sábado, abril 29, 2017

DRUMMOND, DEGAS, ELIS REGINA, MACEIÓ, DANÇA & ALTAS HORAS DA MADRUGADA

ALTAS HORAS DA MADRUGADA - Imagem: Maceió, foto de Gustavo Rocha. - Chove lá fora meu coração, há tempo falo sozinho no trâmite da solidão, há tempo que eu mesmo não sei. Aos quatro ventos me molharia até onde a chuva do meu choro levar. Quero apenas um copo d’água, nem isso, um copo d’água apenas e suas mãos, muito obrigado. Apesar de saudável, fui examinado e condenado porque minha doença é estar vivo: açoitado por todos, fui declarado imundo e me lançaram fora do arraial. Estrangeiro eu sou, previ a insônia: querem levar meu futuro roubando meu sono. Tenho a casa e a glória no vento, meus bolsos estão vazios. Roto, mutilado, desfaleci e tive que apodrecer para reconstruir meu mundo. Fui até o fundo do inferno e estou armado de luz. Anjo algum avisou e só me acrescenta às perdas, Quixote dos meus ideais. Por vontade própria optei pela solidão, vou só, coração a bombordo, lutando contra meus próprios moinhos de vento. Na minha morte me recusarão o chão, não terei nada e serei feliz noutra hora em que a abstração não veja que lá vai o tempo sem compaixão a me asfixiar na mordaça do não. Pelo menos, servirá pro arremesso do amor que virá represar esta chuva no peito a me afogar. Servirá pro começo do amor que brotar da demora e ter de esperar é uma tortura ultrajante, como se todo sigilo atrevesse revelar o amor ao abandono, brindando um ermo agreste que me fatia no meio da procela agitada. Deixo ao mundo o meu caleidoscópio de lembranças e sonhos, como se eu desfiasse meu rosário e não restasse mais nada dos meus pedaços. Não estou arrependido, nem quero ser perdoado, nenhum céu me salvará. Se um dia eu tiver a canção, uma apenas seria bastante pra cantar acalanto enquanto a criança de sono impelido não cresce de repente. A noite é cheia de surpresas, todo momento é cilada, o castigo de quem persevera à vigília no silêncio do ermo, o frio da quietude, as luzes das ruas, prédios e veículos como se contasse carneirinhos enquanto estalidos estranhos, o cricrilar dos grilos, os rumores longínquos e o ronco dos motores roubando a calmaria, a alucinação da minha lucidez de alcançar a lua à palma da mão e a noite é cada vez mais íntima na minha solidão. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

CÃO SEM DONO
É nas noites que eu passo sem sono
Entre o copo, a vitrola e a fumaça
Que ergo a torre do meu abandono
E que caio em desgraça
É nas horas em que a noite faz frio
E a lembrança ao castigo me arrasta
Solidão é o carrasco sombrio
E a saudade a vergasta
Se eu cantar a alegria sai falsa
Se eu calar a tristeza começa
E eu prefiro dançar uma valsa
Que ouvir uma peça
E eu recuo, eu prossigo e eu me ajeito
Eu me omito, eu me envolvo e eu me abalo
Eu me irrito, eu odeio, eu hesito
Eu reflito e me calo
.
Cão sem dono, música da cantora e compositora Sueli Costa e do poeta, letrista e compositor Paulo César Pinheiro, incluída no álbum ao vivo Transversal do Tempo (Phonogram/Philipps, 1978), da cantora Elis Regina (1945-1982). Veja mais aqui, aqui e aqui.

Veja mais sobre:
Uma canção de amor, a literatura de Geoff Dyer & Victor Hugo, a música de Miles Davis & O Jazz de New Orleans, a fotografia de Robert Mapplethoppe, a arte de Debra Hurd & Lisa Lyon, a pintura de C. Vernet & Pedro Cabral aqui.

E mais:
Corações solitários, Hipócrates, Isaac Newton & Catherine Barton Conduitt, O homem & pós-homem de Fernanda Bruno, a literatura de Carlos Castañeda, a poesia de William Wordsworth, a música de Elena Papandreou, O teatro do Bharata, a arte de Luis Fernando Veríssimo, a entrevista de Claudia Telles, a pintura de Cristina Salgado, o cinema de Júlio Bressane & Josie Antello aqui.
Solilóquio na viagem noturna do sol, A Educação no Brasil, o pensamento de Sêneca, a música de Maria Esther Pallares, a coreografia de Paula Águas, a pintura de Terry Miura & Amenaide Lima aqui.
Solilóquio das horas agudas, O mito de Sísifo de Albert Camus, Neurofilosofia & Neurociências, a música de Meg Myers, a pintura de José Manuel Merello, Hipócrates & Luciah Lopez aqui.
Solilóquio do umbigocentrismo, Rio São Francisco - Velho Chico, Richard Bach, Quando todo dia é segunda-feira, Chamando na grande & mandando ver no lero aqui.
O espectro da fome de Josué de Castro, Ilíada de Homero, a música de Mercedes Sosa & Martha Angerich, a pintura de Tamara de LempickaAna Botafogo, Eliezer Augusto & Genesio Cavalcanti aqui.
Quem desiste jamais saberá o gosto de qualquer vitória, A ciência da linguagem de Roman Jakobson, a literatura de Marcel Proust, a música de Secos & Molhados & Luiza Possi, a pintura de Henry Asencio, a arte de Regina José Galindo, a fotografia de Thomas Karsten & Tortura é crime aqui.
Boa noite, Penedo, às margens do São Francisco, a literatura de Adonias Filho & Georges Bataille, A história social do Brasil de Manoel Maurício de Albuquerque, a música de Bach & Rachel Podger, a arte de Marcel Duchamp, a pintura de Jaroslav Zamazal, a fotografia de Karin van der Broocke, Vanguard & Kéfera Buchmann aqui.
E a dança revelou o amor, a literatura de Manuel Scorza, A busca fálica de James Wyly, a música de Gabriel Fauré & Ina-Esther Joost, a pintura de Francisco Soria Aedo, a coreografia de Merce Cunningham, a arte de Yves Klein & a fotografia de Richard Rutledge aqui.
Três poemas & a dança revelou o amor..., a pintura de Andrew Atroshenko & Ton Dubbeldam, a fotografia de Klaus Kampert & a arte de Jeremy Mann aqui.
Quando ela dança tangará no céu azul do amor, A condição pós-moderna de Jean-François Lyotard, A estética da desaparição de Paul Virilio, a música de Anna-Sophia Mutter, a pintura de Alex Alemany & Eloir Junior, a arte de David Peterson & Luciah Lopez, Carlos Zemek & & Isabel Furini aqui.
A dança dos meninos, a poesia de Manuel Bandeira & Amiri Baraka, A bailarina de João Cabral de Melo Neto, O Kama Sutra de Vatsyayana, A dançarina de Yasunari Kawabata, a música de Isabel Soveral & António Chagas Rosa, a pintura de Jose Manuel Abraham, a fotografia de M. Richard Kirstel, Pas de deux & Ary Buarque aqui.
O voo da mulher, Dicionário de lugares imaginários, o teatro de Federico Garcia Lorca, a música de Duke Ellington, o cinema de Lars von Trier & Nicole Kidman, a arte de Tatiana Parcero & Caco Galhardo, Rô Lopes & Como veio a primeira chuva aqui.
Saúde no Brasil, O Fausto de Goethe, o pensamento de Terêncio, Ética & Fecamepa, Os sentidos da integralidade de Ruben Araújo de Mattos & Remexendo as catracas do quengo e queimando as pestanas com coisas, coisitas e coisões aqui.
Todo dia é dia de dançar o amor aqui.
O alvoroço do poema na horagá do amor & a pintura de Oscar Sir Avendaño aqui.
Literatura de cordel : quebra pau no STF, de Bob Motta aqui.
A pingueluda aqui.
A arte de Marcya Harco aqui.
O pensamento de Georg Lukács, A psicanálise de Jacques Lacan, o teatro de Samuel Beckett, a literatura de Henry James, a música de Morton Subotnick, o cinema de Jane Campion & Nicole Kidman, a pintura de Aurélio D'Alincourt, a arte de Fady Morris & As poesias pontilhadas de Dorothy Castro aqui.
Pindura aí, meu! O negócio tá ficando feio, Cidadania insurgente de James Holston, a poesia de Sérgio Frusoni, A cidadania de Maria de Lourdes Manzine Covre, a música de Sol Gabetta, a fotografia de Mara Saldanha, a arte de Stanley Borack & a pintura de Fernando Rosa aqui.
História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
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A DANÇA DE DRUMMOND & DEGAS
A dança? Não é movimento, / súbito gesto musical. / É concentração, num momento, / da humana graça natural. / No solo não, no éter pairamos, / nele amaríamos ficar. / A dança – não vento nos ramos: / seiva, força, perene estar. / Um estar entre céu e chão, / novo domínio conquistado, / onde busque nossa paixão / libertar-se por todo lado… / Onde a alma possa descrever / suas mais divinas parábolas / sem fugir à forma do ser, / por sobre o mistério das fábulas.
Poema A dança e a alma, extraído da obra Viola de bolso (José Olympio, 1952), do poeta, contista e cronista Carlos Drummond Andrade (1902–1987), ilustrado pelas esculturas do pintor, gravurista, escultor e fotógrafo francês Edgar Degas (1834-1917). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: Todo dia é dia de dançar!
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