NOVELAS
DE APRENDIZADO
– Explorando os aspectos psicológicos da vida humana, o escritor, advogado e
jornalista Autran Dourado (1926-2012) traz na apresentação do livro o texto Começo de aprendizado, reunindo as obras
A teia (1947) e Sombra e Exílio (1950), expressando que: “Não sei precisar direito quando foi que primeiro me deu a sapituca de
escrever, que viria a me seguir a vida inteira e espero venha a me abandonar
afinal, para que eu possa me entregar ao puro gozo da leitura, o vicio impune
de que falava Valéry Larbaud se valendo duns versos ingleses. Do que gosto
mesmo é de ler, escrever é mais uma questão de querer. Acrtedito que tenha sido
quando peguei um lápis e um caderino para livremente escrever, sem ordem ou
obrigação, a não ser a minha vontade, um texto qualquer, produto do puro gosto
e da imaginação. O que era, não me lembro; sei que não se tratava de exercício
escolar. [...] Se na frente veio
Herculano me inseminar o germe narrativo, então estarei certo de que escrever é
um ato mimético de preservação e astúcia, de desejo e apropriação. Ou como
queria a minha saudosa amiga e grande escritora Clarice Lispector: A gente
escreve pelo mesmo motivo com que um menino, diante de um objeto de outro, diz “eu
também quero um”. [...] Se algum
apressado psicanalista de galinheiro atribuir a paixão da leitura e o gosto de
escrever à libido, estará cometendo despudorado atrevimento. [...] Às vezes, em dia de pessimismo, acho que
devia ter continuado um aprendiz, matéria que deixo aos meus leitores de
caderno e ao possível leitor novo”. Veja mais aqui.
Imagem: Silence, da artista plástica Irina Vitalievna Karkabi.
Ouvindo: Obertura Festiva (1919), op. 21, do compositor, musicólogo, professor e arquiteto chileno Juan Orrego-Salas, com a Indianapolis Symphony Orchestra, Izler Solomon, conductor.
CULTURA DA DOENÇA: ONDE A SAÚDE? – Em 1900, registra do antropólogo Darcy Ribeiro, no seu livro Aos trancos e barrancos: como o Brasil deu no que deu, que: “É lançado o Biotônico Fontoura, prometendo vigor incomparavel em seus reclamantes. Com ele, cresce a industria farmacêutica nacional, produzindo o Elixir de Inhame, a Saúde da Mulher, o Regulador Gesteira, o Xarope Bromil, que davam fortunas antes da invasão da Emulsão de Scott, do Bristol Pills, da Cafiaspirina. Mais tarde, vieram as multinacionais farmacêuticas que tomaram tudo. Hoje, doentes, doemos em dólares”. Pois é, desde então, essa política da medicalização requer de forma premente uma humanização da medicina no Brasil. Afinal, onde a saúde, hem? Veja mais aqui e aqui.
O FILÓSOFO DESCONHECIDO - O filósofo, advogado, pensador e místico francês Loius Claude de Saint-Martin (1743-1803), publicou diversos livros sob o pseudônimo de Filósofo Desconhecido, influenciado por Martinez de Pasqually e Jacob Boehme, e criou a sociedade iniciática Sociedade dos Filósofos Desconhecidos, trabalhando a sua ideia teosófica do “homem de desejo”, significando esse desejo a miséria e a grandeza humana, um sentimento doloroso daquilo que separa a existência da essência e a necessidade de as unir. O seu livro O Homem de Desejo foi publicado pela primeira vez em 1790, composto por litânias no estilo do salmista, nas quais a alma humana evolui para o seu primeiro estágio, num caminho que o Espírito pode ajudá-la a percorrer, tendo por objeto mostrar que o homem deve confiar na Regeneração, chamando sua atenção para a necessidade de retorno ao Mundo Divino de onde saiu e ao trabalho que deverá realizar para alcançar esse objetivo, isto é, concentrando suas forças pelo desejo ardente de aperfeiçoar-se e tornar-se um homem de vontade forte. O seu livro Ecce Homo, traz a advertência acerca do perigo de buscar a excitação das emoções das experiências mágicas de baixo nível, das premonições, dos diversos fenômenos que não passam de expressões de estado psicofísicos anormais do ser-humano. No livro O Novo Homem, o autor traz o pensamento como um órgão de renascimento que permite penetrar no mais profundo do ser humano e descobrir a verdade eterna de sua natureza: a alma do homem é um pensamento de Deus. No livro Do Espírito das Coisas, ele declara que o homem, criado à semelhança de Deus, pode penetrar no seio do Ser que está oculto por toda a Criação e que, graças a sua clara visão interior, ele é capaz de ver e reconhecer as verdades de Deus depositadas na Natureza. No livro O Ministério do Homem Espírito, ele complementa todas as indicações precedentes, apresentando um objetivo que não é diferente, qual seja, o da ascensão de uma alta montanha: o homem escala impelido por uma necessidade interior e no antegozo da vitória, que traz a liberdade após tribulações e sofrimentos. Outros dos seus livros são a inacabada Dos Números, o poema épico O Crocodilo e importante Nova Revelação. Outras obras póstumas foram publicadas na confirmação de que toda a sua existência foi dedicada à ideia de um grande renascimento da humanidade e ele desencadeou um eco profundo, não somente na França mas também no Oeste e no Leste da Europa. Veja mais aqui.
UMA
FILÓSOFA NO ILUMINISMO - A filósofa inglesa Damaris
Cudworth Masham (1659-1708) defendia a educação das mulheres. Apesar dos problemas com sua visão e falta de acesso a recursos
educacionais mais elevados, ela
publicou duas obras filosóficas,
o Discurso sobre o amor
de Deus (1696) e Pensamentos para uma virtuosa
vida cristã (1705), que foram publicados de forma
anônima para evitar críticas por ser escritos por uma mulher e baseados nos
pensamentos de Locke e enfatizando a importancia da moralidade prática e da educação. Ele teve intensa correspondência com o filósofo
alemão Gottfried Wilhelm Leibniz e, também, com seu futuro mentor, o filósofo
inglês John Locke de quem recebeu rasgados elogios, além de muitos outros
filósofos do Iluminismo. Na sua visão: “o
catolicismo romano, com sua ênfase sobre
os externos da religião é, em
grande parte superstição”, defendendo, como Locke, que uma vida virtuosa é
mais importante do que um cerimonial religioso e
argumentando que a conduta moral é
fundamental para a prática religiosa. Para ela a educação é a chave certa para inculcar a virtude, que é a de ser
aprendido não através de preceito,
mas através do desenvolvimento de uma compreensão racional de princípios morais.
Com relação à educação inferior dada às mulheres, ela argumenta
que deixa-os impróprios para ser capaz
de dar a seus filhos uma educação
adequada, como a maioria das crianças
durante este período de tempo quando são dadas educação infantil por suas mães e porque a educação ainda
é muito reservada
a aqueles nas classes de elite,
defendendo o acesso das mulheres ao
ensino superior, uma vez que lhes teria permitido
para melhor educar seus filhos e filhas,
e em razão do avanço na sociedade. Além disso, as mulheres
devem ter acesso à educação para o
bem-estar espiritual, não apenas
de seus filhos, mas para o seu próprio
bem. Veja mais aqui.
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