sábado, março 21, 2015

ŽIZEK, MUSSORGSKY, LACAN, BROOK, BARRAULT, NGIAP & CICERO MELO


COMO LER LACAN – O livro Como ler Lacan (Zahar, 2010), do sociólogo, filósofo e crítico social esloveno Slavoz Žižek, trata acerca da psicanálise lacaniana a partir da abordagem de gestos vazio e performativos, o sujeito interpassivo, de Che vuoif à fantasia, dificuldades com o real, ideal de eu e supereu, "Deus está morto, mas Ele não sabe", o sujeito perverso da política, entre outros assuntos. Destaco esse trecho da obra: [...] Talvez a maneira adequada de terminar este livro seja mencionar 0 caso de Sophia Karpai, a chefe da unidade cardiológica do hospital do Kremlin no fim dos anos 40. Seu ato, o oposto da elevação perversa de si mesmo a um instrumento do grande Outro, merece ser chamado de um verdadeiro ato ético no sentido lacaniano. Seu infortúnio foi ter sido incumbida duas vezes de fazer eletrocardiogramas em Andrei Zhdanov, em 25 de julho de 194s e novamente em 31 de julho, dias antes de ele morrer por falência cardíaca. O primeiro ECG, feito depois que Zhdanov manifestou alguns sintomas cardíacos, foi inconclusivo (não foi possível nem confirmar nem excluir um ataque cardíaco), ao passo que o segundo, surpreendentemente, mostrou um quadro mais favorável (o bloqueio intraventricular tinha desaparecido, uma clara indicação de que não havia ataque cardíaco). Em 1951, Sophia foi presa sob a acusação de que, em conluio com outros médicos que tratavam de Zhdanov, havia falsificado dados clínicos, apagando as claras indicações de que um ataque cardíaco havia ocorrido, e assim privando Zhdanov dos cuidados especiais requeridos pela vítima de um ataque cardíaco. Após maus-tratos, incluindo surras brutais contínuas, todos os outros médicos acusados confessaram. "Sophia Karpai, a quem seu chefe Vinogradov havia descrito como nada mais que 'uma típica pessoa comum com a moral da pequena burguesia', foi mantida numa cela refrigerada sem dormir para que confessasse. Ela não 0 fez”. O impacto e o significado de sua perseverança não podem ser superestimados: sua assinatura teria encerrado definitivamente a causa do promotor sobre "a conspiração dos médicos", pondo imediatamente em movimento mecanismos que, uma vez desencadeados, teriam levado à morte de centenas de milhares de pessoas, talvez até a uma nova guerra europeia (segundo o plano de Stálin, a "conspiração dos médicos" pretendia demonstrar que as agências ocidentais de informação tinham tentado assassinar altos líderes soviéticos, e assim fornecer uma desculpa para um ataque à Europa ocidental). Karpai resistiu por tempo suficiente para que Stálin entrasse em seu coma final, depois do que todo o caso foi imediatamente abandonado. Seu heroísmo simples foi decisivo na série de detalhes que, "como grãos de areia nas engrenagens da enorme máquina que havia sido posta em movimento, evitou mais uma catástrofe na sociedade soviética e na política em geral e salvou as vidas de milhares, se não milhões de pessoas inocentes". A simples persistência contra todas as probabilidades é em última análise a matéria de que a ética é feita - ou, como Samuel Beckett o expressa nas últimas palavras da obra-prima absoluta da literatura do século XX, O inominável, uma saga da pulsão que persevera sob o disfarce de um objeto parcial morto-vivo, "no silêncio você não sabe, você deve continuar, eu não posso continuar, eu continuarei". Veja mais aqui, aqui e aqui.

Imagem do premiado fotógrafo Tan Ngiap Heng

Ouvindo Pictures at an Exhibition, do compositor russo Modest Mussorgsky (1839-1881), in Grand Hall of Moscow Conservatory 1993, Russian State Symphony Orchestra, Director Valeri Polyansky.

O TEATRO E SEU ESPAÇO - O livro O teatro e seu espaço (Vozes, 1970), do diretor de teatro e cinema britânico Peter Brook, trata do tema do teatro sob a perspectiva do morto, do sagrado, do rustico e do imediato. Da obra destaco o seguinte treco: À medida que você lê este livro, ele já está ficando antiquado. É para mim um exercício, agora congelado no papel. Mas, diferente do livro, o teatro tem uma característica especial. É sempre possível recomeçar. Na vida isto é um mito; nunca podemos voltar atrás em nada. Folhas novas nunca retornam, relógios nunca andam para trás, nunca podemos ter uma segunda chance. No teatro é possível passar a borracha e começar de novo o tempo todo. Quando somos persuadidos a acreditar nesta verdade, então teatro e vida são uma só coisa. Este é um objetivo elevado. Evoca um trabalho árduo. Representar exige muito trabalho. Mas quando experimentamos o trabalho como brincadeira, então ele deixa de ser trabalho. A play is play, uma peça é um jogo, representar é uma brincadeira. Veja mais aqui e aqui.

A PRIMEIRA CANÇÃO DE CAIM – O poeta, ensaísta e crítico alagoano Cicero Melo é autor de diversos livros e edita o blog Pequena Reunião Poética. A excelência da sua poesia tem se destacado, fazendo dele um dos nomes mais representativos da poesia contemporânea. Dele destaco o poema A primeira canção de Caim: Vendo em mim mesmo o meu contrário, / Erguer-me as armas como um serafim. / Cansado do combate, agora agrário, / Revestindo de sangue meu jardim, / Só quero o dormir dos condenados, / Em terra escura, junto ao pó do irmão. / Apagados desta terra e vindimados / Por uma mão tirana e sem paixão. / Ainda nem dormira a minha espada / Do sangue dos que ferem minha casa / Quando uma voz descendo de uma escada / De sangue cintilante e voz em brasa / De pombos afogados me recordam / Os ossos dos meus medos. Meu irmão / Com rendeiras do tempo já me bordam / Coleante e sem sombras pelo chão. / Desperto o pesadelo, em nuvem vejo / Leviatã ascendendo desonesto, / E sempre escondido no desejo / Da eterna maré do grande incesto / Entre deuses e homens sob vinho. / E vomita curvas e nos afasta / Em separados orbes e torvelinho / Do tempo que assassina e nos arrasta. / Combato Leviatã no labirinto, / Recantos tortos desta escura guerra. / Até que um sol de fogo, fel e absinto / Com o sangue de Elias queime a Terra. Veja mais aqui e aqui.


MA CHÉRIE – A comédia Ma Chérie (1980) dirigido pela cineasta e escritora francesa Charlotte Dubreuil com roteiro de Édouard Luntz, conta a história da divorciada Joanne que direciona sua vida para a sua filha de quinze anos, Sarah. Essa relação mãe e filha terá uma tensão mais acentuada quando sonham com uma vida independente e nenhuma das duas vai admitir isso. Destaque para a interpretação da atriz francesa Marie-Christine Barrault. Veja mais aqui.



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Uma ou outra coisa que eu sei de mim, Rio Una, Fernando Pessoa, Robert Delaunay & Anikeev Sergey aqui.

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Código de Defesa do Consumidor, Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre, Ensinar aprendendo de Içami Tiba, Papisa Joana & Johanna Wokalek, a música de Oswaldo Montenegro, a pintura de Giovanni Battista Tiepolo & James Gillray aqui.
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É preciso respeitar as diferenças, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, a História do Brasil de Angela de Castro Gomes, o pensamento de Bernard Stiegler,  a cidade de Marshal McLuhan, a música de Jards Macalé, a literatura de Monica Ali, o cinema de Wong Kar-Wai & Maggie Cheung, a arte de Artur Barrio, a fotografia de Luiz Filho & Annie Leibovitz, . A gravura de DiMagalhães, Teatro na Rua, o cartun de Harvey Kurtzman & Canto paródia de mim aqui.
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