RENUÍDO: IV
FEIRA DE MÚSICA - As duas primeiras edições da Feira de Música foram idealizadas e
realizadas por Juarez Correya. Um arraso. A terceira edição foi realizada por
Fernando Pinras, um fiasco. A quarta, idem. A IV Feira de Música começou
comigo, Mauricinho e João da Silva. Marinheiros de primeira viagem, comemos
poeiras e léguas de Pernambuco, Paraíba e muito chão batido pelo Nordeste. O
que conseguimos foi só um júri que se aproximasse do espetacular corpo
selecionado por Juareiz. Estávamos lisos com a euforia de vento em popa. Para
desancar tudo não conseguimos patrocínio de ninguém. Somente quase a míngua foi
que o Cinho (leia-se Argenildo Bezerra), doou uma quantia satisfatória em nome
do supermercado dele. Mais nada. Prefeitura, Câmara, lojas, tudo fecharam e
quase que ficamos com uma mão na frente e outra atrás. As despesas eram altas,
muito embora o júri não houvesse cobrado nada. A propaganda e as minhas
doidices levavam a escassez de numerário. Destá. Para empiorar, no dia do
evento eu não tinha um centavo no bolso para pagar a premiação dos 3 primeiros
lugares nem nada. Em cima disso haveria um arrasador comício com a volta de
Miguel Arrais e Luis Portela de Carvalho, reunindo todo estrelato do MDB
nacional, como Marcos Freire, Jarbas Vasconcelos e a patota toda em Palmares. Juareiz,
sempre atinado, persuadiu que eu adiasse senão o prejuízo seria maior. Adiei e
agüentei os apupos, xingamentos e fúria de bandas de Natal, Surubim, Campina
Grande, João Pessoa, Recife e até dos cafundós de Judas. Marquei para 15 dias
depois. Foi aí que tomei fôlego, juntei umas merrecas que deu para cobrir o
primeiro e segundo lugares, faltava o terceiro, além do dinheiro para pagar o
instrumental, o aluguel da quadra do Diocesano e outras despesas. Fui de cara,
confiei na bilheteria. Juareiz gentilmente apresentou a feira. O júri trouxe o
jornalista Jones Melo, do Diário de Pernambuco, também de graça. Consegui
outras gentis participações no júri nas pessoas Teles Junior, Eliseu Pereira de
Melo, professora Julia Leite e mais uns tantos outros simpáticos que compuseram
os 9 membros do júri sem cobrar centavo algum. Obrigado a todos. E eu? Falido.
Começou a zoada. Sei que no fim houve empate e Juareiz resolveu fazer o
desempate por voto popular. Foi uma doidice. Primeiro lugar, Mazinho. Segundo
lugar, Fernandinho Melo (uma música que eu era parceiro dele, mas escondera isso
para não influenciar o júri, foi a sorte para sobrar um trocado). E o terceiro,
Zé Ripe que ainda passei uns dias para completar o dinheiro do prêmio dele.
Resultado: um fiasco. Era para aprender, mas não. Vamos nessa. Vamos aprumar a
conversa aqui, aqui e aqui.
Imagem: Sem título do pintor
português Domingos Sequeira
(1768-1837)
Curtindo o álbum I'm A Woman - Jazz & Chanson (Lola Lounge, 2008), da cantora alemã Marianne Rosenberg. Veja mais aqui.
EPÍGRAFE – Existe uma verdade
bem lá no fundo de você que está esperando que você a descubra, e essa Verdade
é a seguinte: você merece todas as coisas boas que a vida tem a oferecer [...], trecho recolhido do livro The
Secret – O Segredo (Ediouro, 2007), da escritora e produtora australiana Rhonda Byrne. Veja mais aqui.
CIBERTEXTUALIDADE – No livro Linguagens líquidas na era da mobilidade
(Paulus, 2007), a professora e pesquisadora Lucia Santaella, encontro na segunda parte do capítulo 13 – Da poesia concreta à
ciberpoesia, na parte denominada Três modos de exploração da cibertextualidade,
destacando o seguinte trecho: Baseada na
investigação da materialidade e dos novos potenciais que se abrem para a
escritura, a textualidade eletrônica apresenta hoje três formas principais: o
hipertexto e sua extensão na hipermídia; o texto visual cinético; e os
trabalhos em mídias programáveis. Todas as três formas são multimidiáticas na
medida em que são semioticamente híbridas, englobando o texto escrito, a
exploração de suas possibilidades gráficas, as distintas mídias imagéticas (gráficas,
fotográficas e videográficas) e o som. Isso se constitui na performatividade da
escrita, que faz dela uma atividade semiótica que usa e está consciente das
várias espécies de mídias que nela se manifestam. Está aí um dos poderes
significativos da escrita na nova mídia: reunir texto com a imagem, assim como
com outras mídias, tais como som e vídeo. [...] Entre as três formas acima indicadas, a primeira está proeminentemente
relacionada com obras narrativas, como por exemplo, na prosa literária
interativa e nos games; a segunda diz respeito à e-poesia; enquanto a terceira
localiza-se na fronteira fluida da net arte e net poesia. [...]. Veja mais
aqui e aqui.
MIUDEZAS - o livro de crônicas Viventes
da Alagoas (Martins, 1962), do
escritor e jornalista Graciliano Ramos
(1892-1953), encontro a pequeníssima crônica Miudezas, a qual destaco: Não pretendo levar ao público a ideia de que
os meus empreendimentos tenham vulto. Sei perfeitamente que são miuçalhas. Mas afinal
existem. E, comparados a outros ainda menores, demonstram que aqui pelo
interior podem tentar-se coisas um pouco diferentes dessas invisíveis sem grande
esforço de imaginação ou microscópio. Quando iniciei a rodovia de Sant’Ana, a
opinião de alguns munícipes não a merecessem. E argumentavam. Se aquilo não era
péssimo, com certeza sairia caro, não poderia ser executado pelo município. Agora
mudaram de conversa. Os impostos cresceram, dizem. Ou as obras públicas de
Palmeira dos Índias são pagas pelo Estado. Chegarei a convencer-me de que não
fui eu que as realizei. Veja mais aqui e aqui.
SE SE MORRE DE AMOR – No livro Novos cantos (1857- Poesias Completas - Científica, 1965), do
poeta, advogado, jornalista, etnógrago e teatrólogo Gonçalves Dias (1823-1864), encontro o poema Se se morre de amor
que foi escrito em fevereiro de 1852, tem Ana Amélia por inspiradora: Se se morre de amor! — Não, não se morre, / Quando
é fascinação que nos surpreende / De ruidoso sarau entre os festejos; / Quando
luzes, calor, orquestra e flores / Assomos de prazer nos raiam n'alma, / Que
embelezada e solta em tal ambiente /No que ouve, e no que vê prazer alcança! / Simpáticas
feições, cintura breve, / Graciosa postura, porte airoso, / Uma fita, uma flor
entre os cabelos, / Um quê mal definido, acaso podem / Num engano d'amor
arrebatar-nos. / Mas isso amor não é; isso é delírio, / Devaneio, ilusão, que
se esvaece / Ao som final da orquestra, ao derradeiro / Clarão, que as luzes no
morrer despedem: / Se outro nome lhe dão, se amor o chamam, / D'amor igual
ninguém sucumbe à perda. / Amor é vida; é ter constantemente / Alma, sentidos,
coração — abertos / Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos, / D'altas
virtudes, té capaz de crimes! / Compr'ender o infinito, a imensidade, / E a
natureza e Deus; gostar dos campos, / D'aves, flores, murmúrios solitários; / Buscar
tristeza, a soledade, o ermo, / E ter o coração em riso e festa; / E à branda
festa, ao riso da nossa alma / Fontes de pranto intercalar sem custo; / Conhecer
o prazer e a desventura / No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto / O ditoso, o
misérrimo dos entes; / Isso é amor, e desse amor se morre! / Amar, e não saber,
não ter coragem / Para dizer que amor que em nós sentimos; / Temer qu'olhos
profanos nos devassem / O templo, onde a melhor porção da vida / Se concentra;
onde avaros recatamos / Essa fonte de amor, esses tesouros / Inesgotáveis,
d'ilusões floridas; / Sentir, sem que se veja, a quem se adora, / Compr'ender,
sem lhe ouvir, seus pensamentos, / Segui-la, sem poder fitar seus olhos, / Amá-la,
sem ousar dizer que amamos, / E, temendo roçar os seus vestidos, / Arder por
afogá-la em mil abraços: / Isso é amor, e desse amor se morre! / Se tal paixão porém
enfim transborda, / Se tem na terra o galardão devido / Em recíproco afeto; e
unidas, uma, / Dois seres, duas vidas se procuram, / Entendem-se, confundem-se
e penetram / Juntas — em puro céu d'êxtases puros: / Se logo a mão do fado as
torna estranhas, / Se os duplica e separa, quando unidos / A mesma vida
circulava em ambos; / Que será do que fica, e do que longe / Serve às borrascas
de ludíbrio e escárnio? / Pode o raio num píncaro caindo, / Torná-lo dois, e o
mar correr entre ambos; / Pode rachar o tronco levantado / E dois cimos depois
verem-se erguidos, /Sinais mostrando da aliança antiga; / Dois corações porém,
que juntos batem, / Que juntos vivem, — se os separam, morrem; / Ou se entre o
próprio estrago inda vegetam, / Se aparência de vida, em mal, conservam, / Ânsias
cruas resumem do proscrito, / Que busca achar no berço a sepultura! / Esse, que
sobrevive à própria ruína, / Ao seu viver do coração, — às gratas / Ilusões,
quando em leito solitário, / Entre as sombras da noite, em larga insônia, / Devaneando,
a futurar venturas, / Mostra-se e brinca a apetecida imagem; / Esse, que à dor
tamanha não sucumbe, / Inveja a quem na sepultura encontra / Dos males seus o
desejado termo! Segundo estudiosos da
obra desse autor, esses versos foram escritos em Recife, logo depois da recusa
ao pedido de casamento da mulher amada e imediatamente após um serão em que as
senhoras da alta sociedade contestavam que o amor pudesse matar. Veja mais
aqui, aqui e aqui.
A FAMÍLIA E A FESTA NA ROÇA – Na comédia A família e a festa
na roça, do
dramaturgo, diplomata e introdutor da comédia de costumes no país Martins
Pena (1815-1848), encontro o personagem
Domingos João mencionando: [...] não lhe
parece que a Quitéria , depois que passou dois dias em São João de
Itaboraí, está tão cheia de fatos e
medeixes... [...], expressão essa como variante da locução popular cheia de
não-me-toques, designando criaturas luxentas, ciosas de sua pessoa, infensas a
aproximações exageradas, ou a intimidades excessivas. É provável, segundo
estudiosos, que tenha tido origem na frase latina de origem bíblica Noli me
tangere, que compreende a tradução das palavras de Jesus e Maria Madalena
depois da ressurreição, segundo o evangelho de João e que significa Não me
toque. Veja mais aqui, aqui e aqui.
CHUNHYANG – O filme Chunhyang (Amor proibido, 2000), dirigido por Im Kwon-taek, conta a história ocorrida na Coréia do século
18, quando um jovem filho de um potentado local casa-se em segredo com a bela
Chunhyang, a filha de uma prostituta. Quando o príncipe se ausenta para
completar sua educação, sua mulher se vê à mercê do novo e cruel governador,
que quer torna-la sua concubina. O
destaque do filme é a belíssima atriz coreana Lee Hyo-Jeong. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da atriz coreana Lee Hyo-Jeong.
Veja mais Francis Bacon, Antonio Gramsci, August Strindberg, Marília Pêra, Lidia Wylangowska, Luciana Mello &
Vagner Santana aqui e aqui.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
Imagem: Nu, de Randy Bordner