quarta-feira, março 25, 2015

BARTÓK, BORNHEIM, LEILA DINIZ, LEAN, BORGLUM, CLOTILDE TAVARES, NILTO MACIEL & PSICOLOGIA INFANTIL.


PSICOLOGIA INFANTIL – Por ter militado há mais de trinta anos na área de música, teatro e literatura infantil, incursionando pela educação infantil, me vi na necessidade de incorporar nesses estudos a psicologia infantil. Nessa área tenho procurado articular os conhecimentos e conteúdos adquiridos anteriormente e das áreas da minha militância, com a condução psicológica adequada para acompanhamento de pais e professores na formação da criança. Resultado disso, tenho realizado pesquisas que redundaram na realização de trabalhos acadêmicos que versam sobre o universo infantil, desde o papel dos pais e dos professores no desenvolvimento infantil, até a contribuição da arte nesse contexto. RECADINHO: Hoje tem reprise do programa Brincarte do Nitolino nos horários das 10hs e, também, às 15hs, no Projeto MCLAM. Confira detalhes aqui.

Imagem: Mulher (modeled bronze group on stone base, 1904) do escultor estadunidense Gutzon Borglum (1867-1941).

Ouvindo The Piano Concertos nº 1 (1926), nº 2 (1031) e nº 3 (1945) do compositor húngaro Béla Bartók (1881-1945), conduzido pelo maestro Pierre Boulez e as Chicago Symphony Orchestra, Berliner Phillarmoniker & London Symphony Orchestra.

TEATRO: A CENA DIVIDIDA – O livro Teatro: a cena dividida (L&PM, 1983), do filósofo, professor e crítico de teatro brasileiro Gerd Bornheim (1929-2002), reúne ensaios sobre o teatro popular, a situação e o impasse, a indiferença de Lukács, a mística das origens, a metamorfose do povo, o folclore, o drama histórico, o repertório clássico, a atualidade do atual, teatro e literatura, os caminhos do teatro contemporâneo, entre outros assuntos. Da obra destaco: [...] Que se fale tanto hoje em massa e em processos de massificação é indicio de que tudo se passa na ambiguidade da própria condição humana, nas suas feições atuais. Os processos emolientes de massificação, que tornam esta palavra sinônimo de apassivação, sem dúvida exibem hoje toda a sua possível agressividade: a ampla gama dos meios de publicidade explora uma ideologia fundamentada no lucro, transformando a mentira em moeda corrente na sociedade. Contudo, mais do que simples apassivação e com um sucesso menor do que possa parecer, o que se verifica é um esforço para tornar as populações passivas: a publicidade seria perfeita se consegue determinar o homem a ponto de destruí-lo completamente de qualquer nuança do espírito crítico. E, sem dúvida, a máquina publicitária tende a funcionar de modo inexorável, a serviço que está de “poderosos grupos de interesses”. É inegável, por isso mesmo, que os autores que se comprazem em destacar os processos de apassivação trabalham, conscientemente ou não, a favor de uma ideologia que não saberia esconder o seu endereço. E no entanto, é no próprio seio dessa apassivação que começam a manifestar-se os indícios de sua superação, já através, por exemplo, do medo que o poder da propaganda desperta. Que se fale, e cada vez mais, sobre os aspectos danosos dos processos de massificação, que se esteja desenvolvendo, até mesmo com certa espontaneidade, a consciência crítica em relação àqueles processos, não é algo que careça totalmente de significação. O mais importante a salientar, porém, é que hoje existe, efetivamente, toda uma história do proletariado, que se insurge por vias que são o exato oposto da passividade. Mas a ambiguidade subsiste [...]. Veja mais aqui e aqui

A MENINA DOS OLHOS – O livro As insolentes patas do cão (Scortecci, 1991), do escritor e advogado cearense Nilto Maciel (1945-2014), reúne contos desse excepcional autor, entre os quais destaco A menina dos olhos: Corríamos pelo campo, não bem com que intenções. Possivelmente desejávamos pegar borboletas ou grilos. Talvez quiséssemos apenas correr. Não consigo lembrar-me dessas migalhas. Já faz muito tempo. Eu devia ser um pedacinho de gente de uns cinco ou seis anos. Havia uma cerca de arame a dividir o terreno em dois mundos opostos: de um lado capim , de outro terra nua. E tratamos de transpô-la. E já então arrastava=nos a determinação de achar não sei o quê. Uns pareciam mais decididos, como se comandassem os demais. Raquel sobretudo, que caminhava à frente e de vez em quando parava, abaixava-se, cutucava o chão. Uns acercavam-se dela, faziam-lhe perguntas, arranjavam gravetos e espetavam a terra. Imitavam-na ou queriam agradá-la. Outros, como eu, permaneciam ao largo, mais curiosos que agitados, à espera de novas invenções de Raquel. Aqui e ali a terra se apresentava fofa, como se a tivessem revolvido profundamente. E eu sentia medo, a imaginar cadáveres enterrados, tesouro encobertos, buracos que fossem dar no país dos anões. Raquel, porém, parecia saber de tudo, conhecer palmo a palmo o terreno e sequer se espantava quando metia o pé num buraco mais fundo. Pouco a pouco, só eu permaneci mais afastado e até voltei à cerca. O ciúme não me deixava ir atrás de Raquel, feito um qualquer. Por que não me havia falado nada? Por que não me dava atenção? Por que preferia a companhia dos outros? Ela falava sem parar e todos a escutavam. Apontava para o chão, como se explicasse coisa muito interessantes, a origem dos buracos, o nome dos mortos, o valor dos tesouros, a vida dos anões. Eu não conseguia ouvir sua voz, e mais me emburrava. Para onde fosse Raquel, iam os outros, como se ela os tivesse atados por cordões. Arrastava-os de lá para cá, de cá para lá. E eu sem saber o que tanto buscavam. A casa do preá, o ovo da galinha, a cova da avozinha? Primeiro Raquel apalpava o chão com um pé, o corpo sustentado no outro, para só então seus súditos criarem coragem de avançar, como se a terra pudesse abrir-se para os engolir. A cada passo de Raquel meu coração dava um pulo e eu fechava os olhos para não vê-la desaparecer. Abria-os, o coração de novo a pular, e já ela aparecia noutro lugar, um passo aqui, pum-pum, um passo acolá, pum-pum. Súbito Raquel afundava e gritava, estarrecida, chorava e agitava as mãos, perdida. E os outros corriam, chocavam-se, tombavam, e eu ainda agarrei-me à cerca, a ferir-me as mãos, paralisado, frio. E muitos anos depois, toda vez que eu via Raquel, eu a imaginava morta, a passar na sua transparência através das paredes, dos objetos, de mim mesmo, e vir alojar-se bem dentro de meus olhos. Veja mais aqui.

CANTO DE AMOR À PRAIA DO MEIO – Na antologia Poesia Viva de Natal (Nordestal, 1999), organizada por Manoel Onofre Junior, reúne diversos poetas potiguares, entre eles, a escritora, atriz, professora e conferencista Clotilde Tavares, da qual destaco o Canto de amor à praia do Meio: Praia do Meio, / nunca me mereceste / mais que um olhar / rápido e enfastiado. / Sempre foste apenas / meio caminho / entre a Praia dos Artistas e a do Forte: / meio caminho, / andado. / Embora, às vezes, / (e sempre de madrugada) / eu te procuraste / em teus bares abertos toda a noite / (Turimar e Cigano), / nunca te amei / e nunca pisei de pé descalço / nas tuas areias, / invadidas aos domingos / pela gente barulhenta / do “Alecrim, Esperança, pela Nove”. / Agora, moro aqui, / e descubro devagar tua poesia, / teu som de coqueiros nas encostas, / e cachorros seresteiros / que ficam acordados comigo / até tarde, muito tarde, / olhando as janelas escuras / dos edifícios de apartamentos, / que pouco a pouco / vão crescendo / e ficando entre os meus olhos e o mar. / Praia do Meio, só agora / (ainda será tempo?) / descubro tua beleza e teus segredos. / Não encontro o mistério da Areia Preta / com seus negros rochedos e ondas brancas / nem o brilho encantado dos Artistas: / lantejoulas de sol nos corpos lindos. / Não vejo a calma e a solidão do Forte / (peixes de ouro em rútilas piscinas) / onde eu sempre nadei nua e sozinha / antes do topless virar moda. / Te vejo, sim! / Com teus edifícios / que brotam dia a dia / em estranha epidemia. / Com teus bares sempre abertos toda a noite, / o Turimar e o Cigano, / onde homens desesperados e insones / procuram o alívio / da última cerveja da noite / ou do caldo à cavalo milagroso. / Com teus mágicos e incríveis sanfoneiros: / Fernando, Expedito, / e o inefável Zé Minhoca / que morreu como viveu: / bebendo e apostando. / Com tuas barraquinhas / (a barraca de Marlene) / onde o peixe frito, a batida, o limão e a siriguela / convivem placidamente com a Murim, / a mais deliciosa das cachaças / (que sei que vou achar / no petisqueiro de São Pedro / quando um dia eu for pro céu). / E te vejo mais ainda / com teu mistério besta / de quem não tem mistério, / de quem se mostra toda, / de quem se dá, / e de quem fica / (entre o Forte e a Praia dos Artistas) / no meio. / Praia, / do Meio. Veja mais aqui.


RYAN´S DAUGHTER – O premiadíssimo drama Ryan´s Daughter (A filha de Ryan, 1970), do cineasta britânico David Lean (1908-1991), com música de Maurice Jarre e roteiro de Robert Bolt, é um filme que se passa durante a I Guerra Mundial, numa aldeia isolada de Killary, na península de Dingle, na Irlanda, contando a história de senhora casada, Rosy, que não consegue desistir de uma avassaladora paixão por um oficial inglês. Destaque para a não menos premiada atriz britânica Sarah Miles. Veja mais aqui.



HOMENAGEM ESPECIAL
LEILA DINIZ

Brigam Espanha e Holanda
Pelos direitos do mar.
O mar é das gaivotas
Que nele sabem voar.
Brigam Espanha e Holanda
Porque não sabem que o mar
É de quem o sabe amar.

Todo dia é dia de Leila Diniz (1945-1972)


Veja mais sobre:
Repente qualquer jeito para ver como é que fica, A vida antes do homem de Margaret Atwood, A servidão humana de Baruch de Espinoza, A tecnologia na arte de Edmond Couchot, a música de Jackson do Pandeiro, a pintura de Victoria Selbach & Leonel Mattos, a fotografia de Antonio Corradini & Nikolai Endegor aqui.

E mais:
O trâmite do visinvisível, a música de Alexander Scriabin & Maria Lettberg, a pintura de Paul-Émile Bécat & Berenice Barreto, Quadrigrafias & a arte de Elaine Pauvolid aqui.
Desabafo do dr. Zé Gulu: a civilização dos equívocos, a literatura de Juan Rulfo, a pintura de Henri Fantin-Latour & Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun, a música de Myriam Taubkin & Poemiudinho aqui.
Nitolino no reino encantado de todas as coisas, Toumal & a mulher de Bushman, De segunda a um ano de John Cage, a literatura de Henry James, a pintura de Leonardo da Vinci, a música de John McLaughlin, O suicídio de Émile Durkheim, o cartoon de Luiz Fernando Veríssimo, o cinema de Mel Smith & Emma Thompson aqui.
O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci, a literatura de Anatole France, A epopéia de Damaianti do Maabárata, o teatro de Tristan Tzara, O grande ditador de Charlie Chaplin, a música de Edson Natale & a pintura de Henri Fantin-Latour aqui.
Ela, a incógnita do prazer & a pintura de Mark Tennant aqui.
A fibra na dieta alimentar aqui.
Literatura de Cordel: Ais coisa que tu me diz de Bob Motta aqui.
Literatura de Cordel: A mulher cariri, cariri mulher, de Salete Maria aqui.
As trelas do Doro: a vingança aqui.
Proezas do Biritoaldo: Quando o bicho leva um puxavanque da vida, para baixo todo santo ajuda numa queda só: tei bei! Era uma vez, hem hem.... aqui.
Sanha, a música, Análise do homem de Erich Fromm, A mulher que escreveu a Bíblia de Moacyr Scliar, Sheherazade de Rimsky-Korsakov, a poesia de Menotti Del Picchia, Os sonhos de Akira Kurosawa & a pintura de Jean-Hippolyte Flandrin aqui.
Só desamparo no descompromisso social, Cidadania de Evelina Dagnino, Quadrinho de História de Gláucia Vieira Machado, a poesia de Micheliny Verunschk, a música de Viviane Hagner, a fotografia de Yi-chun Wu, a escultura de Michael Talbot, o teatro de Buraco D’Oráculo, o cinema de Niki Caro & Keisha Castle-Hughes, a pintura de Oresteia Papachristou & Hajime Sorayama, a arte de Márcio Baraldi, Luciah Lopez & a menina do sorriso ensolarado aqui.
Escapando & vingando sonhos, a literatura de Ricardo Piglia, A memória coletiva de Maurice Halbwachs, A fenomenologia do olhar de Alfredo Bosi, Na caça ao dinheiro de Nilson Araújo de Souza, a entrevista de Leila Miccolis, Cidadania na Escola, a pintura de Pablo Picasso& Roberto Chichorro, a música de Bob Dylan, a fotografia de Roberta Dabdab, a arte de Marcos Carrasquer, a coreografia de Sandro Borelli, o cinema de Álex de La Iglesia & Rosie Perez, a escultura de Johann Heinrich von Dannecker, as gravuras de Eugene Reunier, Lume Teatro & O poeta chora aqui.
Só a poesia torna a vida suportável, O trabalho contemporâneo de Harry Braverman, Mundo dos homens de Sérgio Lessa, O trabalho de Ricardo Antunes, a música de Nadja Salerno-Sonnenberg, a entrevista de Cláudia Telles, a escultura de Eduardo Paolozzi & Kvitka Anatoly, a fotografia de Dane Shitagi, Cinema de Rua, a pintura de Eugene Huc, Escambo de Teatro Livre de Rua, Coletivo Transverso, A arte na rua dos Municípios & Quando Tomé mostrou ao que veio aqui.
Poema em voz alta, A mulher suméria, a literatura de Georges Bataille, a pintura de Paul Cézanne & Olivia de Berardinis, Decameron de Pier Paolo Pasolini, a música de Karina Buhr, o ativismo de Maryam Namazie, a escultura de Leroy Transfield, Nupcias do NUA, a coreografia de Ângelo Madureira & Ana Catarina Vieira, a entrevista de Frederico Barbosa, a arte de Mozart Fernandes, Cidadania & Meio Ambiente aqui.
Minha voz, o poema, a poesia de Lawrence Ferlinghetti, o cinema de Peter Greenaway, o teatro de Dario Fo, a música de Milton Nascimento & Elis Regina, a fotografia de Edward Weston, a arte de Leo Lobos, Portal do Poeta Brasileiro, Programa Tataritaritatá & A coelhinha da páscoa aqui.
História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
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