segunda-feira, fevereiro 23, 2015

HÄNDEL, PICASSO, JASPERS, WESSELAMNN, FERNANDA SENO, EVA GREEN& SONINHA PORTO.

DIA DA PAZ E DA COMPREENSÃO MUNDIAL

Imagem: Guernica, do pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973)

6 DE AGOSTO DE 1945
Uma semi-canção pros pilotos do Enola Gay, Paul Tibbets e Robert Lewis



- “Meu Deus, o que fizemos?”

Era seis de agosto de mil novecentos e quarenta e cinco.
Nem esperava um ataque cardíaco a vinte de junho de mil novecentos e oitenta e três.

O bolso cheio de dinheiro.
A vida pela tirania.
E cem mil olhares perdidos rastejando sob o sol.

- “Meu Deus, o que fizemos?”, proferistes.
Porém, “teria feito tudo de novo“, como se o seu orgulho norte-americano fosse superior em tudo e resolvesse a crise do mundo, um mundo que é o mesmo em todos os quadrantes.

E era mais cem mil olhares perdidos rastejando sob o sol. O mundo tremia e ainda treme. Tu ainda bates no peito e diz: avante! E este mundo continua ameaçado por uma nova guerra, uma outra catástrofe para que possas ressurgir salvador sob o símbolo da CRUZ DE PRATA e da CRUZ AERONAUTICA DISTINGUIDA para que muitos façam e digam a mesma coisa. E dirão.

E muitos milhões de olhares perdidos rastejam sob o sol. E um novo cogumelo de radioatividade ameaça reluzir para o gozo do teu prazer e de todos fodedores do mundo. E esse cogumelo reluzirá num Japão que não será mais Japão, mas América, a América do fim do mundo. E este confim será a Ilha de Guam onde o céu vai desaparecer com Susan Marcotte, a filhinha querida que nem soube das duzentas mil mortes de ontem e da mortandade futura.

Ela, Susan, vai dizer que é noite e não tem onde dormir no meio da incandescência gloriosa da águia. E ela deitará sua cabeça confusa no teu peito vibrante e verás que ela é uma Hiroshima despetalada carente de ternura e amor. E ela estrebuchará para tua ufanidade. E ela vai tentar fugir, correr, sumir, mas o Enola Gay será o terror cheio de esconjuro e sangue. Ela chamará o tio Tibetts que verá toda agonia, ele sorrindo, sem perceber o fogo destruindo a si e a todos do planeta.

Tibetts sorrirá, não sabe fazer outra coisa a não ser sorrir.

Susan chorará, pois não saberá fazer outra coisa a não ser chorar com os dez minutos que restarão para poder sussurrar: “Meu Deus, o que fizemos?”.

Era seis de agosto de mil novecentos e quarenta e cinco.
Nem se esperava um ataque cardíaco a vinte de junho de oitenta e três.

Tudo cinza, pó, poeira, radioatividade.
Tio Sam sorri. E o mundo padece de fome e miséria.
Tio Sam sorri e não há nada de novo sob o sol. Apenas o fato de que agora estás seis vezes morto, sepultado teu arrependimento, morta a tua glorificação.

©Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992. Veja mais aqui.

QUAL O PAPEL DA FILOSOFIA? – No livro Introdução ao pensamento filosófico (Cultrix, 1965), o filósofo e psiquiatra alemão Karl Theodor Jaspers (1883-1969) trata acerca do papel da filosofia: [...] qual o papel da filosofia? Ensina, pelo menos, a não nos deixarmos iludir. Não permite que se descarte fato algum e nenhuma possibilidade. Ensina a encarar de frente a catástrofe possível. Em meio à serenidade do mundo, ela faz surgir a inquietude. Mas proíbe a atitude tola de considerar inevitável a catástrofe. Com efeito, apesar de tudo, o futuro depende também de nós. Se fosse vigorosa em sua elaboração, convincente por seus argumentos e digna de fé pela integridade de seus expositores, a filosofia poderia tornar-se instrumento de salvação. Só ela tem o poder de alterar nossa forma de pensamento. Mesmo diante do desastre possível e total, a filosofia continuaria a preservar a dignidade do homem em declínio. Numa comunidade de destinos, que se apoie na verdade, o homem encara face a face seja o que for. Não se confunde o declínio com o nada. Em meio ao desastre, a última palavra cabe ao homem, que ama e conserva confiança incompreensível no fundamento das coisas. Para falar sob forma de enigma: a origem de que brotaram o universo, a terra, a vida, o homem e a História encerra possibilidades que nos são inacessíveis. Enfrentando de frente o desastre, asseguramo-nos dessas possibilidades. Fazemos uma tentativa, à qual outras hão de seguir-se, continuadamente. Mas, presentes, por um instante, nessa tentativa, o amor e a verdade atestam tratar-se de mais que uma tentativa. Uma palavra de eternidade foi pronunciada. Nenhum pensamento suscetível de ser concretizado, nenhum conhecimento, nada de fisicamente tangível, nenhum dos enigmas por nós mencionados pode adentrar a eternidade. Mas, para além de todos os enigmas, o pensamento penetra no silencio pleno de insondável razão. Veja mais aqui.

Imagem do escultor e pintor da Pop Art e da Arte Moderna estadunidense Tom Wesselmann (1931-2004)

Ouvindo Complete Cantatas – Clori mia bela Cloria (HWV 92), Sans y penser (Cantate française) HWV 155, Clori vezzosa Clori HWV 95, Pensieri notturni di Filli (Nel dolce dell´oblio) HWV 134, Lungi n´andò Fileno HWV 128, do compositor alemão Georg Friedrich Händel (1685-1759) Soprano Stefanie True & Klaartje van Veldhoven, performed by Contrasto Armonico and directed by Marco Vitale, Gramophone Magazine, May 2012.

PERENIDADE E GRATIDÃO – A escritora e jornalista portuguesa Fernanda Seno Cardeira Alves Valente, ou simplesmente Fernanda Seno (1942-1996) é autora de uma obra pouco conhecida no Brasil, entre elas Obras As Palavras Às Vezes (1984), Trilho de Pó (1991), Cântico Vertical (1992), Na Fronteira da Luz (1997 - póstumo). Entre os seus poemas, o Perenidade é o mais conhecido: Mesmo depois do Tempo / ficaremos no coração aberto dos / que amamos. / E no grande silêncio que restar,/ na ausência dos gestos e do olhar / ainda assim estaremos / e seremos. / Mesmo depois do Tempo / quando formos lembrança evanescente, / seremos outra forma de presença / porque o Amor subsiste / Eternamente.Em outro dos seus poemas, este em agradecimento à homenagem que lhe foi feita, ela se expressou assim: Coroam-nos de rosas e de glórias. / As rosas cedo secam. / E as glórias / são todas transitórias como nós. / Os louros que colhemos pelos caminhos / e essas alegrias que há nos dias, / são por causa da luz misteriosa / que faz vibrar de canto a nossa voz. / As glórias e os louvores não são para nós. / Somos apenas frágeis emissários / da melodia esparsa no universo / que não cabe no mais excelso verso. / Somos só os lugares de acontecer. / De tentar exprimir o Amor total. / Somos sinos. / Reflexos de vitral. / Passam por nós os sons de sinfonias, / cantares de água ou de lumes crepitantes, / centelhas de poentes, / harmonias de ciareiras distantes. / Aves intemporais pelos espaços / bebendo a luz dos astros e a cor / queremos erguer as asas / e é de rastos, que tanta vez compomos o louvor. / É sempre aquém do Sonho a nossa voz. / Tudo o que é Belo, Alto e Transcendente / está para além de nós. / Somos o chão onde se pousam estrelas. / E o brilho não é nosso. O brilho é delas. / Somos o espelho a refletir os céus, / mas por detrás do espelho é que está Deus. / As glórias e os louvores não são para nós, / mas para quem deu acordes de infinito / à nossa breve voz!Veja mais aqui.


VERSO DO AVESSO – Tenho acompanhado desde os anos 1990 a trajetória da poetamiga e ativista cultural Sônia Maria Ferraresi, melhor dizendo Soninha Porto.Ativíssima batalhadora, ela que é formada em Relações Públicas, desenvolve um trabalho superinteressante na rede, com a comunidade Poemas à flor da pele e na promoção de antologias e eventos, tendo alguns de seus poemas musicados por Anand Rao. Entre seus poemas destaco Verso do avesso em que ela se expressa assim: brotam do livro / palavras às avessas / coisas sem nexo / o verso enjaulado / em momentos dispersos / fala e não diz / ou diz e não toca / pura morfologia / plena sintaxe / a rima de praxe / é um saco / pura monotonia / a boca não baba / o poeta não se gaba / a poesia passa ao largo. Veja mais dela aqui.

Imagem: cena de Demi Mooreestrelando no filme Striptease (1996), dirigido, produzido e escrito por Andrew Bergman.

DIA DA SEDUÇÃO–Hoje é comemorado o Dia da Sedução. Por isso, bastaria a foto acima da lindíssima Demi Moore, não estivesse ela tão plastificada nem fosse o filme tão ruim que tornou-se ganhador de diversos prêmios Framboesa de Ouro (1996) como pior filme. Na verdade, o filme só vale pelas cenas da atriz, mais nada. Tentando, pois, salvar o dia, nada melhor que corrigir a cena com a participação da atriz e modelo francesa Eva Greenprotagonizando o filme inglês Craks (Sedução, 2009), da escritora Sheila Kohler, com roteiro de Bem Court, Jordan Scott e Caroline Ip, dirigido por Jordan Scott e com música de Javier Navarrete, em que ela é uma professora de espírito jovem e aventureiro numa austera escola para garotas. O filme é belíssimo e a presença da atriz nas cenas já paga o ingresso. E viva a sedução. Veja mais aqui.

 


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