terça-feira, janeiro 15, 2008

MARGOT DE MONBRON, BEAUVOIR, MOUSTAKAS, REBOUL, TIN-TUN-SING, FRANZ POST, FECAMEPA & O BRASIL HOLANDÊS


Imagem: Franz Post (1612-1680) Engenho com capela, 1667 óleo sobre madeira 41 x 53 cm.

O BRASIL HOLANDÊS


Gente, quando o vuque-vuque vira buruçú e o negócio se desapruma numa verdadeira casa de mãe-Joana, todo mundo mete o dedo, o bedelho, o pentelho e o que mais couber, né não? É. É só o triz da cipoada latanhando tudo, zás, para a barbárie da discórdia se armar por escaramuças irrefreáveis explodindo em tudo quanto é ajuntamento de gente. Eita, boba-torrêro! Inferno perto disso é pouco! Bote bronca pra moer. Evidentemente que o Brasil ficava pequeno para tanta refrega. Isto porque eram os franceses na Paraíba, no Maranhão e no Rio Grande do Norte. Eram os espanhóis rondando tudo, ora aliado, ora em pé de guerra. Eram corsários ingleses, piratas anônimos, navios neerlandeses, ladrões e fascínoras de todas as estirpes, maior fuá de mar terra adentro. É compreensível que a razão para esse bafafá todo era porque todo olho grande estava na açucarocracia reinante. E mais porque ninguém estava nem aí para quem pintou a zebra, só comer as índias, vender a cana e o pau-brasil e vencer na vida, pouco se lixando para a defesa da imensidão de terra. Além disso, como narrou Joan Nieuhof de que aqui era “(...) uma região magnificamente prendada pela natureza, para a produção de tudo quanto se encontra nas Índias Ocidentais, em climas iguais ou afins, à exceção do ouro e prata. (...) Entretanto, à parte esses metais preciosos, o açúcar apresenta-se, aí, como a principal produção do país”. Por isso que os batavos botaram fé nisso e fincaram pé na conquista, reunindo aparato naval que encarou a supremacia luso-galaica, findando por ancorar nestas terras em 1630, na praia de Pau Amarelo. E vieram com fome ampliando as conquistas da Holanda Nova e da Companhia das Índias Ocidentais, passando a administrar em pouco tempo e em lutas sangrentas, desde Sergipe-d´El-Rei, Alagoas, Pernambuco, Itamaracá – que pertencia à Goiana -, Paraíba, Potigí – mais tarde Rio Grande do Norte -, e Siará – mais tarde Ceará. Tudo isso no ajeitado da lábia que prometia liberdade a quem se infincasse no chão para produzir, besteiras de impostos baratos, oferta de compradores certos, arteirice com direito de ir e vir, culto religioso liberado para qualquer crente, porte de arma para os graúdos donos de plantação, enfim, proposta completamente simpática e por demais diferente das que estavam acostumados a receber do ordenamento português. Ôxe, se era?! Hum! Muito diferente, ora!
Não deu outra e os nativos logo se bandearam pros flamengos, maior trupé de festa nas homenagens, tendo em vista, conforme registrado por Nelson Barbalho, que a indiada de Pernambuco, via de regra, ter sido sempre espoliada pelos portugueses da colônia, os quais viam os índios como seres inferiores que eram preados, reduzidos à escravidão através das infames guerras justas, prostituídas as suas mulheres, roubando-lhes as terras, perseguidos a ferro e fogo, massacrados, trucidados impunemente, enquanto os holandeses sempre trataram como criaturas humanas dignas de respeito e consideração, instruindo, dando-lhes assistência médica e social, não escravizando nem jamais invadindo as suas aldeias, muito menos roubando as suas terras. Olhe o enterro voltando de novo, hem? Será que aprenderam? Hum, duvido! Espia só. Do outro lado, com os luso-brasileiros comandados por Matias de Albuquerque num clima de sedição, deserções e traições, todas fartamente registradas nas Memórias Diárias da Guerra do Brasil, de Duarte de Albuquerque Coelho. É quando Domingos Fernandes Calabar, um mulato ativo, sagaz e astuto, natural da Paróquia de Porto Calvo, empreendedor e conhecedor das matas e terras, diga-se de passagem um dos primeiros a se engajar no luta dos portugueses e que insatisfeito por nunca receber sequer uma respeito, distinção ou honraria, porque era somente espezinhado pelo conde de Bagnuolo que era o chefe das tropas mercenárias napolitanas enviadas pelos espanhóis, resolveu, enfim, em 1632, a engrossar as fileiras flamengas. Putzgrilla! E ao receber a acolhida deles, só aceitou a oferta do posto de major, exigindo informações acerca do futuro dos brasileiros depois da contenda. Tudo preto no branco, maior enlace. Evidente que no fuxico luso ele fora acusado de traidor e se defendia alegando abandonar a causa da escravidão de Portugal pela liberdade holandesa. E saiu levando mato nos peitos até suplantar a resistência hispano-portuguesa do Arraial do Bom Jesus, numa batida macha e desmoralizante. U-hu! A respeito da conduta de Calabar, ao contrário da pecha oficial de traidor, vários historiadores são convergentes à idéia de que ele traiu o colonizador português e o espanhol pela liberdade e pela pátria, nunca o Brasil. Há, inclusive, o registro que em virtude disso, José Bonifácio de Andrade e Silva declarou a deserção de Calabar como patriótica. No entanto, cabe a você, minha distinta leitora, avaliar pelos fatos narrados. Já viu “Calabar, o elogio da traição”, de Chico Buarque & Ruy Guerra? Vamos nessa. Então, perseguido, Calabar foi, enfim, traído e entregue ao inimigo Matias de Albuquerque, em 22 de julho de 1635, sendo executado sumariamente em praça pública, enforcado e esquartejado. Desse fato, contam que, de garroteado, seu corpo foi retalhado e seus restos expostos à curiosidade pública, espetados em estacas. Ai ai ai ai ai ai ai! Pois é, eis que dois anos depois, chega o Conde Maurício de Nassau-Siegen, defendendo a luta de Calabar, a liberdade e alardeando que a monocultura é um atraso de vida. Botou quente logo de cara! Com ele, a prosperidade e a movimentação em Pernambuco fez com que promovesse uma estrepitosa festa de conclamar o povo para ver um boi voar pela ponte. Foi ele que inaugurou aquele ditado de 50 anos em 5. Mas como tudo agrada uns que é maioria na mundiça e desagrada outros poucos gananciosos, anos depois, a Companhia não se satisfez com a gestão e obras nassovianas de pacificação e descobertas locais, a ponto de, em 1644, forçá-lo a se despedir, sendo substituído por um Conselho Supremo que iniciou uma administração extremamente severa, cobrando dívidas e confiscando propriedades dos luso-brasileiros, pondo fim na tolerância religiosa, dentre outras rígidas conduções, provocando tensões que foram pipocando, o rebuliço se agigantando até esborrarem em rebeliões que se generalizaram. Tascaram fogo no rabo e sacudiram tudo! Nem deu tempo de perceber que tais conduções levaram às constantes conspirações dos portugueses que eram levados aos tribunais batavos para resolverem as pendências de todas as transações e só engrossavam os bolsos dos advogados, o que ainda mais concorria par agravar a insatisfação geral, dado o elevado custo do processo judicial, no Brasil, desde esta época, pode? A cena é tão parecida com a realidade de hoje, que Joan Nieuhof diz: “Depois quando já se tinha sentença e mandado de execução contra os devedores, o difícil era descobrir onde e como cumpri-lo, pois a maioria dos portugueses reclamava a proteção real”. Olha só onde está a origem da ineficiência, da lerdeza, contraproducência e privilégio dos apaniguados na justiça brasileira. Aí, meu babau! O buruçu desencadeou rebeliões que resultaram na Insurreição Pernambucana, que teve início em 1645 e só findou com a derrota dos holandeses em 1654. Isso numa só frente o negro valente Henrique Dias, o índio servil Felipe Camarão e toda a tropa de Mathias de Albuquerque, os lideres como André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira que foram acumulando vitórias como a do monte das Tabocas, de 1645, bem como a primeira e segunda batalhas de Guararapes, de 1648 e 1649, respectivamente, dando pano para as mangas pruma guerra que continuava penincando a tampa da bronca com devastações, prisões, delações, jogos baixos, a ponto dos portugueses envenenarem todos os poços onde os batavos bebiam água. Eita! Até que em 1653, finalmente, Portugal decidiu armar uma frota para lutar, sacudindo a poeira até a capitulação holandesa da Campina da Taborda, que se dá exatamente em 26 de janeiro de 1654. Pronto, aí que a porca torceu o rabo. Expulsos, os batavos restabeleceram as relações com Portugal, mas, a merda foi que depois que saíram provocaram a decadência do açúcar, vez que passaram a produzir a matéria-prima nas Antilhas em situação mais competitiva. Eita, porra!!!! Fodeu Maria-preá, num foi? Foi. Pois, com a maior mais sem-graceza dos vitoriosos, para num virar tudo uma meleca só, deram por satisfeito com a formalização diplomática da vitoriosa insurreição pernambucana, ocorrida só em 1661, com a assinatura da Paz de Haia. Para desconsolo dos despropósitos, o Brasil havia se tornado, sem dúvida, a mais valiosa possessão portuguesa, mas o açúcar agora era Holandês nas Antilhas, i-hi!! Cada jumento com sua carga, a-há! Isso é Brasil! E vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!!! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais FECAMEPA


DITOS & DESDITOSO momento de solidão é um despertar espontâneo, um nascimento à sua própria maneira, um caminho em direção à autenticidade e à auto-renovação. A solidão é um retorno a si mesmo, quando o mundo se tornou frio e sem significado, quando a vida ficou cheia de gente e se tornou demasiadamente, uma resposta aos outros. Pensamento do psicólogo estadunidense Clark Moustakas (1923- 2012);

A RETÓRICA NO DISCURSO PARA EXECUTIVOS, À LUZ DE OLIVIER REBOUL – Tendo-se por base a obra Introdução à retórica (Martins Fontes, 1998), de Olivier Reboul, efetuando uma leitura do artigo entitulado Vão faltar dólares? (Revista Exame, out/2008), escrito por André Lahóz e publicado na edição de 18 de outubro do corrente ano, pela revista Exame, está bastante recheado de afirmativas e conceitos oriundos de uma observação econômica do país de forma interpretativa e conclusiva, assaz eloqüente. Inicialmente ele aborda dados e desempenho da balança comercial brasileira, detectando que esta está imergindo rumo a causar prejuízos para a economia brasileira, visualizando um aclive nas importações em detrimento dos números coletados pelas exportações. Argumenta que a economia brasileira continua vulnerável em relação aos investimentos externos, investimentos estes que estão apenas montados sobre uma única base, nos dólares. Acena, então, que tais dólares representam a melhor fonte de mercado, tendo em vista de virem acompanhados de tecnologia, dinamismo, novos produtos e empregos. Relaciona tais benesses do dólar em relação aos principais mercados absorventes da produção brasileira: a Argentina e o Euro. A primeira em crise e colocando barreiras aos produtos brasileiros. A segunda, uma moeda que não conseguiu se estabelecer no próprio continente europeu e que se relaciona comercialmente com o Brasil sob a chancela do dólar, ao que, cada vez que tal moeda se desvaloriza encarece os produtos brasileiros. Ademais, o texto é incisivo, reunindo uma ótica ampla da problemática e demonstrando profundidade e conhecimento de causa. É eufemista à medida em que isenta o governo e as empresas do país de responsabilidade sobre tal panorâmica, atribuindo as causas a um conjunto de fatores externos à nossa realidade, o que deixa entender tratar-se de uma atitude sofismável. II - DISPOSIÇÃO DE IDÉIAS: O texto em referência traz por princípio uma série de raciocínios que nos leva a verificar as idéias da seguinte forma: conduções turbulentas caracterizando a economia nacional; modelo de sustentação dessa turbulência na condição de normal; conteúdo verossímil baseado em formulações comparativas; natureza informativa e subordinação ao raciocínio anterior; e informativo delineando a desconfiança e sustentando o sofisma. No parágrafo I, está apresentado de forma lacônica as causas dos problemas, sendo taxativo e dogmático quanto ao quadro que se vislumbra. No segundo parágrafo, efetua comparações econômicas e arremata com a indecisão programada na equipe econômica nacional. No terceiro parágrafo, sentencia eufemísticamente, apresentando causas reais, mas não totais ou exclusivos para a existência dos problemas. O quarto parágrafo é de natureza informativa, subordinado ao raciocínio do parágrafo anterior. O quinto mantém a mesma linha, manifestando desconfiança através das expressões de todo modo, portanto... O sexto é conclusivo e utilitário de comparações. Enquanto o sétimo é taxativo e prescreve ações para se vislumbrar um futuro possível. O oitavo parágrafo está delineado na confirmação conclusiva de dados anteriores. E, por fim, o nono parágrafo, está o arremate sofismável. III – ARGUMENTAÇÃO: André Lahóz inicia associando suas idéias aos dados da balança comercial deficitária que provoca a inibição a novos investimentos no país. É dogmático e pessimista quando afirma: "Pior: o dado de setembro serviu também pra levantar suspeitas sobre o resultado comercial de 2001". Ao longo do discurso o autor se preocupa em deixar claro, o tempo todo, que nada disso tem a ver com necessárias ações governamentais e com reposicionamento político-econômico das empresas estabelecidas no Brasil. Insiste em seu raciocínio que a vulnerabilidade da economia brasileira se deve a uma combinação de inúmeros fatores externos e não de uma política equivocada, uma economia que privilegia empreendimentos sólidos; e aliando sua persuasão com bases outras alheias, mas pertinentes, como a crise da Argentina, a desvalorização do Euro e o declínio na balança comercial. O seu raciocínio se torna ainda mais verossímil quando sentencia ser o dólar a melhor fonte de investimento, em detrimento a um reposicionamento na valorização dos recursos internos e busca da capacidade de mercado emergente das empresas brasileiras. Em todo o texto está comparações e prescrições dogmáticas, a ponto de um desfecho não menos provável que o de três posicionamentos irreversíveis: ou esse, ou este, ou aquele. E larga, finalmente um eufemismo: "o quando está longe de ser alarmante". IV - AS FIGURAS DE RETÓRICA: O texto de André Lahóz está aberto com uma figura de sentido, consigne-se a metáfora: "representaram uma ducha de água fria para quem acompanha a evolução da economia brasileira". Outra figura de sentido virá ainda no primeiro parágrafo, como sendo a hipálage: "pior: o dado de setembro serviu também para levantar suspeitas sobre o resultado comercial de 2001". Quanto às figuras de pensamento encontramos ainda alegorias e graça: "é preciso dizer que um bom pedaço dessa vulnerabilidade independe de qualquer interferência ou ação do governo ou das empresas brasileiras" e outras. Quanto às figuras de enunciação, podemos detectar a epanortose: "quem olhar a histórica econômica brasileira, aliás, notará que o problema de financiamento nunca se manifestou quando as oportunidades de investimento são óbvias". V – CONCLUSÃO: O presente texto está fundamentado em dogmas, desenvolvido sob comparações e verossimilhanças para redundar num eufemismo. Veja mais aqui.

SEGUNDO SEXO – [...] Os termos masculino e feminino só são usados simetricamente no registro formal, como nos documentos legais. Na verdade, a relação entre os dois sexos não se parece muito com aquela entre dois pólos elétricos, porque o homem representa tanto o positivo quanto o neutro, como aparece no uso comum de homem para designar seres humanos de modo geral, enquanto a mulher representa só o negativo, definida por critérios de limitação, sem reciprocidade. Numa discussão abstrata, é irritante ouvir um homem dizer: “você pensa dessa forma porque é mulher”; mas eu sei que minha única saída é responder: “penso assim porque é verdade”, retirando da discussão, portanto, meu eu subjetivo. Estaria fora de cogitação responder: “e você pensa o oposto porque é homem”, já que fica subentendido que o fato de ser homem não é uma peculiaridade [...] Há um tipo humano absoluto, o masculino. A mulher tem ovários, útero; essas peculiaridades a aprisionam em sua subjetividade, circunscrevem-na nos limites de sua própria natureza. Diz-se freqüentemente que ela pensa com suas glândulas. O homem soberbamente ignora o fato de que sua anatomia também inclui glândulas, como os testículos, e o de que eles também secretam hormônios. Ele pensa seu corpo numa conexão direta e normal com o mundo, que ele acredita apreender objetivamente, enquanto se refere ao corpo da mulher como uma prisão, um obstáculo, sobrecarregado por tudo o que lhe é peculiar. [...] Trecho extraído da obra O segundo sexo (Difusão Europeia do Livro, 1970), da escritora, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social francesa Simone de Beauvoir (1908-1896). Veja mais aqui.


MARGOT – [...] Monsieur le President de ... mais pontual para estar em tais designações do que nas audiências das sete horas, chegou exatamente quando eu acabara de terminar meu banheiro. Vi uma espécie de homem de estatura medíocre, vestido de preto, apoiado em duas pernas enrugadas, retas, rígidas e ingurgitadas, com a cabeça voltada apenas para o corpo, uma peruca artisticamente marmorizada, sobrecarregada de pólvora. O marechal, cuja abundante superfluidade cedeu três quartos de seu casaco; Acrescente a isso que ele exalou um odor de âmbar e almíscar para fazer as pessoas mais perfumadas desmaiarem. "Ah! pela primeira vez, Florença ", ele exclamou, lançando os olhos em mim", isso é o que é chamado de linda, deliciosa, divina. Francamente, você se superou hoje. Eu lhe digo a sério, Mademoiselle é adorável: sim, cem piques acima do retrato que você me fez. Em minha honra, é um anjo. Falo com você de verdade: a fé do magistrado, estou impressionado. Mas veja o lindo olho; Eu devo beijá-la, não posso segurá-la”. Madame Florence, julgando pelo trem que as coisas estavam tomando, que a presença de um terceiro se tornou inútil, secretamente se retirou e nos deixou sozinhos. Assim que o Sr. Presidente, sem me desviar da majestade de sua condição, me deitou no sofá, e depois de ter recuado alguns momentos para considerar e apalpar meu caso mais secreto, ele me colocou em uma atitude bastante oposta ao que eu estava acostumada a segurar com Pierrot. Eu fui recomendada para ser complacente: eu era demais. O traidor fez o que os libertinos fazem uns aos outros. Eu perdi minha outra virgindade. As contorções que fiz naquela operação antinatural, combinadas com alguns gritos que me escaparam apesar de tudo, fizeram o presidente entender que eu não compartilhara de modo algum seus prazeres. Então, para me recompensar e me fazer esquecer meus sofrimentos, ele colocou dois louis na minha mão. "Isso", diz ele, "é superexpendimento; não fale com Florence; Eu pagarei a ela além de suas especiarias e suas. Adeus, pequena rainha, a quem beijei antes daquela covinha encantadora: espero que nos encontremos novamente um dia desses. Sim, nos encontraremos novamente; Estou muito feliz com você e suas boas maneiras". [...]. Trechos extraídos da obra Margot la ravaudeuse (Margot, o devastador, 1800), do escritor Louis-Charles Fougeret de Monbron, também Fougeret de Monbron (1706-1760).

AS FLORES E OS PINHEIROS - Vi os pinheiros no alto da montanha / Ouriçados e velhos; / E ao sopé da montanha, abrindo as flores / Os cálices vermelhos. / Contemplando os pinheiros da montanha,/ As flores tresloucadas / Zombam deles enchendo o espaço em torno / De alegres gargalhadas. / Quando o outono voltou, vi na montanha / Os meus pinheiros vivos, / Brancos de neve, e meneando ao vento / Os galhos pensativos. / Volvi o olhar ao sítio onde escutara / Os risos mofadores; / Procurei-as em vão; tinham morrido / As zombeteiras flores. Poema do poeta chinês Tin-Tun-Sing, extraído da Antologia Poética para a Infância e a Juventude (INL, 1961), traduzido por Machado de Assis e selecionado por Henriqueta Lisboa.



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