segunda-feira, outubro 15, 2007

HEISENBERG, MONIQUE AUGRAS, PINKER, FAUSTO WOLFF, EDNA MILLAY, CLEÓPATRA, ANGELIKA KIRCHSCHLAGER, EUTERPE, LANFRANCO, NEUROCIÊNCIAS, PSICODRAMA, FECAMEPA: PINDORAMA &SARDINHA


FECAMEPA: DE PINDORAMA À CARTA DE CAMINHA - Dando prosseguimento ao FECAMEPA – Festival de Cagadas Melando o País, aos não sei mais que dias do ano da graça de mil e quinhentos e cipapau primeiro, a farra comendo no centro corria solta na maior farofada em Pindorama, ao som do verso de Virgílio que já havia virado sucesso na voz de Caetano Veloso, “Navegar é preciso, viver não é preciso”, quando lembraram lá pras tantas que já deviam ter informado à sua majetade el rei de Portugal da descoberta da grande ilha, a Ilha de Santa Cruz. Não, não era uma ilha, era a Terra dos Papagaios. Isso. Não, não era, era a terra d´além mar, do pau-brasil! Eita! Não, não era. Peraí, afinal o que era? Arre égua! Fala sério, que droga é nove? Era, depois de todas as nomeações cavoucadas possíveis e sequer imagináveis no quengo deles, enfim, o Monte Pascoal na Terra de Vera Cruz, pronto. Isto porque até o nome Brasil já existia há milênios e até que ele chegue em definitivo, muita água ainda vai heraclitamente rolar e já contei outra, tá? Definida então como Terra de Vera Cruz, Cabral revestido dos poderes de deidade corporificada mais sisuda e autorizada, afiando a lucidez antes que tomasse na tarraqueta, ordenou seu escrivão juramentado, oficial bastante nomeado, Pero Vaz de Caminha, que escrevesse em bom termo e forma apropriada à boa nova ao rei, lavrando a certidão de nascimento da terra descoberta (ou melhor, achada e invadida). Ih! O negócio começou a feder. Tanto é que com cara de poucos amigos e daquela expressão sei não, o tal Caminha fulo mais injuriado que as intrigas do Joaquim com Manuel, ficou matutando o que dizer, quase fundindo a cuca já imaginando os maus bofes do rei cheio das perguntas: - Sim, mas tem o que? Lá ia letargicamente escrevendo – ai, que preguiça boa! -, que a terra chã com grandes arvoredos, grandes em tudo, povoada por ingênuos índios todos uns pardos um tanto avermelhados com seus arcos e setas, nus de corpo e alma, de bons rostos (ui!), bons narizes, bem feitos (ai!), sem nada cobrindo as vergonhas e nem aí (uiuiuiuiui!!!).... - Sim e o que mais? -, já imagivana a peiticada do rei. Havia moças gentis dos cabelos compridos e muito pretos e que, cá pra nós, suas vergonhas são tão altas, tão cerradinhas e tão limpinhas das cabeleiras, cheirosinhas, gostosinhas, que, ave!... ah, são todas tingidas de baixo a cima de uma tintura colorida e certo era tão bem feitas e tão redondas das vergonhas tão graciosas... ah, maior trupé pro juízo do cristão!!!! - Ah, tá, sim, sim. E o que mais? Enfim, majestade, trocando em miúdos dos mais trocados que porventura possa deixar como prova dos nove, a terra “em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”. Findo com um ponto final mais na marreta que na necessidade. Foi quando Américo Vespúcio meteu o bedelho tentando dar um outro ponto mais reticente na lenga-lenga: “Pelo visto, nessa terra não tem nada que se aproveite”. Ih! Já deu para sentir, né? Foi quizília por anos e décadas, séculos. E como uma cagada nunca vem sozinha, os tolotes redundaram aos pipocos e a torto e a direito. Pois foi. Enquanto arengavam pra saber o que tinha e o que não havia em Pindorama, os lusitanos nem se tocaram que o Brasil já existia antes mesmo de ser descoberto por eles. U-huuuuu!!! Isso mesmo, pois já estava sacramentado em tombo juramentado pelo Papa Eugenio IV que assinara já em 1445, a bula confirmatória das doações feitas ao príncipe D. Henrique pelos reis D. Duarte e D. Afonso V, quanto à jurisdição espiritual das conquistas religiosa e militar em favor da Ordem de Cristo, cuja sede, na época da descoberta do Brasil, já estaria situada na cidade de Thomar. Confusão dos diabos. Eita, porra! Aí, lascou. Perdeu completamente a graça, né não? Nunca que eu imaginasse que uma coisa já fosse dada por nascida antes mesmo de ser conhecida. Ou acho que é como a cornagem ao postulante à peruca de touro, este sendo o último a saber do seu próprio uso, quando toda paróquia nem levava mais a sério de tão comum se tornara. Ou seja, para mim, no frigir dos ovos, era o começo da maior roubada. E a pagação de mico fica mais evidente quando vem a comprovação de que, na vera, a coisa já era nascida mesmo e também conhecida por todos, menos por eles. Fodeu Maria-preá! E o pior que era mesmo! Provam isso Alonso de Hojeda e Vicente Ianez Pinzon, bem como os maíres que já vasculhavam tudo na região. Verdade, os franceses já eram íntimos dos daqui. Eita, pau! E como falei no antes deste, fenícios, vikings, celtas, iberos, gauleses, bretões, anglos, saxões, francos, germanos, neerlandeses e o escambau fizeram, pintaram e bordaram por aqui muito antes dessa besteirice portuguesa virar essa zona toda. Também não deixam por mentira o fato da existência do Tratado de Tordesilhas assinado entre as coroas de Portugal e Espanha em 7 de junho de 1494, partilhando as terras do Novo Mundo recém descoberto, incluindo o Brasil. Pois bem, conversa vai, enrolança vem, para desembananar tudo, ficou certo que os portugas tomariam conta da terra de Pindorama e fim de papo. Mas a confusão não finda por ai. Verdade, a cagada prossegue e vocês sabem quando é que surge, por que e qual a razão do nome Brasil? Não? Nem imaginam, né? Pois é, mais uma balbúrdia que explicará em parte todos coprólitos até agora constatados. Fica pra próxima. Ou melhor, mais embaixo. Enquanto isso, gente, vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!!! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais FECAMEPA.

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O esporte é espórtula aqui. 
Aprumando a conversa aqui.
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Morte di Cleopatra, do pintor do Barroco italiano, Giovanni Lanfranco (1582-1647). Veja mais aqui e aqui.

Curtindo o álbum When Night Falls (Sony Records, 1999), da mezzo-soprano austríaca Angelika Kirchschlager.

PENSAMENTO DO DIATudo que digo deve ser entendido não como uma afirmação, mas como uma pergunta. Pensamento do físico e Prêmio Nobel de 1932, Werner Heisenberg, laureado pela criação da mecânica quântica, cujas aplicações levaram à descoberta, entre outras, das formas alotrópicas do hidrogênio.

OBJETIVIDADE X SUBJETIVIDADE – [...] Do ponto de vista do conhecimento, a fissura entre objeto e sujeito não condena o pensador ao círculo vicioso da procura de uma “objetividade” situada fora do sujeito, nem à prisão de uma subjetividade alheia à realidade. Desemboca ao contrário na síntese que permite integrar, superando-a, a clássica oposição entre “subjetividade” e “objetividade”. Trecho extraído da obra O ser da compreensão (Vozes, 1996), da psicóloga francesa Monique Augras.

NEUROPSICOLOGIA E AS INTERFACES COM AS NEUROCIÊNCIAS – O livro Neuropsicologia e as interfaces com as neurociências, organizado por Eliane Correa Miotto, Mara Cristina Souza de Lucia e Milberto Scaff, reúne diversos autores e estudiosos que abordam questões como aspectos neuropsicológicos das afecções do sistema nervoso central, as base fisiológicas do sistema límbico e lobos frontais, aplicações da ressonância magnética funcional em neurociências, classificação das demências, doença de Alzheimer, taupatias, afasia progressiva primária, epilepsia, acidente vascular cerebral, distúrbios da fala e da linguagem, tratamento das manifestações não motora da doença de Parkinson, avaliação e intervenção neuropsicológica e psicológica em adultos, memória, neuropsicologia no contexto hospitalar, terapia comportamental cognitiva e esclerose múltipla, pseudo-epilepsia, reabilitação neuropsicológica, psicanálise, processamento auditivo, avaliação e intervenção clinica em crianças, transtorno do déficit de atenção, hiperatividade, avaliação do desenvolvimento da competência de leituras em ouvintes e surdos de escolas especiais e comuns, dislexia, novo paradigma de avaliação neuropsicológica na analise dos movimentos oculares e avaliação dos transtornos invasivos do desenvolvimento, avaliação dos problemas de aprendizagem, método ramain-thiers no tratamento do TDAH, bateria Nepsy na avaliação da dislexia do desenvolvimento, entre outros importantes assuntos. REFERÊNCIA: MIOTTO, Eliane; LUCIA, Mara; SCAFF, Milberto (Orgs.). Neuropsicologia e as interfaces com as neurociências. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. Veja mais aqui.

O INSTINTO DA LINGUAGEM – A obra O instinto da linguagem: como a mente cria a linguagem, de Steven Pinker aborda questões acerca do instinto para adquirir arte, tagarelas, mentalês, funcionamento da linguagem, palavras, os sons do silêncio, cabeças falantes, a Torre de Babel, o bebê nasce falando, órgãos da linguagem e genes da gramática, o Big Bang, os craques da língua, o design da mente, entre outros importantes temas. REFERÊNCIA: PINKER, Steve. O instinto da linguagem: como a mente cria a linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2004. Veja mais aqui e aqui.

EUTERPE - Euterpe, em grego, é aquela que sabe agradar, presidindo a música e a invenção da flauta. Ao seu lado estão papéis de música, oboés e outros instrumentos. Veja mais aqui.

PSICODRAMA: CIÊNCIA E ARTE – No livro Moreno em ato: a construção do psicodrama a partir das práticas, de Anna Maria Antonia Abreu Costa Knobel, aborda temas como percursos existenciais e certo de constituição do eu, o teatro de improviso e drama da existência, demonstração estética da liberdade, os conflitos da atriz, efeitos do método, construção cênica do método psicodramático, a construção da sociometria, o jogo dos afetos, testes de espontaneidade, situação e role-playing, análise dos jogos espontâneos com foto na espontaneidade, nas situações e nos papéis, o psicodrama clínico, o método psicodramático, processo de reorganização psicodramática do paciente, o grupo, as questões do debatedor e as respostas de Moreno, entre outros assuntos. REFERÊNCIA: KNOBEL, Anna Maria. Moreno em ato: a construção do psicodrama a partir das práticas. São Paulo: Ágora,2004. Veja mais aqui.

A MENINA – [...] Ela era bela, prendada e virgem, como se esperava numa época em que a pílula anticoncepcional ainda não fora adicionada ao menu da burguesia. Ele também fazia o que dele se esperava, ou seja, nada. Era um playboy rico e ignorante que havia abandonado a universidade e vivia em bordeis e boates; um homem de direita como o seu pai, e que no futuro viria a ser uma autoridade menor da ditadura militar que assolaria o Brasil. [...] De Eduarda se esperava que seguisse os pais da mãe, e de Roberval, os do pai. Tanto o pai dela quando o dele faziam gosto, pois o casamento dos filhos lhes era conveniente. Amor? Dihamos que ela o atraía, pois era bonita e bem feita de corpo. Mas o que um rapaz de 28 anos, com dinheiro no bolso, acostumado com artistas argentinas e prostitutas polonesas, uma amante fixa – moda da época – e garçonière, poderia achar de interessante numa virgem inexperiente? Ela, por sua vez, já despachara vários pretendentes, mas como o príncipe encantado com o qual sonhara não aparecia, deixou-se cortejar pelo rapaz baiano. Se não era bonito – um nariz excepcionalmente grande e tão peludo que só não tinha cabelos nas unhas – era másculo e divertido. Casaram-se com pompa e circunstancia na Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, e foram passar a lua-de-mel em Punta del Este. Para Eduarda a primeira experiência sexual foi dolorida, triste, e nada excitante. Para Roberval, acostumado à expertise das profissionais, uma obrigação a ser cumprida. Dessa falta de amor, dessa egoística manipulação a dois, resultaria Lisa, nove meses mais tarde. Menos de uma semana depois, Eduarda encontrou o marido conversando com uma mulher num dos jardins do hotel. Tratava-se da amante do playbloy, que seguira o casal e se hospedara no mesmo hotel.  Na mesma noite em que Lisa foi concebida, com a desculpa de ir ao cassino, Roberval meteu-se na cama da amante onde ficou quase até o amanhecer. Dividiria as próximas duas semanas entre as duas camas. Eduarda só viria a saber disso mais de um ano depois [...]. Apesar das objeções de ambas as famílias, Eduarda tomou a única atitude corajosa e independente da sua vida: desquitou-se do marido e foi morar com a filha num apartamento em Copacabana. Arranjou um emprego de secretária e um auxílio mensal do pai, pois do ex-marido não queria nada. Quase trinta anos mais tarde, Lisa, de lindos, tristes olhos castanhos (como a mãe, casaria com um jovem que tinha uma amante à época do casamento; como a mãe, teria uma filha; e como a mãe, se desquitaria em seguida) diria a um namorado. – Não tenho inclinação nem jeito para ser feliz. [...]. Como Eduarda não aparecera, uma das freiras arranjou-lhe, à última hora, calcinhas brancas de uma menina um pouco maior, de modo que o elástico não prendia bem em volta da cintura. Mas Lisa estava muito feliz – sua mãe deveria estar escondida em algum lugar da plateria – para se preocupar com isso. Quando, finalmente, dançava contente na ponta dos pés com as outras libélulas, suas calcinhas caíram. Na pressa de levantá-las, acabou tropeçando e se viu no chão. As outras meninas continuaram dançando. Segurando as calcinhas com as mãos e tentando acompanhar as outros, provocou o riso da plateia. Fosse menos triste, fosse mais amada, fosse a filha querida que ansiava ser, não teria se importado com as gargalhadas. Afinal, nós adultos sabemos, não riam dela, mas da cômica situação que dera alguma graça à chatíssima apresentação. [...] Pararam num restaurante para almoçar, onde Eduarda encontrou alguns amigos do Iate que a convidaram para a mesa deles. – Lisinha, por que você não vai tomar um sorvete enquanto a mamãe conversa com os amigos dela? Lisa foi, daquele seu jeitinho sério e decidido. Sabia que só podia confiar nela. Fora traída pelo pai e pela mãe ao mesmo tempo. Seu coraçãozinho se encheu de medo e o medo se transformou em rancor. Sim, agora ela estava preparada para o mundo. Preparada para duvidar. Preparada para fazer sofrer a quem quer que ousasse amá-la. Trechos extraídos da obra Melhores contos (Global, 2007), do jornalista e escritor Fausto Wolff (1940-2008). Veja mais aqui.

NÃO ME LAMENTEISNão, não me lamenteis porque a luz deste dia / já próximo do fim não anda mais no céu. / Nem porque a beleza ao passar me fugia / pelos campos, no bosque enquanto o ano correu. / Não, não me lamenteis porque é imigrante a lua / porque vão-se as marés no oceano sem fim, / porque o humano desejo após chegar recua, / porque não mais olhais com o mesmo amor para mim. / Sempre soube senhora o amor – não me admira / é florada que a brisa arrasa num momento / não mais que o vagalhão que sobrer a praia atira / destroços do naufrágio apanhados do vento. / Não, não me lamenteis porque só tarde sabe / o nosso coração do que na mente cabe. Poema da poeta lírica e dramaturda estadunidense Edna St. Vincent Millay (1892-1950).



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CRÔNICA DE AMOR POR ELA

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CANTARAU TATARITARITATÁ
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
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