quinta-feira, fevereiro 18, 2016

CHRISTIANE TORLONI & A CLÍNICA DE FREUD



CHRISTIANE TORLONI – A trajetória da atriz Christiane Torlone - La Torloni, é mercada por participações engajadas em movimentos históricos como Diretas Já, a luta pela democracia e o fim da ditadura, entre outros envolvimentos em causas sociais. Ela iniciou no teatro com As preciosas ridículas (1979), Bodas de papel (1980), As lágrimas amargas de Petra von Kant (1981), Tio Vânia (1984), O lobo de Rayban (1988), Orlando (1989), 10 elevado a menos 43 – Extasis (1993), Hamlet (1994), Salomé, Salomé (1997), Joana D’Arc, a revolta (2000), Blue Room (2002), A paixão de Cristo: o auto de Deus (2004), Mulheres por um fio (2005) e A loba de Ray-ban (2009). No cinema ela estreou com Ariella (1980), O beijo no asfalto (1981), Eros, o deus do amor (1981), Rio Babilônia (1982), Das tripas coração (1982), O bom burguês (1983), Aguenta, coração (1984), Águia na cabeça (1984), Besame mucho (1987), Eu (1987), Perfume de Gardênia (1993), Cinema de lágrimas (1995), Ismael e Adalgisa (2001), Onde andará Dulce Veiga? (2007) e Chico Xavier (2010). Fez muito sucesso na televisão participando de novelas e seriados. Veja mais aqui.

TODO DIA É DIA DA MULHER
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DUAS HISTÓRIAS CLÍNICAS, DE SIGMUND FREUD - [...] Minha impressão é de que o quadro da vida sexual de uma criança apresentado nessa observação do pequeno Hans está muito de acordo com o relato que forneci (baseando meus pontos de vista em exames psicanalíticos de adultos) nos meus Três Ensaios. Mas antes de entrar nos detalhes dessa concordância, devo tratar de duas objeções que serão levantadas contra o fato de eu fazer uso da presente análise para esse fim. A primeira objeção é quanto ao fato de que Hans não era uma criança normal, mas (como os eventos - a própria doença, de fato - mostraram) tinha uma predisposição para a neurose, e era um jovem “degenerado”; seria ilegítimo, portanto, aplicar-se a outras crianças normais conclusões que talvez pudessem ser verdadeiras em relação a ele. Devo adiar a consideração dessa objeção, de vez que ela só limita o valor da observação, e não o anula completamente. De acordo com a segunda e menos comprometedora objeção, uma análise de uma criança conduzida por seu pai, que foi instilado ao trabalho com meus pontos de vista teóricos e infectado com meus preconceitos, deve ser inteiramente desprovida de qualquer valor objetivo. Uma criança, dirão, é necessariamente muito sugestionável, e muito mais por seu próprio pai do que talvez por qualquer outra pessoa; ela permitirá que qualquer coisa lhe seja forçada, por causa da gratidão a seu pai por lhe dar tanta atenção; nenhuma das suas afirmações pode ter qualquer valor de evidência, e tudo o que ela produz sob a forma de associações, fantasias e sonhos tomará, naturalmente, a direção para a qual está sendo pressionada por todos os meios possíveis. Mais uma vez, em suma, a coisa toda é simplesmente `sugestão’ - a única diferença é que, no caso de uma criança, ela pode ser desmascarada muito mais facilmente do que no caso de um adulto. Coisa singular. Lembro-me, quando comecei a me intrometer no conflito de opiniões científicas há vinte e dois anos atrás, de com que zombaria a geração mais velha de neurologistas e psiquiatras dessa época recebeu as afirmações sobre a sugestão e seus efeitos. Desde então a situação mudou fundamentalmente. A aversão original converteu-se numa aceitação por demais pronta; e isso aconteceu não só como consequência da impressão que o trabalho de Liébeault e Bernheim e de seus alunos não podia deixar de criar no curso dessas duas décadas, mas também porque desde então se descobriu que grande economia de pensamento pode ser feita com o uso da chamada `sugestão’. Ninguém sabe e ninguém se importa com o que seja sugestão, de onde ela vem, ou quando surge - basta que tudo de estranho na região da psicologia seja rotulado de `sugestão’. Não compartilho do ponto de vista, que está em voga atualmente, de que as afirmações feitas pelas crianças são invariavelmente arbitrárias e indignas de confiança. O arbitrário não tem existência na vida mental. A não-confiabilidade das afirmações das crianças é devida à predominância da sua imaginação, exatamente como a não-confiabilidade das afirmações das pessoas crescidas é devida à predominância dos seus preconceitos. Quanto ao resto, mesmo as crianças não mentem sem um motivo, e no todo são mais inclinadas para um amor da verdade do que os mais velhos. Se fôssemos rejeitar a raiz e os ramos das declarações do pequeno Hans certamente deveríamos estar-lhe fazendo uma grave injustiça. Ao contrário, podemos distinguir claramente as ocasiões em que ele estava falsificando os fatos ou guardando-os sob a força compelidora de uma resistência, as ocasiões em que, estando indeciso, concordava com seu pai (de modo que aquilo que ele dissesse não fosse tomado como evidência), e as ocasiões em que, livre de qualquer pressão, ele explodia numa torrente de informação sobre o que estava realmente acontecendo dentro dele e sobre coisas que até então ninguém sabia, a não ser ele mesmo. As declarações feitas por adultos não oferecem maior certeza. É um fato lamentável que nenhum relatório de uma psicanálise possa reproduzir as impressões recebidas pelo analista enquanto ele a conduz, e que um sentido final de convicção nunca possa ser obtido pela leitura sobre ela, mas somente experimentando-a diretamente. Contudo, essa incapacidade aplica-se em igual grau a análises de adultos. O pequeno Hans é descrito por seus pais como uma criança alegre, franca, e assim ele deve ter sido, considerando-se a educação dada por seus pais, que consistia essencialmente na omissão dos nossos costumeiros pecados educacionais. Enquanto podia levar avante suas pesquisas num estado de feliz naïvété, sem nenhuma suspeita dos conflitos que estavam para surgir a partir destas, ele não escondeu nada; e as observações feitas durante o período anterior à fobia não admitem dúvida ou reserva. Foi com a eclosão da doença e durante a análise que começaram a aparecer as discrepâncias entre o que ele dizia e o que ele pensava; isso acontecia em parte porque o material inconsciente, que ele era incapaz de controlar, de repente se estava forçando sobre ele, e em parte porque o conteúdo de seus pensamentos provocava reservas em relação às suas relações com seus pais. Minha opinião imparcial é que essas dificuldades não resultaram maiores do que em muitas análises de adultos. É verdade que durante a análise teve que ser contada a Hans muita coisa que ele mesmo não podia dizer, ele teve de ser apresentado a pensamentos que até então ele não tinha mostrado sinais de possuir, e sua atenção teve de ser voltada para a direção da qual seu pai estava esperando que surgisse algo. Isso diminui o valor de evidência da análise, mas o processo é o mesmo em todos os casos. Pois uma psicanálise não é uma investigação científica imparcial, mas uma medida terapêutica. Sua essência não é provar nada, mas simplesmente alterar alguma coisa. Em uma psicanálise o médico sempre dá a seu paciente (às vezes em maior e às vezes em menor escala) as ideias conscientes antecipadas, com a ajuda das quais ele se coloca em posição de reconhecer e de compreender o material inconsciente. Há alguns pacientes que necessitam mais de tal assistência e alguns que necessitam menos, mas não há nenhum que passe sem alguma assistência. Leves distúrbios podem, às vezes, ser levados a um fim pelos esforços não auxiliados do sujeito, mas nunca uma neurose - uma coisa que se colocou contra o ego como um elemento estranho a ele. Para obter o melhor de tal elemento, outra pessoa precisa ser trazida para dentro, e na medida em que essa pessoa puder auxiliar, a neurose será curável. Se está na própria natureza de qualquer neurose afastar-se da `outra pessoa’ - e isso parece ser uma das características dos estados agrupados sob o nome de demência precoce -, então, por esta razão, tal estado será incurável por quaisquer esforços de nossa parte. É verdade que uma criança, devido ao pequeno desenvolvimento dos seus sistemas intelectuais, requer uma assistência especialmente enérgica. Mas, afinal, a informação que o médico dá ao seu paciente deriva, por sua vez, de experiência analítica; e, de fato, isso é suficientemente convincente se, à custa dessa intervenção do médico, ficamos habilitados para descobrir a estrutura do material patogênico e, simultaneamente, para dissipá-lo. Contudo, mesmo durante a análise, o pequeno paciente deu sinal de independência suficiente para colocá-lo acima da acusação de `sugestão’. Como todas as outras crianças, ele aplicava suas teorias sexuais infantis ao material à sua frente, sem ter recebido qualquer encorajamento para agir assim. Essas teorias estão extremamente distantes da mente adulta. Na verdade, nesse caso eu realmente deixei de avisar ao pai de Hans que o menino seria impelido a aproximar-se do tema do parto por meio do complexo excretório. Essa negligência da minha parte, apesar de ter levado a uma fase obscura na análise, foi, todavia, o meio de produzir uma boa parte de evidência da legitimidade e da independência dos processos mentais de Hans. Ele se tornou de repente, ocupado com `lumf‘: sem que seu pai, que se supunha estar praticando sugestão sobre ele, tivesse a menor ideia de como ele tinha chegado a esse tema, ou o que iria sair daí. Seu pai também não pode ser sobrecarregado com nenhuma responsabilidade pela produção das duas fantasias do bombeiro, que surgiram com o `complexo de castração’ de Hans, adquirido muito cedo. É preciso confessar aqui que, fora o interesse teórico, ocultei inteiramente do pai de Hans minha expectativa de que acabaria havendo um pouco de tal conexão, de modo a não interferir no valor de uma parte de evidência que não vem muitas vezes à compreensão da pessoa. [...] O assunto contido nas páginas a seguir será de duas categorias. Primeiramente, fornecerei alguns extratos fragmentários oriundos da história de um caso de neurose obsessiva. Esse caso, julgado por sua extensão, pelos danos de suas consequências e pelo próprio ponto de vista do paciente a seu respeito, merece ser classificado como um caso relativamente sério. O tratamento, que durou cerca de um ano, acarretou o restabelecimento completo da personalidade do paciente, bem com a extinção de suas inibições. Em segundo lugar, partindo-se desse caso e levando-se em consideração outros casos que analisei anteriormente, farei algumas assertivas de caráter aforístico, fora de conexão, sobre a gênese e o mecanismo mais estritamente psicológico dos processos obsessivos; assim, espero desenvolver as minhas primeiras observações sobre o assunto, publicadas em 1896. [...] Aquilo que se descreve oficialmente como uma `ideia obsessiva’ mostra, por conseguinte, em sua deformação a partir de seu teor original; vestígios da luta defensiva primária. Sua deformação possibilita que esta persista, de vez que o pensamento consciente é, pois, impelido a compreendê-la mal, como se fosse um sonho; isso porque também os sonhos são um produto da conciliação e da deformação, e são mal compreendidos pelo pensamento desperto. [....] A predileção dos neuróticos obsessivos pela incerteza e pela dúvida leva-os a orientar seus pensamentos de preferência para aqueles temas perante os quais toda a humanidade está incerta e nossos conhecimentos e julgamentos necessariamente expostos a dúvida. Os principais temas dessa natureza são paternidade, duração da vida, vida após a morte e memória - na qual todos nós costumamos acreditar, sem possuirmos a menor garantia de sua fidedignidade. Nas neuroses obsessivas, a incerteza da memória é utilizada em toda a sua extensão como auxiliar na formação de sintomas; e conheceremos diretamente o papel desempenhado no conteúdo real dos pensamentos do paciente pelas questões sobre a duração da vida e a vida depois da morte. Contudo, como uma transição mais adequada, considerarei em primeiro lugar um vestígio particular de superstição em nosso paciente, ao qual já aludi, e que, sem dúvida, terá confundido a mais de um de meus leitores. DUAS HISTÓRIAS CLÍNICAS – A obra Duas histórias clínicas – o pequeno Hans e o homem dos ratos, de Sigmund Freud, trata acerca da análise de uma fobia em um  menino de cinco anos, abordando o caso clinico e análise, discussão, pós-escrito, e notas sobre um caso de neurose obsessiva, abordando extrato do caso clínico, o inicio do tratamento, sexualidade infantil, o grande medo obsessivo, iniciação na natureza do tratamento, algumas ideias obsessivas e sua explicação, a causa precipitadora da doença, o complexo paterno e a solução da ideia do rato, considerações teóricas, algumas características das estruturas obsessivas, algumas peculiaridades psicológicas dos neuróticos obsessivos, sua atitude perante a realidade, a superstição e a morte, a vida instintual dos neuróticos obsessivos e as origens da compulsão e da dúvida, addendum: registro original do caso e um apêndice com alguns escritos de Freud que tratam da ansiedade, das fobias em crianças e de neurose obsessiva. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

REFERÊNCIA
FREUD, Sigmund. Duas histórias clínicas – o pequeno Hans e o homem dos ratos. Rio de Janeiro: Imago, 1980.


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