PSICOTERAPIA E CONSULTA PSICOLÓGICA – O livro Psicoterapia e consulta psicológica, de Carl Rogers, trata de consulta psicológica, psicoterapia, técnicas de consulta, serviço de higiene mental, tendências atuais em terapia, entrevistas, formação do psicólogo, caso Herbet Bryan, questões práticas, amplitude da reeducação, entrevistas terapêuticas, insight, riscos no processo, liberdade de expressão, estimular a liberdade, paralelo com a ludoterapia, catarse, método dedutivo e não-diretivo, relação de consulta psicologia, fases características no processo terapêutico, entre outros assuntos. FONTE: ROGERS, Carl. Psicoterapia e consulta psicológica. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Veja mais aqui e aqui.

EM BUSCA DA VIDA – O livro Em busca da vida: da terapia centrada no cliente à abordagem centrada na pessoa, de Carl Rogers, John K. Wood, Maurren Miller O´Hara e Afonso Henrique L. da Fonseca, aborda temas como psicoterapia, entrega, consciência do terapeuta, workshop centrado na pessoa, transição fascinada com a vida, resgate da incerteza, recriação da competência, entre outros assuntos. FONTE: ROGERS, Carl; WOOD, John; O´HARA, Maurren; FONSECA, Afonso. Em busca da vida: da terapia centrada no cliente à abordagem centrada na pessoa. São Paulo: Summus, 1983.

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS – O livro Representações sociais: investigação em psicologia social, de Serge Moscovici, trata de temas como o fenômeno das representações sociais, sociedade e teoria em psicologia social, a historia e a atualidade das representações sociais, Themata, caso Dreyfus, Proust e a psicologia social, consciência social e sua história, ideais e seu desenvolvimento, entre outras abordagens. FONTE: MOSCOVICI, Serge. Representações sociais: investigação em psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2007.

PSICOLOGIA COMUNITÁRIA – O livro Psicologia comunitária: estudos atuais, coordenado por Jorge Castella Sarriera, aborda questões como a intervenção psicossocial e questões éticas e técnicas, da escola ao trabalho, trabalho e sofrimento/violência, esgotamento profissional ou sofrimento psíquico no trabalho, professores e Burnout, aconselhamento e testagem em HIV como estratetiva preventiva, sentido da vida e realização pessoal em pessoas da terceira idade, educação para integração entre culturas e povos, da aculturação ao multiculturalismo, entre outros temas. FONTE: SARRIERA, Jorge. Psicologia comunitária: estudos atuais. Porto Alegre: Sulina, 2004.


A ARTE DE AYAN GHOSHAL
Art by Ayan Ghoshal





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