quarta-feira, fevereiro 25, 2015

RENOIR, DAMÁSIO, HARRISON, CROCE, MURILO MENDES, MATHILDA MAY, BIGAS LUNA & JOYCE CAVALCCANTE!!!!!


O MISTÉRIO DA CONSCIÊNCIA – No livro O mistério da consciência (Companhia das Letras, 2000), do médico neurologista e neurocientista português, António Damásio,aborda acerca da consciência humana, apresentando a sua revolucionária teoria do enigma da consciência, como sendo o maior desafio da filosofia e das ciências da vida ao descrever como a consciência abriu caminho para o surgimento de realizações humanas como a arte, a ciência, a tecnologia, a religião, a organização social, por meio de uma pesquisa sobre o cérebro e da complexidade de todo ser humano, sua adaptação ao ambiente, sua sobrevivência e os conflitos consigo mesmo que se realiza com um sistema complexo que articula imaginação, criatividade e planejamento que fazem surgir a consciência. Nessa obra ele se expressa assim: [...] se a criatividade for dirigida com sucesso, mesmo modestamente, permitiremos à consciência, mais uma vez, cumprir seu papel de regulador homeostático da existência. Conhecer contribuirá para ser. Tenho até alguma esperança de que compreender a biologia da natureza humana contribuirá com seu quinhão nas escolhas a serem feitas. Seja como for, melhorar as condições da existência é precisamente a finalidade da civilização, a principal consequência da consciência; e, por no mínimo 3 mil anos, com recompensas maiores ou menores, melhorar é o que a civilização vem buscando. A boa notícia, portanto, é que já começamos.Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

Imagem: Nu barbotant, do pintor impressionista francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919). Veja mais aqui.

Ouvindo George Harrison Live in Japan (1992), do músico, compositor e ex-integrante dos Beatles, George Harrison (1943-2001)

A ESTÉTICA DA PERSONALIDADE EMPÍRICA E POÉTICA - A concepção estética do filósofo, historiador e escritor italiano Benedetto Croce (1866-1952), parte do exame da obra de arte como sentimento que se reelabora na pureza da forme. Ele se baseia na necessidade de distinguir o que chama de personalidade empírica – biografia, características pessoas do autor -, estabelecendo a diferença entre esta e a personalidade poética. Assim como a primeira se acha unida, integrada no corpo e na natureza, o objeto da crítica literária seria fundamentalmente o de unificar a segunda, já que abriga a poesia e a não-poesia, a intuição lírica e seus acessórios ideológicos, históricos e filosóficos. Por outro lado, de acordo com sua concepção da história, Croce considera a crítica literária como único método capaz de destacar, na obra de arte, a expressão individual colocada acima de seu período histórico e dos movimentos ou influencias de orientação estética e literária em se originou. Outro elemento importante para a crítica de Croce vem a ser sua identificação do espirito com o universo: a obra poética traz em si o universo em totalidade, exprimindo a harmonia de seus contrastes. Veja mais aqui.


PRIMA JULIETA – No livro A idade do serrote (Sabiá, 1968), o poeta e prosador do Surrealismo brasileiro, Murilo Mendes (1901-1975), encontrei o delicioso conto Prima Julieta, no qual ele faz a seguinte narrativa: Prima Julieta, jovem viúva, aparecia de vez em quando na casa de meus pais ou na de minhas tias. O marido, que deixara uma fortuna substancial, pertencia ao ramo rico da família Monteiro de Barros. Nós éramos do ramo pobre. Prima Julieta possuía uma casa no Rio e outra em Juiz de Fora. Morava em companhia de uma filha adotiva. E já fora três vezes à Europa. Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda garoto e já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela uns trinta ou trinta e dois anos de idade. Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz Virgilio de outra mulher. Prima Julieta caminhava em ritmo lento, agitando a cabeça para trás, remando os belos braços brancos. A cabeleira loura incluía reflexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de um verde azulado borboleteavam. A voz rouca e ácida, em dois planos; voz de pessoa da alta sociedade. Uma vez descobri admirado sua nuca, que naquele tempo chamavam de cangote, nome expressivo: pressupõe jugo e domínio. No caso somos nós, homens, a sofrer a canga. Descobri por intuição a beleza do cangote e do pescoço feminino, não querendo com isto dizer que subestimava outras regiões do universo. Veja mais aqui.


O CÃO CHUPANDO MANGA – Por ocasião do lançamento do seu livro O cão chupando manga, a escritora Joyce Cavalccante concedeu uma entrevista exclusiva pro meu Guia de Poesia. Antes, porém, confira um fragmento desse ótimo livro: Ninguém deixa de chegar ao pra onde se está indo. Guardando essa crença no coração Zezito desceu do ônibus para esticar as canelas que, ou curtas ou não, há dezoito anos o levavam aonde cismava de ir O motorista suado trocava um pneu murcho em silêncio e os passageiros esticavam o pescoço pra fora das janelas, tentando ver que arrumação era aquela. O sol já estava indo embora, o que significava que chegariam no escuro e ele ainda teria de arranjar um lugar pra dormir. Dava até vontade de perguntar a alguém, pedir um palpite sobre um canto pra passar a noite, porém não ia fazer aquilo não. Falar, quanto menos melhor. Sorriu. Em boca fechada não entra mosca, era como dizia sempre o Compadre. Ele sim, sabia das coisas. Sorriu outra vez se lembrando do Compadre, e voltou para seu lugar. Esperou pensando, pensando, fazendo seus planos. O motorista entrou e deu a partida enquanto ele continuou matutando, decidindo o que fazer de si naquela sua primeira noite da vida em São Paulo. A medida em que a claridade das luzes ia aumentando, ia aumentando também seu entusiasmo. Curioso, olhava tentando enxergar o que podia. Era muita gente. Era muito frio. Era muito tudo. - Ô cidade pai d'égua - pensou. O colorido do teto de acrílico da estação rodoviária era de fascinar. Se viu quase tonto, achando tudo de uma boniteza só. Se dependesse dele ficaria ali olhando pra cima a noite inteira, ou então, olhando o vai e vem daquele povaréu. A cidade era grande. Todo mundo tinha avisado. Mas não imaginava que fosse tão grande desse jeito. Agarrou sua sacola e foi andando a pé, a procura de um paradeiro. Preferia pernoitar por ali perto mesmo. Entrou em vários hotéis perguntando o preço, mas cada qual que fosse mais caro do que o outro. Povo ladrão, concluiu. Andou, andou, andou e voltou para a rodoviária outra vez. Atraído, decidiu dormir ali mesmo sentado num dos bancos. Mas quando escolheu um banco viu um guarda passando. Amedrontou-se. Os homens da lei não eram seu forte. Não que estivesse devendo alguma coisa, mas é que eles sempre acham um motivo pra fazer um sujeito pobre como ele se entender com a dona Justa. Saiu andando outra vez e descobriu um alojamento esquisito. Era mais um hotel aquilo ali bem ao lado da rodoviária, o qual não tinha notado antes porque nem placa tinha. Indagou o preço e achou satisfatório, pois era bem mais barato do que os outros. Não fez muitas perguntas pagando adiantado, cumprindo uma exigência da casa. Seguiu o moço da portaria. O tal moço, usando uma calça brilhando de sebo e fedendo a suor azedo, acendeu a lanterna que carregava pendurada no pescoço, abriu uma porta larga e fez sinal para que ele não fizesse barulho. Ao olhar para dentro do quarto, Zezito recuou perguntando: - Que marmota é essa? O moço fez um sinal exagerado para que ele ficasse em silêncio e deu de sussurrar em seu ouvido com voz de bem-me-quer: - Aqui é o hotel da corda, nunca ouviu falar? - Inda não - respondeu Zezito, espantado com o que via. - O negócio aqui, meu bem, é sentar, segurar na corda e se entregar. Ao sono, claro - explicou o empregado cheio de requebros. Mesmo estando escuro, Zezito olhou para seu interlocutor com modo atravessado, achando: - Esse daí é baitola. Morto de cansado, entrou e sentou no lugar indicado pelo facho de luz da lanterna. Ficou tentando entender onde estava. Quando se acostumou à escuridão, percebeu que estava num quarto enorme que mais se parecia um galpão. Ao longo das quatro paredes tinha um banco feito como se fosse uma prateleira, onde sentadas, dormiam e roncavam criaturas agarradas a uma corda para manter o equilíbrio. Era o famoso Hotel da Corda, a respeito do qual muita gente nunca ouviu falar [...]. Veja a entrevista aqui e mais aqui e aqui.


A TETA E A LUA – Um dos mais impressionantes filmes que já assisti, La teta e la luna (A teta e a lua, 1994), do cineasta e roteirista espanhol Bigas Luna(1946-2013), com música de Nicola Piovani, roteiro do próprio Bigas e Cuca Canals, sem dúvida é um dos que mais aprecio rever. Principalmente pela inesquecível atuação da atriz francesa Mathilda May em cenas inesquecíveis, meritória de ser homenageada na campanha Todo dia é dia da mulher. Veja mais aqui.



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